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Nara Vidal é finalista do Prêmio Jabuti 2021

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O prêmio Jabuti 2021 divulgou, nesta terça-feira (9), os dez finalistas em cada uma das vinte categorias. A autora Nara Vidal, colunista da Tribuna, foi indicada na categoria contos com o livro “Mapas para desaparecer”. A obra não foi lançada nas livrarias por conta da pandemia, e teve a divulgação a distância enquanto a autora, que é natural de Guarani (MG), estava fora do Brasil.

Em onze contos, “Mapas para desaparecer” aborda temas difíceis, como o que a autora chamou de “desencontros e pequenas mortes diárias”. A obra fala sobre abuso, hipocrisia, esquecimento, exploração e inveja. Mas para Nara, mesmo essas temáticas difíceis a permitiram respirar e se concentrar na escrita intensamente.

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Antes de começar o livro, a escritora viu amigos e colegas desanimados com a profissão, muitas vezes até sem inspiração ou forças para escrever. Ela sentiu que, nesse cenário, precisava se colocar em posição de escrever novamente, mesmo que isso significasse se distanciar daquela realidade inédita para continuar criando. Para fazer isso, mergulhou tão fundo nas histórias que, depois de finalizar o livro, sentiu até dificuldade em continuar falando dele.

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Quando recebeu a notícia da indicação, estava no mercado comprando frutas. Foi interrompida por amigos e parentes mandando mensagens, em euforia. Surpresa, Nara confessa que, muitas vezes, nem tem os próprios livros em casa. Para ela, escrever está mais ligado a um trabalho diário e a um exercício contínuo no qual não se pode dar ao luxo de pensar na repercussão. “Quando escrevo, é como se estivesse me desfazendo de uma coisa que estava comigo e passado adiante.”

(Foto: Lou Hall)

O desejo de continuar criando

Escrever naquele momento complicado da pandemia foi seu jeito de continuar a jornada. “Eu precisava provar que a vida ia continuar”, ela diz. Por esse motivo, o livro surgiu como uma febre, em que ela acordava até no meio da noite para escrever, e escrevia muito, durante horas. Parte desse trabalho foi totalmente descartado, parte está no livro e parte ficará para o futuro.

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A decisão de escrever contos também veio naturalmente, já que ela tem apreço especial por esse gênero, e sempre gostou de ler autores consagrados e contemporâneos. Em sua percepção, trata-se de “um gênero fascinante, dificílimo de escrever”, e que tem forte tradição na América Latina.

Um dos grandes diferenciais do gênero conto, na visão da autora, é justamente que é preciso “tirar muito da gordura das coisas, deixar o conto enxuto para trazer impacto. É difícil escrever pouco, é difícil escrever menos. É um desafio, mesmo”. Mas é justamente nesse espaço mais limitado que Nara encontra forças para se expandir.

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Agora, ela está em Portugal como parte da sua residência literária e tem uma rotina bem mais livre e independente do que tinha no começo da pandemia. Está tendo tempo para criar mais e se voltar para si na escrita, continuando com o trabalho diário que a levou até este momento – do qual o prêmio Jabuti é somente a parte mais visível.

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