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Dia da Luta Antigordofobia: ativistas falam sobre a importância da data

A feira Pop Plus
A feira Pop Plus (Foto: Felipe Mariano)
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Antes Dia do Gordo, 10 de setembro agora é Dia da Luta Antigordofobia ou Dia de Visibilidade à Luta Antigordofobia, uma data importante para a militância da pluralidade de corpos. No Brasil, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/2019) apontam que 60,3% dos adultos apresentam excesso de peso, o equivalente a 96 milhões de pessoas. A prevalência é no público feminino, com 62,6%. “Usamos o dia para conscientizar a sociedade sobre a luta antigordofobia. Nós, pessoas gordas, encontramos vários obstáculos no dia a dia, algo invisível para a maioria das pessoas. Um exemplo é a questão da acessibilidade. Existem exames médicos que os aparelhos não suportam pessoas de mais de 120kg. Adolescente que não cabe na cadeira da escola e acaba evadindo, não se formando no básico do ensino médio. Queremos ir no teatro e não cabe, impedindo o direito ao lazer. Obesidade é um termo que patologiza o nosso corpo. Precisamos de uma sociedade mais empática. Se for doença, porque não há empatia?”, reflete a administradora, blogueira do Beleza sem Tamanho e idealizadora da JF Plus Feira de Moda Plus Size, Kalli Fonseca.

Idealizadora da JF Plus Feira de Moda Plus Size, Kalli Fonseca (Foto: Arquivo pessoal)

“Infelizmente, vivemos em um sistema que define pessoas magras, e cada vez mais próximas do “padrão de beleza”, automaticamente, como “vencedoras”. Quem pensa dessa forma pratica a gordofobia ao ver o indivíduo gordo como alguém inferior, que não lutou pra ser melhor,  que não merece ser feliz. Como se a pessoa gorda não pudesse ser alguém profissionalmente admirável ou emocionalmente satisfeito, com uma família feliz e uma companhia que a ame. Como se todo gordo fosse alguém preguiçoso e que, por isso, não merece ser feliz”, ensina a criadora de conteúdo e modelo plus size Tatah Fávero.

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Flávia Durante (Foto: Felipe Veiga)

Flávia Durante é jornalista e organizadora do Pop Plus, maior evento de moda plus size do mundo, que acontece nos dias 14 e 15 de setembro, no Club Homs, em São Paulo. “Obesidade é um termo que patologiza todos os corpos gordos, não dando nem chance para você ser uma pessoa, um ser humano, antes de tudo, você é uma doença. A pessoa vê uma pessoa gorda e já acha que ela é doente, incapaz. É muito importante termos uma data para discutir a luta antigordofobia, pois, há menos de dez anos, fala-se isso de uma forma mais contundente no Brasil. Muita gente ainda nem sabe o que é gordofobia ou acha que é apenas ser xingado na internet. Mas não, gordofobia é a restrição de direitos das pessoas gordas. Isso vai desde a discriminação na sociedade, na internet, na família, até questões de acessibilidade, como falta de roupa, gordofobia médica, falsa representação estereotipada na mídia. Mercado de trabalho também. Então é importante um dia, pelo menos, para chamar atenção no combate à gordofobia e que as pessoas entendam que a diversidade de corpos também tem que ser uma pauta importante, pois afeta milhares de pessoas  principalmente mulheres, não só na questão de estética e saúde, como também, de dignidade e respeito”, ensina.

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“A gente costuma dizer que o gordo está sempre no último lugar da fila da empatia, porque a gente pode ser atacado tanto por pessoas da esquerda ou da direita ou de outros segmentos minorizados, como pessoas da comunidade LGBT ou feministas. Então, a gente pede mais empatia. Não se trata de forma alguma de romantização da obesidade…Porque a gente nunca falou que ser gordo é fácil ou que todo mundo tem que ser gordo. Então é isso, acima de tudo, uma luta por direitos, autonomia e respeito”, diz Flávia.

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“O nome ‘gordofobia’ incomoda na medida certa, porque traz essa discussão sobre o tema e sobre o termo, desmistificando o que é a palavra “gordo” e iluminando não só a questão da pressão estética, mas também todas as oportunidades e políticas públicas e sociais que devemos repensar enquanto uma sociedade plural e diversa, que tem pessoas de todos os tamanhos, merecem ter seus direitos básicos garantidos. Sem contar que ter preconceito em pleno 2024 é bem cafona, né? Gordo ou magro, somos antes de tudo, pessoas”, ensina Tatah Fávero, inspirada pelo livro “O mito da beleza”, de Naomi Wolf.

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