Honrando a tradição do pré-carnaval movimentado na cidade, a quarta e a quinta-feira serão um oásis para as foliãs e foliões de Juiz de Fora. Na quarta, o primeiro bloco feminista da cidade, o Filhas da Luta, organizado pelo coletivo 8M, sai pelo segundo ano, mesclando festa e militância na Praça da Estação. “A gente considera que o carnaval é uma festa do povo, e a rua é o espaço onde o povo está. Dar visibilidade às questões feministas também no carnaval fortalece o que fazemos o ano todo, como a campanha contra o assédio ‘não é não’, por exemplo. Só que fazemos por outra vertente, entrando na festa, politizando não só por palavras de ordem, mas entrando na cultura do povo brasileiro”, diz Cristina Castro, do 8M. Neste ano, o bloco será animado por várias atrações, como Samba de Colher, Alessandra Crispim, Maracatu Estrela da Mata, Charmosas no Tamborim e a bateria Filhas da Luta. “Montamos uma bateria, fizemos alguns ensaios e vamos cantar o samba, que é do bloco carioca Comuna que Pariu. Elas autorizaram, e ele se chama ‘Lugar de mulher é onde ela quiser'”, conta Cristina.
Também na quarta, o bloco Irmãos Metralha estreia no pré-carnaval da cidade. O samba-enredo narra a história da própria agremiação, contando como o nome foi inspirado nas histórias em quadrinhos com os personagens homônimos. A concentração será no Parque Halfeld, e a bateria leva a festa pelo Calçadão abaixo. Na quinta, outro bloco estreante faz seu aquecimento, com a Frente de Blocos JF promovendo o esquenta do Bloco do Bartô (que sai no sábado, no Parque Halfeld) no Muzik. Na Praça Antônio Carlos, a festa fica por conta do Muvuka, grupo formado em meados de 2019, que trabalha com ritmos afrobaianos em suas apresentações e oficinas de percussão. A principal influência e apoio são os blocos soteropolitanos Olodum e Ilê Aiyê, sobretudo pelo intercâmbio cultural realizado pelo músico e pesquisador Rick Guilhem, que deu uma série de palestras sobre a cultura afro-mineira a convite da Escola Olodum durante o mês da Consciência Negra em 2018. “Muvuka é um nome em swahili, um trono linguístico africano que quer dizer ‘nascimento’. A ideia foi fazer analogia com a expressão muvuca, pela mistura de ritmos e também se referir ao bloco que estava nascendo. A Muvuka é uma banda que surgiu do Grupo de Estudos de Música Brasileira (Gemab) da UFJF, e vamos desenvolvendo um trabalho em cima da música afro”, explica Rick.
O tema do desfile deste ano é o samba afro, refletido no repertório e na estética do bloco. “Entendemos que os blocos de carnaval afro de Salvador surgem com o Ilê Aiyê, num momento em que os negros começam a se afirmar, e isso foi muito importante para o surgimento de outros blocos. Nosso repertório tem muito Ilê, de alguns mestres desde os anos 1970 até hoje, passamos por ritmos como o suingue, a suingueira e fazemos nossos arranjos para músicas populares nesta temática afrobaiana, então tem Ivete Sangalo, Araketu, Banda Mel e hits das décadas de 1980 e 1990 e releituras contemporâneas como a de ‘Pesadão”, da Iza, que também tem essa pegada de afirmação e resistência”, pontua.
PROGRAMAÇÃO
Quarta-feira
16h | Filhas da Luta
Praça da Estação – Centro
18h30 | Irmãos Metralha
Parque Halfeld – Centro
Quinta-feira
17h -Muvuka
Praça Antônio Carlos
21h- Bloco do Bartô
Muzik ( Rua Espírito Santo 1081)