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Naipes de bateria: Orquestra Mineira de Rock toca Beatles no Central

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Os Beatles caíram na floresta. Uma espécie de flauta indígena, o instrumento de sopro produzido a partir de uma vara de bambu e emitindo um som grave, introduz a música. Logo em seguida cinco tambores mineiros criam outro compasso. Tal qual um cântico indígena, um coral de vozes inicia: “Here come old flat top, he come groovin’up slowly, he got joo joo eyeballs”. E após cantarem o refrão, que dá nome à música – “Come together, right now, over me” – as guitarras anunciam o rock dos Beatles na inventiva e original releitura da Orquestra Mineira de Rock. O público vai ao delírio. É o quarteto inglês e também é Brasil. “O ponto alto desse show é o arranjo mais ousado de ‘Come together’, a originalidade dos arranjos e o equilíbrio do repertório”, aponta Guilherme Castro, integrante do conjunto que se apresenta neste sábado (14), às 21h, no Cine-Theatro Central.

Orquestra Mineira de Rock apresenta arranjos próprios para clássicos do Quarteto de Liverpool, que inclui sopros, bandolim e percussão entre guitarras, baixos e baterias. (Foto:Vitor Maciel/Divulgação)

No palco, além de Guilherme, estão outros 12 músicos, tocando quatro guitarras, três baixos, dois teclados, duas baterias, sopros, bandolim, violões, percussão e formando um coro com dez vozes. Tão superlativo quanto intenso. “Na prática funciona como uma orquestra, porque tem naipe de guitarras e de bateria. Ensaiamos como numa orquestra, mas não com os instrumentos tradicionais”, explica Castro, sobre a formação que resulta da união de três bandas de rock de Belo Horizonte: Cartoon, Cálix e Somba. Segundo ele, quando se encontraram pela primeira vez, em 1999, tratava-se de um despretensioso projeto. “Era apenas um show que fizemos porque as três bandas tinham muito em comum. Deu muito certo, o público compareceu e gostou. Por mais que cada banda tivesse um público, tinha uma plateia que gostava das três”, conta o músico, que em 2015 viu o encontro ganhar um nome e uma rotina.

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“É bem gratificante. Mais do que músicos, somos muito amigos. Tem muitas carreiras envolvidas, muita bagagem. É muito legal tocar com gente bacana, bons músicos, bons repertórios, tanto o autoral quanto o de clássicos”, orgulha-se Castro, hoje com três shows no repertório da Orquestra – “Clássicos”, com hits do rock internacional e autorais, “Beatles”, em homenagem ao grupo de Liverpool, e “Brasil”, só com música brasileira. Levar o som produzido por John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison foi natural para o conjunto mineiro. “Os Beatles fazem parte não só da formação das bandas como dos repertórios. Está presente na formação musical de cada um.”

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‘Beatles não envelhecem’

Na corda bamba, a Orquestra Mineira de Rock com toda a sua magnitude trafega por um repertório que busca reverenciar os lados A e B do quarteto inglês. “A proposta desse show é chegar a um equilíbrio. Como todas as decisões da Orquestra são tomadas no coletivo, queríamos chegar a um ponto de equilíbrio. Quem gosta muito dos Beatles vai gostar do show, mas também quem gosta de outras e não tem muita oportunidade de ouvir, vai gostar”, garante Guilherme Castro, explicando que para chegar ao set list consideraram o gosto do público, o gosto pessoal e o que teria um bom resultado no formato da orquestra. “Tentamos mesclar um pouco o repertório.”

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Havia, ainda, o desafio de alcançar alguma originalidade diante de uma banda tão vastamente interpretada mundo afora. “Belo Horizonte é a cidade de covers dos Beatles”, brinca Castro. “Particularmente acho que o que a gente fez de mais bonito, nesse show, é o lado psicodélico. A execução está muito boa e é uma fase pouco tocada, com uma performance legal e um arranjo também muito legal. Ao mesmo tempo, tem músicas mais conhecidas, como ‘Let it be’, que tocamos e deu muito certo”, diz o músico, cujo conjunto abriu mão das dramatizações. “Não chega a ser uma caracterização a rigor, teatral. Fizemos um figurino só para diferenciar dos outros shows. Não é uma caricatura. Somos nós tocando contextualizados com o imaginário dos Beatles”, comenta ele, certo da magnitude e das inesgotáveis leituras de um grupo ainda totalmente contemporâneo. “Eles não envelhecem. Eles chegam tão bem a 2020 como nasceram. Escuto Beatles desde que nasci e ainda detecto um frescor.”

ORQUESTRA MINEIRA DE ROCK
Neste sábado (14), às 21h, no Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa s/nº – Centro)

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