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Dada a largada da boemia

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Para os detentores do notório saber de combinar (antes de harmonizar ser um termo popular) comida da boa, cerveja geladinha e o clássico papo de mesa de bar, está aberta a temporada de deleite. Nesta sexta (14) começa a sétima edição juiz-forana do concurso gastronômico mais boêmio do país, o Comida di Buteco, que vai até o dia 7 de maio, com receitas que devem ter, obrigatoriamente, cereais em seu preparo.

Seguindo a gastronomia de várzea dos bares, 20 estabelecimentos disputam o prêmio de melhor boteco da cidade, cinco a mais do que os 15 de 2016. Em todo o país, 20 cidades realizam o concurso. Escolhidos os campeões de cada município, há desde o ano passado uma etapa nacional entre os bares vencedores para eleger o melhor do Brasil. Como de costume, em cada cidade, o pódio é decidido por voto popular e de um júri especializado, com peso de 50% para cada. São avaliados, de 1 a 10, o petisco (que leva 70% da nota), a higiene, o atendimento e a temperatura da bebida. O Instituto de Pesquisas Vox Populi é o responsável pela apuração dos votos em todas as cidades. Com a quantidade de feriados que abril terá, “se organizar direitinho”, dá para conhecer a maior parte dos concorrentes.

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Os reis da mesa

Segundo a organização do concurso, a escolha do tema deste ano se deve a vários motivos, entre eles a diversidade de cereais, a ampla disponibilidade em todo o país e o baixo custo da maioria. Entre os mais comuns à mesa brasileira e, consequentemente, mais populares nas receitas do Comida di Buteco estão arroz, aveia, cevada, linhaça, milho, quinoa e trigo. Mas deixemos a conversa fiada para a mesa de bar e vamos ao que interessa: os pratos participantes. Campeão do ano passado com o petisco “Trem Bão”, à base de maçã de peito – um clássico de botequim, diga-se de passagem -, o Bar do Bené apresenta, desta vez, “um tanto ki é bão”, filé acebolado com medalhão de mandioca com bacon, farofa de biju com ora-pro-nóbis. (se você está se perguntando ‘cadê o cereal?’, biju é à base de milho!). Também no dream team de edições passadas, o Bar Dias aposta em seu “Tico-tico no fubá”, escolhendo a popular polenta como cereal (olha o milho aí de novo!), em tiras e fritinha, servida com costelinha de porco e molho barbecue. Respeitadíssimo no “metiê da culinária botequeira”, o Bar do Abílio aposta no “Frango crock” nesta edição, com iscas de frango empanadas com cerveja e aveia em flocos, servidas com um misterioso molho especial da casa. O Bar do Brejo, vencedor do concurso em 2013, abusa da criatividade com o mineiríssimo – no nome e no preparo- “Mió do Brejo, uai!”, bolinho de canjiquinha recheado com carne cozida e couve. Não come carne? Sem problemas, tem bolinho recheado só com requeijão também. Ambos acompanham molho picante da casa.

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Receitas mesclam tradição e inovação

No Bar do Chinelato, o cereal aparece na farinha de trigo, que integra a massa das almôndegas de linguiça suína regadas ao molho de tomate, cobertas com mozarela ralada e ervas finas, no prato “Bonita e Gostosa”. O Bar do Luiz traz milho e trigo em seu “Divino sabor”, picadinho de carne temperado na cerveja de trigo, com minicebola e batatas, acompanhado de polenta empanada com calabresa. A inspiração celestial também baixou no Empório do Sabor, que vem se destacando a cada ano no concurso. Também sob o nome de “Divino Sabor”, o criativo prato da casa é um suculento bolinho de picanha recheado com cheddar, envolto por cebola, empanado no panko e acompanhado por batatinhas coradas e molho especial. Famoso por seu delicioso rocambole de torresmo, o Bar do Totonho segue fiel à carne de porco com o “Sabor mineiro”, costela suína servida com purê de abóbora e farofa de milho. O Petisco e cia não economizou na criatividade: o “Frango doidão” é feito com sobrecoxa desossada com tempero caseiro, cerveja e ervas finas, empanada com farinha de milho e servida com molho de cerveja clara e escura. De volta ao concurso, o Bar do Bode, que participou pela última vez em 2011, sai da mineiridade e apresenta a “Crispy tilápia”, tiras de tilápia empanadas com aveia e tempurá. Competidor de responsa, o Caminho da Roça apresenta a “Costelinha Barb-Jack”, costelinha suína frita, acompanhada de molho barbecue com Jack Daniel’s e flocos crocantes de arroz, servida com farofa de milho e batata frita. O Estação Persa, que ficou em terceiro lugar no ano passado, investe no clássico com seu “Tudo de bão”, músculo na panela de pressão ao molho de cerveja preta, servido com mandioca cozida na manteiga e pão de alho. O Bar do Antônio- Talismã traz o poético “Flor de Girassol”, com iscas de frango marinadas em especiarias, empanadas em flocos de milho e adornadas com pimenta biquinho e cheiro verde. O franguinho é disposto ao redor do prato, fazendo as vezes de pétalas e é servido com molho de açafrão especial, disposto no centro, como um miolo.

‘Calouros’ que não estão pra brincadeira

Os bares que debutam no Comida di Buteco trazem referências gastronômicas diversas e também estão em diferentes pontos da cidade. O Lucas Bar, em Benfica, criou o “Porco chique”, costelinha de porco com bolinha de farofa doce feita com frutas e farinha de milho. Do Santa Luzia, o Clube da Esquina, com o nome que tem, não poderia fugir das referências mineiras. Nem por isso seu prato, “Enrosco mineiro”, transita pelo óbvio: a iguaria é um miolo de alcatra enrolado com bacon, acompanhada de molho campanha e farofa de fubá torrado com alho, linguiça e castanha do caju. “Quem vê cara não vê coração”, e não adianta tentar presumir o prato do “Bar do Torresmo” por seu nome. O estabelecimento, que fica no Ipiranga, aposta em um palito de frango empanado com parmesão e creme de quinoa. O Bar do Buneco, do Manoel Honório, disputa com o sugestivo “Amigos do peito do buneco”, maçã de peito cozida na cerveja com batata e cenoura. A carne é coberta com mozarela, tomate seco e champignon e é acompanhada por farofa de milho com linhaça e quinoa. O Bar da Fábrica, bem no Centrão, aposta em sofisticação e um ingrediente pouco comum: o polvo. No “Bolinho da Fábrica”, ele é parceiro do brócolis no recheio do bolinho de arroz servido com geleia de pimenta. No Mariano Procópio, o mar também reina na mesa do bar Choupana, com o prato “Peroá bolado”, em que o pescado vem ladeado por de Bolinho de Tilápia, farofa de milho e molho de cevada com ervas. Fora do tumulto urbano, o Canto da Mata, no Recanto dos Lagos, compete com o “Three Little Birds”: iscas de frango e jilós empanados na cerveja e deliciosos croquetes caseiros de carne, todos acompanhados com molho barbecue artesanal.

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