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‘Violetas na janela’ volta a ser apresentado em JF

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Ana Rosa (segunda da esquerda para a direita) adaptou com o marido livro que ganhou logo após a morte de uma das filhas (Foto: Jhones Sena)
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Para a doutrina espírita, a morte nunca foi, não é e jamais será o fim. O ato de desencarnar, para os seguidores da religião, é apenas mais um passo no eterno processo de aprendizado do espírito, com o período entre uma e outra encarnação servindo de ponte e reflexão. É o que mostra a peça “Violetas na janela”, que volta a ser apresentada neste domingo (13), às 19h, no Cine-Theatro Central. Com mais de 20 anos de estrada, a história adaptada do livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho trata da vida após a morte a partir da partida da jovem Patrícia, de 19 anos, do mundo físico. Ao ingressar em uma Colônia Espiritual, ela aprende sobre o processo de evolução espiritual a partir do encontro com outras almas e ainda encara sua relação com as pessoas amadas que continuam em nosso mundo.

O espetáculo, um sucesso desde sua primeira encenação, em 1995, no Teatro Vannucci, no Rio de Janeiro, jamais existiria se não fosse uma sequência de eventos que muitos considerariam coincidência. Menos para a atriz Ana Rosa, praticante da doutrina e uma das responsáveis pela adaptação do texto ao lado do marido, o também ator Guilherme Corrêa (falecido em 2006). É uma história já conhecida, mas que ela não se cansa de contar, que teve início em 16 de novembro de 1995 devido a um acontecimento trágico.

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“Minha filha desencarnou nessa data, e no dia seguinte uma vizinha, que soube do atropelamento dela, deixou o ‘Violetas na janela’ na portaria do nosso prédio. Minha outra filha ganhou o mesmo livro na faculdade, dias depois, e meu marido, no amigo oculto realizado no final do ano no centro espírita em que frequentávamos. E nós sempre realizávamos alguma atividade artística nos eventos beneficentes de final de ano do centro; o presidente havia sugerido uma apresentação de dança, mas me lembrei do livro, dessa ‘coincidência’, pois coincidência não existe, e fiz a proposta de uma adaptação”, conta.

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Ela e Guilherme conseguiram a permissão da editora e da autora, e preparam uma versão dramatizada da história, e na ocasião ela pediu ao músico Cláudio Suisso, professor de piano de suas filhas, que compusesse algumas músicas para acompanhar a versão. A primeira leitura, feita com outros atores profissionais, teve como convidados o pessoal da editora e do centro espírito; Ana Rosa lembra que todos ficaram tão emocionados que o presidente do centro propôs apresentar “Violetas na janela” não no evento beneficente, mas no teatro.

Sucesso logo no início

Apesar de já ter trabalhado em uma novela com temática espírita (a primeira versão de “A viagem”, lançada em 1975 pela extinta TV Tupi), ela ficou preocupada com a possível repercussão de se declarar publicamente integrante da religião. “Quando se lança um espetáculo você tem que fazer a divulgação, e eu nunca havia divulgado a minha religião, pois alguns colegas tiveram problemas antes por se declararem espíritas.”

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Mesmo assim, encararam uma temporada em horário alternativo no Teatro Vannucci a partir de maio de 1997, dois dias por semana, que deveria durar apenas três meses e se estendeu por um total de nove meses. “Para nossa surpresa, começaram a pedir novos horários a partir da segunda, terceira semana, começou a aparecer cambista. Estendemos a temporada e terminamos com cinco dias por semana, sempre em horários alternativos. Ainda no final de 1997 recebi dois convites da Globo, dois para novelas e um terceiro para minissérie. Foi quando tive certeza que não precisava ter medo de professar minha religião. E depois disso vieram outras peças com a mesma temática, mais novelas; eu recebi convites para participar de cinco filmes espíritas, entre eles ‘Nosso lar’.”

Desde então, “Violetas na janela” já passou por quatro encenações. Em todo este período, a única mudança na dinâmica da história se deu logo no início, quando Ana Rosa mudou a ordem de alguns quadros para melhor balancear os momentos de dramaticidade e comicidade. A alteração mais nítida, com o tempo, se deu no cenário: com as dificuldades cada vez mais crescentes para “viajar” com os espetáculos em geral, foi preciso deixar os cenários com o mínimo necessário, diminuindo assim os custos da produção. Ela garante, todavia, que isso não impede que a história seja contada, emocione o público e continue um sucesso.

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“Nosso principal objetivo com a peça é mostrar que a vida continua e a morte é apenas uma passagem de um plano para outro, que não existe fim. Somos espíritos eternos”, diz. “Quem estuda as obras do espiritismo aprende que somos responsáveis pelo que fazemos, que é preciso respeitar o livre arbítrio, entender a importância do amor ao próximo e que não devemos nos revoltar, achar que fomos castigados quando sofremos uma ‘perda’. Lidar com o sofrimento é muito difícil, e o espetáculo mostra isso de forma suave, acredito que muito do sucesso vem daí. Para mim é uma dupla satisfação, pois como atriz exerço minha profissão e como espírita ajudo na divulgação da nossa doutrina.”

VIOLETAS NA JANELA
Domingo, às 19h, no Cine-Theatro Central

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