A história da música popular brasileira reunida em uma noite, neste sábado (12), a partir das 21h, no Trade Hotel: MPB4 e Kleiton e Kledir, juntos. A parceria do quarteto vocal MPB4 e da dupla Kleiton e Kledir é antiga. Remonta a década de 1970. MPB4 já se destacava no cenário musical brasileiro com os arranjos de músicas que, principalmente, falavam sobre o Brasil encoberto pela ditadura militar. Em 1979, no disco “Bom tempos, hein?!”, eles gravaram uma música da dupla, quando eles ainda faziam parte do grupo Almôndegas, responsável pelo surgindo de uma música que foi denominada nova, no Rio Grande do Sul. Já no ano seguinte, o quarteto queria apostar em músicas que não tivessem a política tão marcada nas letras, em um momento de abertura política, lançando “Vira virou”, nome da canção escrita por Kleiton e Kledir.
Naquele momento, começou a história oficial desse, então, sexteto. “Convidamos os guris para abrirem nosso show e seguimos em turnê com eles. Eles cantavam um pequeno bloco sozinhos e faziam mais algumas músicas conosco. Foi um grande sucesso. Kleiton & Kledir também tem um trabalho vocal muito bacana e musicalmente se encaixou muito bem conosco.”, rememora os integrantes do MPB4. Já para a dupla, tem, ainda, um sentimento a mais: “Nesse espetáculo, que durou quase 2 anos circulando o país, nós fomos juntos como convidados especiais e isso gerou uma amizade que dura mais de 40 anos. Os anos 1980, quando a dupla ficou conhecida em todo país, foi maravilhoso para nós dois e somos eternamente gratos ao MPB4 que sempre nos receberam de braços abertos e foram fundamentais para sedimentar inicialmente um público para a dupla”, afirma Kleiton.
A partir disso, os encontros se tornaram cada vez mais normais. “Houve também uma aproximação do Kledir com o Miltinho, como compositores. E o mesmo aconteceu entre eu e o Magro, que infelizmente não está mais entre nós. Eu também tive a honra de escrever um arranjo de vozes para eles, já que isso é o que mais gosto em música, harmonia de vozes e eles sempre foram ícones do assunto. Foi um privilégio convivermos com esses caras que eram e são nossos ídolos”, declara Kleiton.
A construção de um show
Em partes, essa parceria ficou adormecida durante um tempo. “Apesar de termos depois disso (da turnê em conjunto, nos anos 1980) feito participações em shows e discos um do outro, ficamos nos devendo um show juntos”, diz os integrantes do MPB4. Foi, então, que na pandemia a vontade do reencontro reapareceu. O MPB4 gravou a canção “Paz e amor”, escrita por Kleiton e Kledir. “Começamos a amadurecer a ideia do show.” Kleiton segue: “Foi então que Kledir e Miltinho organizaram esse nosso reencontro, comemorando nossos 40 anos de carreira e 50 anos deles”. Ao mesmo tempo que são 40 anos de Kleiton e Kledir são, também, 40 anos de amizade. “Somando as carreiras são 90 anos de cultura brasileira”, enfatiza Kleiton.
Com tanta história e tanta música, talvez o mais difícil seja escolher o que, afinal, entra no repertório. Aliás, como fala Kleiton, foi fácil e difícil, ao mesmo tempo: “Fácil porque juntando as duas carreiras há muitos sucessos e a gente conseguiu, com o voto de todos, reunir um excelente repertório para esse espetáculo. Kledir e Miltinho foram responsáveis por organizar o roteiro e tivemos bastante trabalho nos ensaios, pois a ideia era criar um novo show e não apenas juntar um nosso com um deles”. O começo disso foi simples: uma playlist colaborativa, em que cada um adicionava o que queria que tivesse no show. “O que não impede que aconteça eventuais mudanças”, reforça o MPB4.
O resultado disso é um show que recupera a história dos seis juntos e, claro, da música brasileira. “Neste show, ficamos todos quase o show inteiro juntos, com todos cantando canções de todos”, explica MPB4. “É uma grande festa vocal este show. É um prazer e alegria imensos. É uma viagem entre amigos. Somos seis cantores e seis pessoas da equipe entre técnicos e produtores. O clima é o melhor possível e a vontade é não parar com este show.” Vontade essa compartilhada pela dupla: “Poder estar com eles, mais uma vez, voltar a curtir aqueles arranjos maravilhosos que só eles sabem cantar, e viajar por todo país com um show irretocável, é um grande privilégio”.
Kleiton ainda comenta que, assim como o quarteto fez com a dupla, eles querem seguir esse costume – o que foi sugerido por Aquiles e todos concordaram. Em cada show, eles chamam um artista para abrir o espetáculo. Em Juiz de Fora, eles convidaram Alice Santiago, integrante da banda Tata Chama & as Inflamáveis.
MPB4 já fez diversos shows em Juiz de Fora, tanto só eles, quanto com Toquinho e Ivan Lins e, o último, com o também conjunto vocal feminino Quarteto em Cy. A maioria das apresentações foi no Cine-Theatro Central. É a primeira vez deles no Trade e a primeira vez na cidade com Kleiton e Kledir. “Temos a certeza de que vai ser um show inesquecível.” “Afinal, esses “guris” que sobem ao palco juntos, depois de tanto tempo, tem uma longa estrada e muitas histórias pitorescas para contar”, finaliza Kleiton.