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Festival de Fotografia começa neste domingo em Juiz de Fora

Brumadinho Gabriel Brandão
Gabriel Brandão registrou o triste cotidiano dos serviços de resgate após a tragédia em Brumadinho
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A necessidade é, muitas vezes, a mãe da invenção; aí, quando se vê, a ideia se desenvolve de tal forma que não tem mais volta, parece criar vida própria – claro, é preciso alimentar essa ideia para que não morra. Em 2018, ao receberem a confirmação de que o tradicional JF Foto 18 não seria realizado pela Funalfa e Prefeitura, a turma do coletivo JF Fotográfico colocou a mão na massa e, em menos de dois meses, contou com o apoio necessário da Prefeitura e de seus próprios esforços para realizar a primeira edição do Festival de Fotografia de Juiz de Fora.

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Com a boa repercussão, mais tempo para se organizar e dispostos a manter um evento do tipo no calendário cultural da cidade, o coletivo decidiu não ser andorinha de apenas um versão (na verdade, primavera) e decidiu manter a iniciativa. Com isso, o 2º Festival de Fotografia de Juiz de Fora tem sua pré-abertura neste domingo (10), a partir do meio-dia, no Experimental Container Bar, no evento “A feira”. Na ocasião, será realizado “Jogo da Memória”, exposição do Varal Fotográfico, evento mensal realizado pelo coletivo. As demais exposições terão abertura na terça-feira (12), no CCBM, dentro da programação do Festival Pólen, e dia 19, no Mamm, e poderão ser visitadas até 10 de dezembro. Além das mostras coletivas e individuais, o Festival terá ainda palestras e oficinas gratuitas.   A programação completa de exposições e palestras, mais as inscrições para as oficinas, pode ser conferida no site jffotografico.com.br.

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Vestindo a camisa

Pensando no futuro, parte dos integrantes do coletivo JF Fotográfico começou a contribuir financeiramente, há alguns meses, para antecipar os custos do evento. Além disso, conseguiram a cessão do espaço do CCBM por meio do edital de ocupação e, na UFJF, do Mamm, graças à intermediação de Paulo Soares. “Esse grupo que fez as contribuições mensais abraçou a causa do festival, vestiu a camisa. Contatamos ainda a Prefeitura no meio do ano, que se comprometeu a nos ajudar no que fosse possível, como financiar a vinda dos palestrantes. Daí que um evento que esperávamos ter apenas três exposições ganhou esse tamanho, inclusive com mais exposições de artistas locais que de fora. A cada momento, surgem novos desafios, que vencemos com dignidade”, afirma um dos coordenadores do evento, Sergio Neumann.

“Nossa preocupação é manter uma atividade anual de fotografia na cidade, já estávamos atentos à necessidade de manter o festival”, acrescenta Eridan Leão, responsável pela consultoria. “É um desdobramento do Varal Fotográfico, que a cada dia puxa mais um fotógrafo pela corda.”

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Luiz Carlos Duarte participou do projeto para registrar o Parque Halfeld durante 24 horas

Exposições no CCBM

Para a edição de 2019, o Festival de Fotografia mantém sua base no CCBM e ganhou o espaço do Mamm; o primeiro sediará cinco exposições, e outro, duas – sendo uma delas dividida em outras 13 menores. A abertura oficial será na terça-feira (12), no CCBM, a partir das 20h30. Uma delas é “24 horas de Parque Halfeld: com curadoria de Sergio Neumann, fruto da proposta de desvendar as peculiaridades e nuances do espaço público através do olhar de 20 fotógrafos, durante 24 horas de trabalho. Dentre os artistas que toparam a empreitada, estão Adriana Costa Manso, Valéria Prota, Cicéia Almeida e Thiago Wierman.

“Um ano de Varal de Fotografia”, com curadoria de Maga Bastos, comemora o primeiro aniversário do Varal Fotográfico. Para a mostra, Maga selecionou 69 trabalhos de 46 fotógrafos que foram expostos durante este primeiro ano, com temáticas diferentes. “Desde o início do Varal, tivemos a procura de muitas pessoas interessadas, além de convites para realizar o evento em outras cidades, como Matias Barbosa, Rio Novo. Também fomos convidados a participar das comemorações do aniversário de Goianá e da próxima edição do Foto em Pauta, em Tiradentes, no ano que vem”, comemora.

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Trabalho de Angela Roumilla integra a mostra com fotógrafos da Sociedade Fluminense de Fotografia

Uma exposição, desta vez individual, que deve emocionar o público é “Brumadinho – Memória dos esquecidos”, de Gabriel Brandão. Gabriel foi para a cidade de Brumadinho em 28 de janeiro, três dias depois do rompimento da barragem pertencente à Vale na região do Córrego do Feijão, que matou mais de 250 pessoas e provocou um dos maiores desastres ambientais na Mata Atlântica. O fotógrafo ficou na região por oito dias, acompanhando o resgate do Corpo de Bombeiros em busca dos corpos e eventuais sobreviventes. Entre os objetivos do trabalho está preservar a memória da tragédia criminosa e, ainda, homenagear os Bombeiros.

A quarta exposição é a coletiva nacional “SobreViventes”, com imagens registradas em Juiz de Fora e outras cidades mineiras, além dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e Bahia. “Durante nossos encontros, discutimos vários temas para essa convocatória nacional e escolhemos este (um trocadilho com “sobreviventes” e “viventes”) por ser muito aberto, atual. Temos fotografias artísticas, políticas, entre outras”, explica Sergio Neumann. Na apresentação da mostra, ela é descrita como um “meio de comunicação capaz de testemunhar e contribuir para denunciar e divulgar imagens em favor da preservação e da manutenção da natureza (…)”. A curadoria é de Bárbara Almeida.

A última mostra do CCBM é “Ossuário”, que reúne trabalhos do Núcleo de Fotografia Contemporânea da Sociedade Fluminense de Fotografia, de Niterói (RJ). Tendo como curador Antônio Paiva, a exposição parte dos mais de 70 anos de existência do grupo para, por meio de diversos pontos de vista, irradiar “metáforas de índole mnemônica”. Entre os fotógrafos participantes, estão Gaston Hauer, Angela Roumillac e Pedro Kossatz.
“Eles têm um grande acervo de fotos do Hamleto Fellet, médico aqui da cidade que foi um grande adepto do fotoclubismo. Queremos conhecer esse acervo para, quem sabe, apresentar o trabalho dele em Juiz de Fora futuramente”, diz Eridan.

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Danilo Moscon é um dos artistas com exposições individuais no Mamm

Exposições no Mamm

O Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) vai abrigar duas exposições a partir do dia 19, uma individual e outra coletiva, que na verdade são 13 mini exposições. Com curadoria de Paulo Soares, “Pequenas histórias” é um convite para o público conhecer o olhar fotográfico de cada um dos participantes, que abraçaram a proposta estética e autoral da iniciativa. Como premissa, comungar do comprometimento com a linguagem técnica, lugares da memória, paixão e arte. Participam Adriana Costa Manso, Bárbara Almeida, Cicéia Almeida, Danilo Moscon, Denilson Luiz, Flávio Motta, Jober Costa, Maga Bastos, Maria Pontes, Paulo Soares, Pury Reis, Sérgio Neumann e Valéria Prota.

Deste grupo, um dos destaques é Bárbara Almeida, que trabalhou na sua mostra individual com processos híbridos de captação de imagens e revelação. “A foto é digital, mas a revelação é como nos princípios da fotografia, com um processo chamado cianotipia (em que as revelações saem todas em azul). É um processo artesanal, em que faço os próprios reagentes, preparo o papel. Coloco o negativo (já no tamanho do produto final) sobre esse papel, prenso com vidro e coloco no sol para revelar, ou uso uma lâmpada”, explica.

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A última exposição é “Fluxos”, de Luiz Baltar, com curadoria de Márcia Mello. Baltar é fotógrafo documentarista e tem projetos autorais em arte contemporânea, buscando o diálogo entre sua atividade como fotógrafo e questões sociais, particularmente buscando um olhar sobre a cidade do Rio de Janeiro.

Palestras e oficinas

As palestras acontecem no próprio CCBM e também no Mamm, além da sede da Secretaria Municipal de Educação e Anfiteatro João Carriço (Funalfa).

As oficinas estão com inscrições abertas no site do Festival, são gratuitas, porém são apenas dez vagas para cada uma. A primeira delas, no dia 20, é “Fotojornalismo, nosso olhar sobre o mundo”, com Ricardo Beliel, e está marcada para o Mamm. “Operação flash prático”, com Flávio Motta” será realizada no dia 21, também no Mamm. Rogério Falcão vai ministrar a oficina “Criação de retratos”, que acontece nos dias 21 e 22 no Museu Ferroviário. Já Bárbara Almeida vai orientar a respeito do seu processo híbrido de fotografia e revelação com a oficina “Cianotipia: Um processo fotográfico híbrido”, no dia 23, novamente no Mamm.

 

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