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Livro reúne jornais de 1870 até 1930 e chama atenção para arquivo de JF

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O livro foi organizado pelos historiadores Jefferson de Almeida Pinto, Heliane Casarin Henriques e Rogério Rezende Pinto e é um resultado do projeto de extensão entre o Setor de Memória da Biblioteca Municipal Murilo Mendes e o IF Sudeste MG (Foto: Divulgação)
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Passar pelas páginas de jornais de mais de 100 anos atrás pode trazer revelações surpreendentes. Ter acesso a esse acervo permite entender mais sobre o funcionamento de uma cidade, os interesses envolvidos nela e mesmo quais acontecimentos marcaram um período. Mesmo o processo de escrita dessas páginas já pode levar a várias reflexões, pois traz em si as marcas do tempo e revela mudanças significativas para o presente. Pensando nisso, o livro “Juiz de Fora: da bruxa Silvina e do voo de Darioli – notícias da cidade nas páginas da imprensa”, foi organizado pelos historiadores Jefferson de Almeida Pinto, Heliane Casarin Henriques e Rogério Rezende Pinto. A obra é um resultado do projeto de extensão (PIAEX) entre o Setor de Memória da Biblioteca Municipal Murilo Mendes e o IF Sudeste MG (Campus Juiz de Fora), onde os professores trabalham, e busca chamar a atenção para o patrimônio arquivista da cidade.

A ideia de fazer um livro a partir dessa pesquisa veio do projeto de extensão, e buscou justamente comemorar essa articulação. Ao longo de seu trabalho como documentarista, Heliane Casarin, que trabalhou no setor por mais de 30 anos, foi reunindo artigos publicados pela imprensa para facilitar o acesso de pesquisadores, quando buscassem informações ou temas específicos. Sendo assim, foram selecionados 56 textos publicados entre 1870 e 1930 em jornais como O Pharol, Jornal do Comércio e O Dia. A tiragem do livro foi de 500 exemplares, e foi publicada a partir da captação de recursos por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com apoio da Empresa Unida.

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Para além do acesso a esses textos em específico, o professor Jefferson explica que a organização dos textos busca valorizar a instituição cultural mais antiga da região, a Biblioteca Municipal Murilo Mendes. “Queríamos chamar a atenção para ela e para o setor de memória que existe nessa biblioteca e que tem mais de 60 títulos de periódicos que foram editados na cidade desde o século XIX”, explica. Apesar da obra conter temáticas diferentes que estavam sendo abordadas na época, ele percebe que alguns temas mantêm grande interesse e validade, como as ideias para o futuro, naquele momento de virada do século, e também a forma que a escravidão era abordada nas páginas.

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Organização do livro

A organização do livro levou em conta essas anotações e o trabalho realizado ao lado dos alunos. Para a compreensão dos leitores, a obra foi dividida em alguns setores, como indústria, trabalho, escravidão, perspectivas para o futuro e artes. Além disso, também traz uma diversidade de jornais. “O primeiro jornal que temos arquivado na cidade, que está na biblioteca, é O Pharol do ano de 1876. Antes de 1876, por volta de 1871, já existem registros desse jornal circulando na cidade. E ele vai ficar circulando até o ano de 1939, quando vai fechar. Fora ele, temos outros jornais com temporalidades longas e outros esporádicos. Os jornais vão trazer uma grande diversidade de informações e embates políticos”, explica.

Além disso, ele entende que a maneira que o livro foi organizado ajuda a fazer um paralelo entre o que seria a imprensa atualmente e o que era no século XIX.  “A própria forma de escrever que o jornalismo tem hoje é bem diferente, a própria técnica de coleta e de checagem vai ser diferente do que temos naquela época”, explica. Para o professor, no entanto, há procedimentos parecidos. “Hoje, temos as redes sociais, quando você vai no twitter, faz um post e a pessoa replica aquele post, comentando ou fazendo uma crítica. Nos jornais, isso acontecia também. A pessoa escrevia um artigo e, no dia seguinte, uma pessoa que havia lido fazia um comentário sobre o que tinha sido escrito antes, criticando e até criando um ambiente de tensão que podia durar semanas”, explica.

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Material de reflexão

O livro foi enviado para todas as escolas públicas municipais e estaduais da cidade, e tem distribuição gratuita. Por isso, como destaca o organizador, pode servir como ferramenta de ensino: “Os professores têm um conjunto de documentos que lhes permitirão ensinar história por meio desse material. Quando você pega uma fonte assim, dá pra ver que reproduz um determinado momento histórico e está sendo produzida sob uma relação de forças”, explica. 

Em sua visão, é possível ver isso através de diferentes fatores, desde os textos em si até o que era anunciado nas páginas.  “Temos também uma gama de anunciantes que nos permitem verificar, por exemplo, a dimensão do comércio e do setor produtivo da cidade. E até a questão da escravidão: tinha anúncios de compra e venda de escravos, de aluguel de escravos”, conta. Além disso, também enxerga que a mudança na escrita pode gerar interesse. Por outro lado, como afirma, a obra “chama a atenção das pessoas para um acervo de periódicos que precisa ser estudado e tratado com cuidado. E que, principalmente, precisa ser conhecido”.

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