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Produtora Inhamis circula com produção de curtas de animação em diversos festivais, inclusive fora do Brasil

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“Ernesto”, dirigido por Fernanda Roque, é um filme de entretenimento, sendo uma animação voltada ao público adulto (FOTO: Divulgação)
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Enquanto Francisco Franco chega a Juiz de Fora, depois de ter viajado para Goiânia, para representar o filme “Ernesto” – dirigido por Fernanda Roque – no festival Goiânia Mostra Curtas, em que, na noite do último domingo (8), o curta ganhou o título de melhor curta de animação, Fernanda Roque se prepara para ir ao Rio de Janeiro representar o filme “Diamantes de Acayaca” – dirigido por ela e por Francisco – no Festival do Rio, em que o curta foi selecionado dentro da mostra competitiva Curtas Metragens da Première Brasil. Essas são duas produções da Inhamis, um estúdio de animação e motion graphics com sede em Juiz de Fora, em que Fernanda e Francisco são sócios.

A Inhamis, a princípio, não surgiu voltada especificamente para a animação. Esse caminho, na verdade, foi orgânico e partiu muito desse desejo de produzir, apesar do baixo orçamento. Sempre foi um estúdio criativo que tinha o visual muito bem definido que acabou se tornando, com o tempo, uma assinatura, mesmo que fossem realizados curtas ficcionais que não fossem ligados à animação. No fundo, ela estava presente, desde o começo. “Uma coisa foi puxando a outra”, resume Fernanda. “Mas nossos trabalhos sempre tiveram uma veia criativa grande. Apesar de ser, no começo, muito mais empírico.”

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Esse caminho da animação foi se mostrar ainda mais claro na pandemia. Os cursos diversos eram a única possibilidade de seguir atuando e as ideias começaram a surgir. Até porque a animação era, naquele momento, a única forma de viajar sem sair do lugar. “A gente tinha acesso a outros lugares dentro de casa”, afirma Francisco. Ou seja: uma maneira de seguir produzindo.

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“Diamantes de Acayaca”, dirigido por Fernanda Roque e Francisco Franco, aborda uma lenda mineira em que uma princesa inca se apaixona por um soldado espanhol e ambos fogem para o Brasil e viver em Diamantina (FOTO: Divulgação)

Assinatura da Inhamis

Eles passaram a pensar em conteúdos próprios e foram encontrando maneiras de viabilizar essa produção. E os editais ajudaram, inclusive, nesse caminho. “Porque a gente tinha muita ideia e muita história para contar”, diz Fernanda. Foi nisso que surgiu “Ernesto”, o curta de animação que ela dirigiu e que é, na verdade, o piloto de uma série realizada através de recursos da Lei Murilo Mendes. A ideia, como conta Fernanda, era quase uma piada inteira entre ela e os sócios da Inhamis, de um estilo de homem que frequentava os mesmos lugares que eles. Foi uma brincadeira transformada em filme. “E a coisa começou a criar corpo. Tudo muito de forma descompromissada, mas foi evoluindo. A animação foi entrando, a gente tinha isso dentro da gente, essa forma de criação”. E foi como a confirmação de que a animação era mesmo um caminho interessante.

Fernanda diz que gosta de pontuar que “Ernesto” é completamente um filme de entretenimento. “Ele foi feito para ser divertido e é um produto legal. Uma animação adulta, que é uma coisa muito difícil de ser vista hoje em dia”. E a animação tem uma liberdade que, além de poder estar em qualquer lugar, pode-se falar sobre qualquer coisa. “A animação te dá muita liberdade para você tratar de certos assuntos. E é louco não ter compromisso com as coisas e poder pirar realmente.”

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Por outro lado, “Diamantes de Acayaca” já tem uma outra pegada. Ele foi realizado através de recursos do edital Fec 01/2022 Exibe Minas, da Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Ele já tinha uma proposta definida: os produtos precisariam abordar lendas mineiras. “O tema foi dado. E a gente decidiu falar sobre essa lenda que conecta o Império Inca a Minas Gerais. Essa lenda tem várias versões e pontos de vista. E um dos mais conhecidos é que uma princesa inca teria se apaixonado por um soldado espanhol e eles fugiram para o Brasil, indo morar em Diamantina”, conta Francisco. Mais que contar essa história, a ideia foi propor uma releitura dessa lenda, a partir da visão da princesa que teria sido, então, sequestrada pelo espanhol. “É uma visão decolonial da lenda.”

Apesar de serem dois curtas que parecem completamente diferentes, já que um é um humor adulto e o outro é bem mais reflexivo, ambos, para Francisco, são críticos. “Um usa o sarcasmo e o outro tem uma visão de reparação. Mas são críticos”. Em comum também têm a visão da mulher, a que conta a própria história e a que apresenta um olhar para o comportamento do homem. “Nada melhor que uma mulher para falar isso”, afirma Fernanda.

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E “Ernesto” e “Diamante de Acayaca” têm circulado bastante, para além desses dois festivais recentes. “Ernesto”, por exemplo, foi selecionado para: 6º edição do Festival de Cinema de Jaraguá do Sul (2023); 21ª MUMIA – Mostra Udigrudi Mundial de Animação (2023); 17º Anim!Arte – Festival Internacional de Animação Estudantil do Brasil – Categoria profissional “Culturas do Mundo” (2023); 6º Festival Santa Cruz de Cinema – (2023); 9º Festival de Curtas de Campos de Jordão – Categoria Animação (2023); Campinas Film Festival (2023); 2º Festival de Cinema Nacional de Chapecó (2023 ); Seleção 2º TIFFS – The international film festival of Srinagar (2023-Índia). Enquanto “Diamente de Acayaca” participou dos seguintes festivais: 13º ANIMA – Córdoba International Animation Festival (2023-Argentina); Animasyros International Animation Festival – Mostra La Animaciόn Iberoamericana (2023-Grécia); 8º Ajayufest – Festival Internacional de Animação de Ajayu (2023-Peru); Festival del Cinema di Cefalù (2023-Itália); 17º Festival Taguá de Cinema – Mostra Seletiva Popular (2023); Student World Impact Film Festival – Honorable Mention (2023); 21ª MUMIA – Mostra Udigrudi Mundial de Animação (2023); 7ª CineBaru – Mostra Sagarana de Cinema – Competitiva Regional (2023); 22ª MAUAL – Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina – Categoria Independente (2023); XX DIA – Dia Internacional da Animação – Mostra Nacional (2023); 17º Anim!Arte – Festival Internacional de Animação Estudantil do Brasil – Categoria profissional “Culturas do Mundo” (2023); Rio de Janeiro Int’l FF Festival Scope (França).

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O trabalho segue

Além de ter a oportunidade de rodar com os filmes, Fernanda e Francisco têm podido conhecer outras pessoas e fortalecer os laços para seguir produzindo. Inclusive, em breve, mais dois curtas produzidos pela Inhamis vão ser lançados. Em cada projeto, eles vão aprendendo novos caminhos da animação e novas metodologias, sem perder de vista essa identidade visual que construíram e passam, seja nos produtos próprios ou em outras parcerias, inclusive assinando clipes de diversos artistas. “A gente não vem de uma escola de animação. A gente aprende sozinho e cria. Por isso há uma coisa de estética muito forte. São coisas, às vezes muito desconstruídas”, acredita Fernanda.

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Eles percebem, ainda, um crescimento da produção de animação tanto no Brasil quanto em Minas Gerais, o que, de certa forma, facilita a circulação da Inhamis, mesmo que ainda seja difícil. “A gente não está na animação há tanto tempo, mas participar desses festivais valida nosso trabalho, porque é um trabalho diário e de muito empenho. E receber o feedback é muito bom. Porque os filmes estão dialogando. O filme tem que conversar não só com a curadoria do festival, mas também com a plateia. O filme tem que ser feito para assistir sem manual. Tem que passar uma mensagem, estabelecendo uma relação com quem assiste. E isso tem rolado. E isso abre para gente novas perspectivas”, finaliza Francisco.

 

 

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