Vanderlei Tomaz, autor da lei Murilo Mendes, lançou o livro “Tudo era visto e nada se fez”. Buscando conscientizar sobre a temática do meio ambiente, a obra é voltada para o público infanto-juvenil. O livro já está à venda nas livrarias da cidade por R$ 40 e será distribuído em bibliotecas públicas e escolares nos próximos dias.
Conhecido não apenas por suas obras literárias, Vanderlei tem, também, grande contribuição na cultura local. Eleito vereador em 1993, ele apresentou, em seu primeiro mandato, a Lei Murilo Mendes, que foi aprovada dois anos depois e considerada a primeira lei de incentivo cultural a ser criada no interior do Brasil.
Antes de sua atuação política, Vanderlei já havia publicado três livros de poesia. Sua primeira obra, “Lira suburbana”, teve um toque especial na contracapa. “Na época eu fui ousado, consegui o endereço de Carlos Drummond de Andrade e mandei para ele meus poemas, antes da publicação. Para minha surpresa, ele mandou uma carta para mim que guardo hoje com muito carinho. Publiquei, então, na contracapa do livro, um trecho da cartinha”, relembra.
“Em seus poemas me pareceu haver aquela alguma coisa que distingue os criadores através da palavra. Você tem dezoito anos e já faz coisas bastante boas. Meu desejo é que prossiga e se realize plenamente.” (Carlos Drummond de Andrade, em carta ao autor)
Durante sua trajetória, o escritor trabalhou como metalúrgico, foi professor de História, foi assessor e coordenador de projetos da prefeitura e coordenou a Biblioteca Municipal Murilo Mendes. Além disso, é, também, historiador. Regularmente ele publica suas pesquisas sobre a história local em sites, revistas e em suas redes sociais, buscando preservar a memória de Juiz de Fora.
Influências literárias
Para Vanderlei, suas influências literárias são bem visíveis. “Quanto à poesia, não tenha dúvida, sofro muita influência do Carlos Drummond de Andrade. Afinal, ele é o grande poeta do país.
Quanto à literatura infanto-juvenil, por outro lado, o historiador se deixa influenciar por dois escritores, Marcelo Manhães e Elias França. O primeiro tem uma literatura voltada para questões do meio ambiente, tema abordado por Vanderlei em seu novo livro “Tudo era visto e nada se fez”.
Conscientização e meio ambiente
A obra, ilustrada pelo artista plástico Lúcio Rodrigues, surgiu da preocupação do autor sobre o meio ambiente. “Desde que eu me entendo por gente eu reciclo o lixo da casa. Eu sou um plantador de árvores”. Nesse contexto, Vanderlei abordou, em seu livro, a importância da proteção das redes de drenagem. “É uma atenção que tenho em relação a manter as redes de captação pluvial da cidade desobstruída”, completa.
Tudo era visto e nada se fez
Na história, uma boca de lobo nova é inaugurada, e a rua é asfaltada. Com uma chuva, um galho caiu e foi levado, junto com outros lixos, para o bueiro. À medida que todos os resíduos eram carregados, gerou-se um acúmulo na boca de lobo. “A cada página eu termino o texto falando ‘aquilo foi visto e nada se fez’. Eu vou mostrando o desenrolar do crescimento do lixo no bueiro e sempre enfatizando ‘aquilo foi visto e nada se fez’”.
O volume de lixo acumulado foi tão grande que já não dava passagem para água. A água alcançou o meio-fio, alcançou a soleira da porta, entrou dentro da casa, cobriu metade do carro e causou uma tragédia em todas as casas da região. No final, a frase “tudo foi visto antes e agora novamente se via e nada mais podia ser feito”.
“Num tempo em que o homem desafia os espaços urbanos, acarretando toda sorte de desequilíbrio, desejo que este livrinho inspire uma nova forma de relação das pessoas com a cidade, suas ruas, seus rios e córregos, suas redes subterrâneas de drenagem. Uma relação que implique o compromisso com a preservação e os cuidados necessários para o bom funcionamento do sistema de captação das águas pluviais. Pretendendo transmitir uma mensagem educativa, desejei fazê-la chegar às crianças e jovens; também entendendo que sua lição tão bem se aplica a todos os adultos. E que leve a despertar um olhar responsável sobre o consumo em geral e como descartar os inevitáveis rejeitos. Ainda há esperança”, expressa Vanderlei Tomaz na apresentação de sua obra.
Projetos futuros
Já trabalhando em novos projetos, o escritor afirma que “Tudo era visto e nada se fez” foi o primeiro livro de sua incursão na literatura infanto-juvenil e que pretende desenvolver outros mais à frente.
A fim de contar a história de Juiz de Fora de uma forma diferente, Vanderlei já está finalizando uma outra obra literária que traz a história do Bairro Benfica para as crianças. “Estou escrevendo a história de Benfica, que é um bairro antigo da cidade, com mais de 150 anos. Eu quero contar para as escolas públicas e particulares da nossa região, um pouco dessa história, em uma linguagem de fácil compreensão pelas crianças.
Seus projetos futuros continuam com o propósito de lançar mais um livro de poesia e, também, a biografia de seus pais, que já está em desenvolvimento. “Meus pais eram pessoas muito simples, com as quais eu conversava muito e anotava suas lembranças. Eu transformei isso em uma publicação que eu espero lançar logo”, finaliza.