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Cabo Frio, fora do verão, se mostra ainda mais turística

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Um respiro. Fora do verão, parece que a distância entre Juiz de Fora e Cabo Frio fica menor. Estradas mais vazias. Trânsito, dentro da cidade, só de nativos: é a ordem da vida de quem mora na maior cidade da Região dos Lagos. Daqueles que vivem ali e usam da cidade como forma de sobrevivência. E é só assim, nessa época, que se percebe de verdade os rostos dos cabo-frienses: daqueles que fazem as férias e os turismos acontecerem. O nome de quem pega a rede toda madrugada para pescar os peixes e abastecer a dispensa de quem mora, mas também de quem cozinha, todos os dias, nos restaurantes presentes em cada rua e alimenta quem passeia e quem mora. Dá para conhecer melhor a vida de quem dirige os barcos que levam a uma série de praias escondidas – e até mais bonitas que a tão tradicional Praia do Forte. A história dos guias que conhecem cada canto como a palma das mãos. E, claro, dá para se aventurar com calma na Cabo Frio que um dia já foi chamada Gecay pelos índios que ali moravam e entender de onde veio esse nome, que é um tempero de sal grosso e pimenta, e o motivo de ele ser o primeiro. A cidade guarda um tanto de coisa que, nesta temporada, não à toa chama de melhor temporada, faz um convite ao deslumbre. Convite esse reforçado pelo Cabo Frio Convention & Visitors Bureau, que possibilitou o passeio e, durante o ano, realiza uma série de atividades que mostram as vocações da cidade, para além das praias, como o Festival Sabores, que logo chega. 

A começar pela Passagem. É principalmente ali que dá para perceber o que ficou do processo de ocupação da cidade, que remonta há mais de 400 anos. Cabo Frio é considerada a sétima cidade mais antiga do Brasil – e há, ainda, estudos que apontam que, na verdade, ela pode ser a quinta. Várias casas dessa época ainda são preservadas. E, mais recentemente, percebeu que aquele lugar poderia atrair ainda mais turistas, mesclando história e gastronomia. Uma série de restaurantes, além de hotéis, foram surgindo, mantendo sempre as características das casas históricas. O canal, cheio de barcos, proporciona vista típica para outras ilhas que rondam o lugar. De dia ou de noite, seja com lua ou com o sol apontando, o movimento dos barcos persiste, enquanto, no passeio, o olhar de deslumbre para a rotina.

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E é dali que saem as embarcações rumo a um tanto de lugar paradisíaco. Em um táxi marítimo, em menos de cinco minutos, chega-se à Ilha do Japonês. Em tempos de lua cheia, caminha-se pelas areias brancas, com um mar calmo e claro, rodeado por mais montanhas. Atravessando em maré baixa, mais possibilidades. Um dos caminhos é a trilha da Ponta do Chapéu. Uma trilha moderada, em mata majoritariamente fechada pelo Morro do Chapéu. Com subidas generosas, um pouco mais difíceis depois de temporada de chuva, também remonta à história da cidade. Bem no meio do caminho, antes da Ponta do Chapéu, a Caverna dos Escravos: uma gruta erma, sem saída pelo outro lado. Rafael Marendino, cabo-friense de mil atividades, uma delas, guia, conta que ali pode ter sido usado tanto para os portugueses guardarem suas armas, no processo de colonização, quanto para indígenas se esconderem com seus filhos, nesse período, e, depois, para os escravos, na mesma missão. 

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Ao subir ainda mais, um encantamento: as árvores começaram a ficar menores, os cactos aparecem e, como uma miragem, o mar por inteiro. Da Ponta do Chapéu, dá para ver um tanto de praias da cidade, inclusive das cidades ao redor, as embarcações passando, as ilhas cheias de nomes que se referem ao seu desenho – essa do chapéu, por exemplo. E é por isso que todo o trajeto vale a pena: o que tira o fôlego é a vista. É de suma importância estar com um guia no percurso. Por exemplo: do mesmo caminho, uma outra trilha leva à Praia Fofa, mas Rafael não indicou o caminho porque poderia ser perigoso. Ele indicou, então, a Praia Brava. É preciso descer todo o trecho e entrar em uma outra trilha, bem menor. Muito utilizada pelos surfistas, as ondas do mar moldam as pedras que ficam ali. Desce-se por elas, que deixam o lugar reservado. A vista é quase a mesma da ponta do chapéu, mas o banho de mar deixa mais agradável o passeio de volta. Dali, um outro farol que também conta histórias. No percurso, a dúvida: como é que se descobre isso tudo? 

Praia Brava (Foto: Cecília Itaborahy)

Do outro lado

Um outro caminho, agora: Praia do Peró. Ela é mesmo já muito conhecida. Mas talvez o morro que divide ela da Praia da Conchas, não. Uma outra trilha no Morro do Vigia faz ver uma outra Cabo Frio, também do alto. É uma trilha moderada, por causa de suas subidas e descidas, cheia de paradas, que é difícil até escolher para onde olhar, de tantos convites de foco no mar. Em 1h30 de caminhada, também com um guia, é possível ver as praias da cidade, mais outras ilhas, algumas piscinas naturais nem sempre aptas para o banho, por causa dos lodos, o trabalho contínuo dos pescadores que descansam seus barcos embaixo, no Pesqueirinho. Depois dali, uma gruta molda a praia através da fenda, com vista para a Praia do Peró, nessa época, mais tranquila. Essa praia, inclusive, tem bandeira azul, que é um certificado internacional de qualidade ambiental. Em maré baixa, caminha-se até a Praia das Conchas, com mar também calmo e transparente. 

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Praia do Peró (Foto: Cecília Itaborahy)

Esporte na areia

Mas, do outro lado, um achado: as Dunas do Peró. É preciso percorrer a estrada que leva à Búzios para chegar no lugar. Dá para ir pela areia do Peró, mas são 7km de extensão. Lá nas dunas, é como se estivesse em um outro lugar. A areia fina e clara molda os montes que variam de tamanho, à mercê dos ventos. Do alto, mais vista para o mar e também para um lago de água doce, bem perto. É ali que Rafael mostra sua outra versão: instrutor de sandboard, ou surfe na areia. Cabo Frio é chamada de capital da prática no Rio de Janeiro. Suas dunas dão a possibilidade para crianças, a partir de 5 anos, e adultos descerem o monte e sentir a adrenalina que é colocar os pés na prancha, o óculos no rosto, se posicionar como estátua e só descer, claro que com Rafael guiando tudo, o tanto de areia que tem ali. O fim da tarde, com o clima mais ameno, é o momento mais indicado para a prática. É também um dos momentos mais bonitos: apesar de não dar para ver o pôr-do-sol, o céu se colore por inteiro, ainda mais nessa época de outono.

Dunas do Peró (Foto: Cecília Itaborahy)

Do começo

Não tem como falar de Cabo Frio e não falar do Forte São Mateus. Ponto turístico tão conhecido, o lugar faz parte da história do Brasil e, claro, da cidade. Foi ali que a cidade começou: o ponto de ataque e defesa do colonizador. Tão majestoso que se coloca sobre as rochas. Aliás, é ele que explica, inclusive, o motivo de Passagem ser o primeiro centro de urbanização da cidade. Ali, era tudo exposto. Passagem, apesar de ser, literalmente, passagem, era um lugar mais protegido. 

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Forte São Mateus (Foto: Cecília Itaborahy)

O lugar dos surfistas

Próximo ao forte, outro achado: o Espaço Cultural do Surfe. O lugar abriga mesmo o legado de Telmo Moraes que, no quintal de sua casa, passou a colecionar pranchas até não caber mais, transformando todo seu acervo em, praticamente, um museu da história do surfe tanto mundial quanto brasileiro. É possível ver ali pranchas do mundo inteiro, de importantes surfistas. Todas elas com as mensagens que Telmo deixou, com curiosidades que registram como foi que ele conseguiu o instrumento. Além do surfe, outros esportes têm sua história contada, como o skate e a canoagem. São dois andares que têm muita história. E é o lugar onde Rafael mostra mais uma de suas facetas: surfista e guia do espaço, que fica na Praça da Cidadania. 

Espaço Cultural do Surfe (Foto: Cecília Itaborahy)

Dicas

Além dos passeios, uma dica de hospedagem é o Hotel Marlen (Rua Francisco Mendes 437 – Centro). Uma das vantagens é ele se localizar próximo à Praia do Forte – perto de tudo -, a outra é que sua rua é perpendicular à avenida que beira o mar, o que garante silêncio para descansar à noite e, quando necessário, durante o dia. 

Já para aproveitar a gastronomia local e se deliciar com os peixes frescos, principalmente, as dicas são várias. Na Passagem, tem o restaurante Escritório, com um cardápio diverso que mantém os pratos que participaram – e venceram – o Festival Sabores. Tem também o Nativo Bistrô, principalmente com a gastronomia mediterrânea, mas sem perder de vista outros clássicos, como as massas italianas. Para as tardes, o Café José Bakery oferece uma infinidade de comidas salgadas e doces em uma casa super acolhedora. Já para a noite, uma surpresa: tem rock no bairro histórico, sim. A The Duck, um estabelecimento temático, conta com uma carta de drinks extensa, mas, claro, com opções de petiscos, pratos e hambúrgueres, em porções generosas – tudo ao som de clássicos do rock. 

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Quem vai fazer a trilha do Morro do Vigia, uma dica próxima é o restaurante Destino Beach, que fica do Paradiso Peró Hotel. Além de pratos generosos, o lugar tem uma vista privilegiada para a praia do Peró. Próximo à Praia do Forte, opção para o dia inteiro é o Bom Apetite, e a dica são os dois pratos que participaram do Festival Sabores, com combinações surpreendentes. Por fim, no Boulevard Canal, o Majára, diretamente de terras portuguesas, é especializado em frutos do mar e os pratos com bacalhau são uma opção e tanto.

Morro do Vigia (Foto: Cecília Itaborahy)

 

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