Milton Nascimento é um contador de histórias extraordinárias. Enquanto folheio um livro de Eduardo Galeano, marco a página 48, acabava de escolher um dos títulos do poeta uruguaio para dar nome a este texto, com o cuidado de como se chama um filho. Estar olhos nos olhos com Bituca é sobre-humano. “O caçador de histórias” sempre fora caçador dele mesmo, preso a canções, vai sendo construído pelos retratos espalhados por sua casa, que relatam momentos, não tão bem quanto os que ele mesmo conta, em voz, presença e alma, entre as pausas e silêncios de uma tarde ensolarada.
Quando pergunto a ele o que é o sobrenatural? Ele me diz sobre as experiências religiosas no candomblé e espiritismo, esqueceu-se do nome de seu orixá, mas não importa, ele está logo ali ao lado. Ou ainda, muito antes de ter sido apresentado a religiões africanas ou a músicas e rezas de comunidades indígenas, todas as boas energias e crenças universais sempre estiveram pouco a pouco unidas elevando Bituca ao exemplo máximo de música universal. O rapaz do Rio, ainda muito menino, após perder sua mãe biológica, Maria do Carmo, na mesma década em que nasceu, 1940, veio morar em Juiz de Fora, mas sonhava mesmo era com um carro verde chegando para lhe buscar na Rua Padre Café. Aqui, sentia falta da casa em frente ao Tijuca Tênis Clube, dos amigos e de seus padrinhos Edgar e Augusta, com quem morava.
Sempre fora muito apegado às relações afetivas, tanto que é por essa temática, presente em “Jules et Jim” (François Truffaut, 1962), que Milton começou a compor. Quando foi morar em Belo Horizonte, no histórico Edifício Levy, conheceu a família Borges e praticamente tornou-se o 12° filho do casal Maria e Salomão. Tocava o violão, quando deixou perplexo um menino de 10 anos de idade, Lô, que descia os degraus de seus dezessete andares correndo e escorregando pelos corrimões. Márcio tornou-se parceiro de Milton das noitadas no Maletta, passeios pela Rua Rio de Janeiro, e foi quem o apresentou a muitos de seus parceiros musicais. Ir ao cinema era o passatempo preferido dos dois, mal sabia Milton que a película serviria de motivação para que começasse a compor, assim, de relance, após passarem um dia inteiro acompanhando sessões da estreia de Truffaut. “Cineasta da canção”, assim foi chamado Milton pelo jornalista Júlio Maria.
Digo que a vida de Milton sempre foi abençoada pelos deuses e astros, porque os encontros e a partilha musical foram o encaminhamento de sua vida. Anos mais tarde, já em Nova York, não conseguiu conceber o surpreendente encontro com a atriz Jeanne Moreau. Ele, calado, gotejava pelas mãos e consumia uma overdose de chás (na tentativa de se acalmar), mal sabendo que a diva do cinema francês – também cantora – minutos depois estaria chorando e dizendo que agora seria a vez de Milton Nascimento conquistar o mundo. O prenúncio do que já estava acontecendo. “Ela colocou a mão na minha, e falou: ‘Que coisa maravilhosa é a arte. De repente eu estava em um lugar, na França, e nunca pensei que fosse te conhecer, e quando eu chego aqui, eu faço parte da sua vida. Ela colocou a mão em mim, chorando, e falou: agora é a tua vez!”
Em dado momento de nossa entrevista, sentados no sofá de sua casa em Juiz de Fora, Milton busca um de seus discos de vinil: “Native dancer“, do saxofonista norte-americano Wayne Shorter em parceria com Milton Nascimento, gravado em 1974, nos Estados Unidos, junto ao pianista Herbie Hancock e músicos brasileiros, como Robertinho Silva, na bateria, e Wagner Tiso, arranjador de Bituca, no órgão e piano. Das nove faixas, cinco são assinadas por Milton, algumas em parceria com Fernando Brant e Márcio Borges: “Ponta de areia”, “Lília”, “Milagre dos peixes”, “Tarde” e “From the lonely afternoons”. Wayne era músico do quinteto de Miles Davis, assim como o guitarrista Pat Metheny, que se tornou amigo de Milton. Em momento subsequente, ele levanta do sofá e me convida a conhecer uma outra parte da casa, pelo caminho vejo que o primeiro disco de estúdio dos Beatles, “Please please me” (1963), era a capa da pilha na sala de estar. Em um quarto de TV e música, estão seus LPs, a prateleira de CDs que só aumenta à medida que recebe presentes, e a parede que queria me mostrar, de fotos dele junto a outros mestres da música, como Caetano Veloso e Pat.
Os músicos de Miles Davis gostavam muito de Milton, por isso ele sempre recebia convites para tocarem ou gravarem juntos. Herbie Hancock, entre outros trabalhos, participa de “Courage” (1968), “Milton” (1976) e “Angelus” (1994). Bituca conta que quando esteve em Los Angeles para abrir o show de Miles Davis, ele parecia estar profundamente enciumado com o prestígio do brasileiro entre seus parceiros. Na noite do concerto, o público ovacionou Milton Nascimento pedindo o alongamento do show, até que o som da banda foi cortado, ficou tudo mudo, impossibilitando de encerrarem o show como as pessoas clamavam. Foi quando Miles subiu ao palco, para o show principal, e o mesmo público começou a vaiar, uma indignação pela maneira descortês como acabaram com o show do Milton Nascimento, que, na verdade, se sentia mal pensando que Miles Davis era um fenômeno do jazz e também não mereceu as vaias. “A vaia parecia que estava por cima da cidade toda! E não parava mais.”
Após insistência de amigos para que fosse se apresentar ao Miles em seu camarim – depois de saber que, apesar do estranhamento, o músico norte-americano havia proferido há pouco tempo para a mídia uma frase sobre ele: “A música no mundo está muito esquisita, mas tem um crioulinho, que toca violão, que é muito bom” -, Bituca tentou estabelecer alguma conversa, mas foi “chutado” para fora. “Quem deixou esse cara entrar aqui!?”. Bituca conta, hoje, com serenidade e graça este episódio. “Bom, as pessoas diziam que ele fazia isso justamente porque admirava minha música, mas eu acho que não”, diz ele ao lado de seu Di Giorgio Tárrega.
A ligação do filho de Elis Regina
Embora não esteja compondo com frequência, o violão fica sempre por perto. Já o piano de cauda, por vezes, abre e toca “Francisco”, e foi o que fez naquela tarde. Acima do piano, uma foto de Lília, sua mãe, a mulher que chegou junto ao marido Josino, no carro verde, que ele fortemente desejava, para lhe salvar. Foi adotado por ela, que era filha de sua madrinha, casa onde sua mãe biológica trabalhara. Chama a atenção também em sua casa de Juiz de Fora um quadro de Elis Regina, um santuário de adoração às mulheres de sua vida, à sua maneira.
Falar de Elis com Milton faz com que seus olhos virem mar. Pergunto se ele tem o costume de colocá-la para cantar em sua casa, mas seu filho, Augusto Kesrouani, responde: “Você escuta, mas sempre pede para tirar”. “É que é muito forte para mim ouvi-la”, diz Milton fazendo um gesto com a mão no peito. “Vamos contar sobre o telefonema do filho de Elis para a gente, Augusto?” Nos últimos dias, João Marcelo Bôscoli havia ligado e pedido para falar com Milton Nascimento, que ao atender só ouvia choro. “Ele dizia: ‘Eu adoro você’. Aí eu falei: ‘Eu adoro você também, mas eu quero que você saiba que ali ao lado do piano em nossa casa, está um retrato da tua mãe. Ele pegou e falou: ‘É, agora o que você não sabe é que na cabeceira da minha casa, tem um retrato teu e dela juntos’. São esses momentos que chegam e quase matam a gente.”
Lágrimas de emoção de um encontro que fez de Milton um compositor mais corajoso. Mas, principalmente, apaixonado pela voz feminina.
Ela estava ao lado do piano
Quase a cantar para Bituca
Ele toca, ela canta
“A voz feminina é amor, a masculina é poder”, ele diz
Os dois cantos
Tão sublime quanto o valor de um filho
Aos prantos ao telefone
Este é o lastro das canções
Que servem como travessia
A Atriz de Truffaut já fez o anúncio
“Agora será a sua vez!”
“E a gente sonhando…”
“É que a gente vai ser feliz!”
O retrato à cabeceira da cama
Deixa um “gosto de sol”
Na boca de quem cantava
“Qualquer coisa a haver com o paraíso”
“Ray Charles me salvou”
Sua sanfoninha Hering, ele aponta para o segundo piso de casa, onde permanece guardada, foi sua primeira ferramenta musical. O presente de Lília foi um marco para descobrir a voz como o seu principal instrumento. A potência do agudo do vocal de infância era seu grande triunfo. Talvez pouco depois dos 13, quando começou a tocar violão, foi percebendo que ela engrossava aos poucos. Ficou desesperado.
“Eu saía pela casa correndo, gritando: ‘Eu não quero ter voz de homem porque eu não gosto de homem cantando! Não quero, não quero!’ Meus pais falavam: ‘Deixa, isso passa’. E eu fiquei mal mesmo, ia para o quintal chorando o tempo todo. Um dia, fui para a janela do escritório do meu pai, e estava triste, debruçado. De repente, começaram a surgir uns violinos em um rádio. Era um coral, até que um homem começou a cantar. Eu fiquei doido, doido, doido! Eu nem sabia o nome dele. Quando acabei de ouvir esse cara, saí pela nossa casa: ‘Homem também pode cantaaaaaaaaaar! Que delícia!’. E para os mesmos lugares que eu ia antes chorar, eu fui comemorar. Isso me curou e deu um pouco de sossego para os meus pais. Era Ray Charles, ‘Stella by starlight’. Comecei a ouvir homens cantando, principalmente americanos, mas foi o Ray Charles quem me salvou.”
Com Lília, gostava de ouvir Villa Lobos, porém escondido do pai. Não à toa sua música popular sempre esteve junto aos grandes instrumentistas, grupos de jazz e até com orquestra sinfônica. Arranjos para instrumentos de sopro, órgãos, contrabaixos acústicos e sua voz sempre a sobrevoar no interior dos timbres e harmonias. Em um fluxo diferente da bossa nova, Milton cantava um movimento de música mineira, regional e despretensioso entre amigos. “Lília estudava piano com o Villa-Lobos, e meu pai tinha ódio dele, porque o Heitor Villa-Lobos era conhecido como o homem das mulheres. Lá em casa, a gente ouvia muita música clássica, música de cinema, americana, jazz, mas Villa-Lobos não podia tocar”, relembrou-se e começou a rir.
TXAI: O que o Rio lhe contou
“Mais que amigo, mais que irmão, a metade de mim que existe em você é a metade de você que habita em mim”, este é o significado de “Txai“, nome de seu álbum de 1990. Uma viagem de barco pelo Rio Juruá e Amônia, no estado do Acre. No encanto do coro extraterrestre dos meninos da população ribeirinha, e no mergulho antropofágico pela música dos Axanincas. Só sua presença afastou as ameaças da tribo que o acolhia. “Quando a gente foi chegando, o pessoal que estava lá para maltratar os índios saiu correndo, depois me disseram que eles ficaram sabendo que eu estava por ali. Não sei como. E sumiram.”
Nesta ocasião, foi quando apadrinhou Benke, e conta a cena como se relatasse a sequência de um filme. “Quando a gente estava chegando quase no alto do rio, eu dei uma olhada, veio um garoto índio, bem pequenininho, pulou lá de cima e atravessou o Rio Juruá nadando.” Na noite anterior, estava observando o céu, quando foi abduzido por um coro de crianças. “Comecei a ouvir uma voz tipo de E.T., não era, mas parecia que eles estavam falando com o E.T., era uma porção de criancinhas. Uma hora cheguei para os menininhos e perguntei para quem eles cantavam aquilo. Aí vi a Lua, mostrei a eles, que ficaram olhando espantados, até um deles me perguntar: ‘Você não canta nada para outras estrelas?’ Eu falei: ‘Ué, para qual?’ Aí um menininho apontou e disse: ‘Para aquela ali’. E era uma estrela incrível, nossa, eu fiquei doido! Foi lindo, porque eles continuaram fazendo o canto e olhando para o alto.”
Seu batismo pelos Guarani Kaiowá, 20 anos após a ida ao Acre na tribo dos Axanincas, aconteceu quando fez um show em uma praça de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. “Estava cantando, quando vi subindo os 37 Nhanderus, que são os índios rezadores. Eles nunca tinham ouvido falar em mim, mas se trancaram em meu camarim e ficaram com uma foto minha, pequena. Quando chegou o bis, eles foram até o palco, e o principal deles falou: ‘A partir de hoje, seu nome é Ava Nhey Pyru Yvy Renhoi‘, lê Milton em seu exemplar do livro “Milton Nascimento – Letras, histórias e canções”, lançado em 2017, que significa: “Semente da terra”, nome da recente turnê que fez Milton voltar aos palcos.
“É o cinema da minha vida”
A gratidão que Milton Nascimento tem por Lília e Josino, seus pais, faz com que ele encare ser filho e ter um filho com muita preciosidade. Ao começarmos a conversar sobre o assunto, ele chama Augusto, que senta a seu lado, para poderem contar essa história juntos. “É um sonho que finalmente agora eu realizei”, diz Milton Nascimento olhando da forma mais pura para seu filho, hoje com 24 anos. Por conta de amigos em comum, os dois se viram pela primeira vez quando Augusto estava no início da adolescência. Tempos depois, Milton perguntou ao menino, que não tem contato com o pai biológico, se poderia ser seu pai.
Augusto Kesrouani começou a estudar Direito, quando passou a morar metade do seu tempo em Juiz de Fora, para estudar, e no Rio, cuidando de Bituca. Nessa época, começava a cuidar dos direitos autorais de sua carreira. Milton sempre preferiu trabalhar dessa forma mais afetuosa, com uma equipe pequena. Em 2015, quando tinha praticamente parado de cantar e realizar shows, se viu em um estado de depressão. Foi quando Augusto sugeriu que procurassem uma casa em Juiz de Fora, para que levassem uma vida mais tranquila e também ficassem mais juntos.
“Antes de ele vir para cá, sua saúde não estava boa, estava com depressão, e tinha parado a carreira. Nesse tempo, eu estava terminando a faculdade aqui, e ia para lá três vezes na semana ajustar tudo. Até que no ano retrasado, quando eu ia fazer a prova da OAB, eu não estava conseguindo muito viajar, e a situação lá não estava boa. Como éramos só nós dois, a solução que eu tive foi trazê-lo para cá. Procurei uma casa, e ele quis vir conhecer. Eu o busquei no dia seguinte, e ele não voltou mais para o Rio. Quando estava fechando o primeiro ano dele em Minas, a gente começou a pensar em um show, como um teste para ver se queria voltar a cantar. Foi em Belo Horizonte, em março de 2017. Ele acabou a apresentação falando para eu marcar mais shows, ainda do palco”, relata Augusto. “Em 2013, ele começou a desacelerar. Em 2015, foram quatro shows no ano todo. Em 2017, foram 26 shows”, conta o filho sobre a retomada de Milton Nascimento. “Nos shows, eu não o reconheço no palco, é uma sensação diferente, como ver a outra dimensão de uma pessoa. Em Juiz de Fora, a gente leva uma vida muito comum, longe de confusão. Recebemos poucas visitas, é uma vida bem pacata.”
“Eu li nos jornais”
Recentemente, Bituca tem colocado Nina Simone para tocar. Ele gosta de música feita por quem se entrega ao sentimento, sem recuar. As verdades que o tiram o sono vêm ora da tristeza, ora da paixão, que para ele não há distinção. Nas vezes em que esteve amando, compôs sonhando e acordou com a música tocada em sua mente.
“Para mim, compor apaixonado ou triste é a mesma coisa. O sentimento é o mesmo. Qualquer maneira de compor, como diz uma certa letra, vale a pena”, diz ele, citando “Paula e Bebeto”, que diz: “Qualquer maneira de amor vale a pena”. A prova de que em seu inconsciente, amor e música são as mesmas palavras.
Atualmente, estava entristecido em relação ao que conhece da produção musical brasileira. “Eu estava achando esquisito o negócio da música no Brasil. Não sentia aquela verdade nas pessoas, na música, em tudo. Eu ouvia alguma música e não queria ir até o fim. Não me sentia feliz ouvindo a música do Brasil”, confessou Milton, dizendo que sua admiração por Tiago Iorc veio a partir daí, quando, a partir dele, voltou a excitação. Em março de 2017, quando Tiago veio realizar um show em Juiz de Fora, eles se encontraram, mais tarde, no mesmo ano, entre outubro e dezembro de 2017, o compositor brasiliense veio morar com Milton e Augusto, quando compuseram e gravaram “Mais bonito não há“, além de terem rasuras de outras canções já em andamento que pretendem finalizar. “Ele, para mim, é a melhor coisa que tem atualmente”, afirma Milton Nascimento, acrescentando que não se lembra da última vez que compôs sozinho, mas que já sente vontade de se encontrar com Tiago para seguirem o trabalho em parceria. “Fizemos várias músicas, só saiu aquela”.
Já próximo ao fim da conversa, eu desligava o gravador, quando Milton lembrou do dia em que conheceu Nina Simone. Após o show com Miles Davis, ele descia para o camarim ainda ouvindo as vaias. “Estava lá com a minha turma, e falaram que tinha alguém me procurando. Até que Nina Simone entrou dizendo: ‘Eu li nos jornais que você é uma pessoa que gosta muito de fazer amigos. E eu vim aqui para ser mais uma’. Ela ficou conversando com a gente um tempão. E na saída, quando cruzava a porta, ela virou e falou com toda empáfia: “Eu li isso nos jornais!”, e saiu. Se existe uma pessoa no mundo com quem ele ainda teria um profundo prazer em compartilhar música, é Nina.
O primeiro show do ano
Em 17 de março, Milton Nascimento canta e toca seu violão de cordas de nylon no palco do Cine-Theatro Central, às 21h. A banda é de amigos e pessoas queridas para sua vida e carreira. Wilson Lopes é quem faz a direção musical e o acompanha no violão, junto a Beto Lopes. Widor Santiago está nos sopros, e Kiko Continentino assume o piano Fender Rhodes. Alexandre Ito toca baixo acústico, Lincoln Cheib é o baterista, e Bárbara Barcellos representa o encantamento de Milton Nascimento pela voz feminina, que o acompanhará até o infinito.
Ouça o repertório do show:
Eu vi a mão da contracapa de “Caçador de mim” (1981). Neste instante, o retrato me fez cair em terra. Até então eu havia embarcado em um trem ou disco voador e perguntava, de maneira lúcida, tudo o que havia pesquisado após viver nos últimos dias assistindo documentário, lendo livro, reportagens e passado a manhã do dia da entrevista em sebos e lojas de música tentando garimpar um disco em especial. A sensação é que passei a entrevista inteira ora olhando para seu olho, ora para suas mãos, que mexiam o tempo todo enquanto ele falava, como se ele tocasse cordas e teclas imaginárias.