O Monobloco não vai para a rua neste carnaval, mas nem por isso vai deixar a folia passar em branco. O tradicional grupo/bloco carioca estreou na última terça-feira (9), em seu canal no YouTube, o Carnaval Virtual de 2021. São dez vídeos inéditos e gravados de forma remota pela equipe do grupo com diretores e integrantes das baterias do Monobloco, mais convidados que participaram do Japão e de Portugal, a partir de temas que foram ensaiados nas oficinas virtuais de percussão do grupo, que aconteceram após a chegada da pandemia.
Entre as músicas gravadas estão “Não deixe o samba morrer”, “Pescador de ilusões” e “Toda forma de amor”, interpretadas por Pedro Luis, Renato Biguli, Pedro Quental, João Biano, Mariá Pinkusfeld, Igor, Thais Macedo e Gui Valença, além de Cachaça na guitarra, Carlos Chaves nos cavacos e os batuqueiros de ouro do Monobloco.
Além dos vídeos, o Monobloco realiza neste sábado (13), às 20h30, na plataforma Cidade Alta RP (um dos servidores brasileiros de “GTA”), o que é considerado – pelo grupo – o primeiro carnaval gamer brasileiro. O evento terá trio elétrico, abadás, festa de abertura e encerramento, entre outros, além da participação de cem influenciadores que farão live streamings nas principais plataformas.
Duas horas de música
Um dos fundadores e diretor de bateria do Monobloco, Celso Alvim conta que o grupo foi convidado para fazer a curadoria do desfile virtual, e para a missão foram preparadas duas horas seguidas de música, com vários sucessos dos desfiles do bloco. “É uma experiência nova para nós, e quem curte o Monobloco vai poder interagir em diferentes ambientes virtuais. É legal porque a transmissão do desfile também vai acontecer nas nossas mídias sociais”, antecipa.
Já o projeto dos vídeos foi uma iniciativa da própria equipe, quando ficou claro que não haveria condição de realizar o carnaval de rua em 2021. “Tudo foi feito de forma remota, cada um na sua casa: alunos das nossas oficinas de percussão, batuqueiros das nossas três baterias, canários (os cantores) e a diretoria do Monobloco”, conta. “A gente quis escolher músicas que representassem a variedade de ritmos que a gente desenvolve com os nossos alunos, nas oficinas, e que fossem pra cima, pra levar alegria às pessoas.”
A falta de calor humano, aquele olho no olho, já dura quase um ano, e Celso Alvim lembra que o Monobloco já havia enfrentado o desafio de adaptar para um formato remoto as oficinas de percussão, uma das marcas do Monobloco. “Não foi nada fácil, alguns alunos não se adaptaram à tecnologia, mas teve também a contrapartida da gente conseguir se conectar com pessoas de longe, que nunca tinham tido a oportunidade de fazer a oficina do Monobloco. Agora, recentemente, começamos a fazer uma oficina com alunos do Japão!”, comemora, acrescentando que a estruturação on-line abriu outras portas. “Fizemos algumas lives, criamos oportunidades bacanas. Agora, com esse carnaval virtual, vai ser a mesma coisa; a trilha sonora do Monobloco vai chegar ainda mais longe!”
Responsabilidade
Celso comentou o fato de ter que encarar um carnaval sem os blocos nas ruas, situação que há décadas não acontecia – provavelmente, será difícil encontrar alguém que viveu tal situação no Rio de Janeiro. Ele destacou a responsabilidade que os grandes blocos têm com a segurança dos seus desfiles, batuqueiros e foliões. “Nenhum deles fará carnaval de rua este ano. Então, o que realmente ficou possível foi o carnaval virtual. Eu acredito que todo mundo vai marcar presença nas redes, saborear a programação do Monobloco, porque a gente sabe que o carnaval está muito presente na cultura e no coração dos brasileiros. A gente espera que essa alegria aqueça um pouco os corações dos fãs do Monobloco até que todos estejam imunizados, que a vacina chegue para todos, e a gente possa voltar ao nosso carnaval de rua”, encerra.