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Cine-Theatro recebe espetáculo em homenagem à Elis Regina

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Quando Isabela Morais nasceu, Elis Regina já tinha morrido. Seu contato com uma das maiores cantoras brasileiras foi, primeiro, ouvindo seus discos. O impacto da primeira vez ouvindo aquela voz potente e doce ao mesmo tempo foi grande. Mas foi assistindo à performance de Elis pelos registros de shows que permaneceram que Isabela foi mais impactada ainda. Ela é mesmo um estrondo, e sua presença de palco, seus trejeitos e intimidade com a música são de hipnotizar qualquer um.

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Anos mais tarde, Isabela se descobriu cantora, compositora e instrumentista. E, claro, Elis se tornou sua maior referência. Natural de Três Pontas, a cidade-casa de Milton Nascimento e da família Tiso, Isabela teve a oportunidade de desde cedo se dedicar à música nesse ambiente propício, o que já perdura há mais de 20 anos. Ela começou transitando entre a MPB, a bossa-nova e o rock, fazendo parte, inclusive, da banda Ummagumma – The Brazilian Pink Floyd, que faz tributo à banda inglesa, além de outros grupos.

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Depois de passar uma temporada em São Paulo, já madura na área, ela voltou a Três Pontas. Lá, teve vontade de montar uma banda com parceiros conterrâneos, quando surgiu a ideia de prestarem um tributo a Elis. “Ela tem um repertório muito rico. São músicas que os instrumentistas também curtem muito tocar. É um som que todo mundo gosta”, explica a cantora. Desde 2018, eles rodam apresentando o espetáculo “De coisas que aprendi com Elis”. Além dela, fazem parte da banda Clayton Prósperi (piano e voz), Ismael Tiso (guitarra), Dedê Bonitto (baixo) e Leandro Oliveira (bateria), com participação especial de João Marcos Veiga (acordeon). Eles chegam a Juiz de Fora com a apresentação neste sábado (14), a partir das 20h, no Cine-Theatro Central.

Cantar o Brasil

“Elis só compôs uma música pelo que se sabe. Ela era, sobretudo, intérprete. Mas eu vejo que escolher o que cantar é também uma forma de compor. E ela escolheu muito bem o que queria dizer e essas canções marcam também o que a gente é. Elis cantou o Brasil através da música, ela trouxe as reflexões sobre o país e suas contradições. Isso explica o nome que a gente escolheu para o espetáculo: ‘De coisas que aprendi com Elis’ (também uma referência à música ‘Como nossos pais’)”, diz Isabela. É por isso que é uma tarefa difícil pensar no repertório. Aquele núcleo fundamental, das músicas imortalizadas pela pimentinha, não podem faltar, como a própria “Como nosso pais” e “O bêbado e o equilibrista”.

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Eles decidiram, também além da brasilidade já expostas nas músicas cantadas por Elis, falar sobre a mineiridade, e fizeram um bloco com canções de mineiros, passando por Ary Barroso e João Bosco, além do Clube da Esquina: todos que passaram pelo repertório da homenageada. Ganham versões as músicas “Caxangá”, “Vento de maio” e “O medo de amar”, dentre outros.

Desafio e novas descobertas

Subir aos palcos fazendo um show dedicado à Elis é, para Isabela, uma responsabilidade. “É um público que vai com muita abertura, mas desconfiando também, porque é sobre a Elis, uma das maiores cantoras do mundo”, confessa. Para além da voz, tem a presença de palco da Elis. “Eu não fico presa. Não imito, porque se não perco ela e me perco. Eu trago minha paixão através da paixão dela.” Nesse trabalho, Isabela consegue, ainda, ir descobrindo cada vez mais sua cantora-referência, principalmente como mulher, cantora, compositora e instrumentista. “Eu consumo muito a Elis. E aprendo muito com ela. Aprendo a ser exigente e estar sempre presente, do lado da banda. Aprendo o que é o Brasil, porque sou socióloga formada, mas minha formação começou escutando Elis. Aprendo, também, a ter coragem de falar. A gente assiste às entrevistas dela hoje e vê como tudo o que ela fala ainda é muito atual, a lucidez dela, a coragem de falar.”

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“De coisas que aprendi com Elis” tem patrocínio da Cemig, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, o que torna os ingressos acessíveis. Eles podem ser adquiridos ou na portaria do Cine-Theatro Central ou no site. Como contrapartida, Isabela vai oferecer ainda, na cidade, uma aula de música gratuita a pessoas interessadas no tema, principalmente estudantes. A data, no entanto, ainda não foi definida.

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