Os artistas Wesley Rocher Monteiro e Yure Mendes ocupam, juntos, dois espaços com seus trabalhos durante este mês em Juiz de Fora. Uma das mostras já está aberta ao público, a “Juiz de Fora, traços e formas”, que pode ser conferida no Shopping Jardim Norte. A outra, “O sagrado na arte”, será inaugurada nesta sexta-feira (12), no Espaço Cidade, a partir das 16h. Ambas são gratuitas.
“Juiz de Fora, traços e linhas” nasceu da vontade dos artistas de comemorar os 174 anos da cidade, celebrando, a partir das obras, o legado do lugar onde, hoje, Wesley e Yure vivem. Cada um de suas respectivas áreas: a pintura e o desenho, de um lado, e a escultura de outro. Eles misturaram pensamentos, formas e percepções sobre a história do município, partindo da ideia, ainda, de apresentar seus próprios olhares com suas obras.
A mostra destaca desde a história de Juiz de Fora até seus personagens. As obras, que foram feitas pelos dois a partir de uma mesma inspiração, evidenciam personagens culturais, a vocação artística da cidade, sua arquitetura, além de algumas curiosidades – sempre com o intuito de resgatar parte uma história que foi apagada com os tempos.
É por isso que cada peça conta com um texto que fala sobre aquilo que virou desenho e pintura e escultura, para que, com isso, as pessoas conheçam, de fato, Juiz de Fora. Os povos originários, Roza Cabinda, Murilo Mendes e Alfredo Ferreira Lage são alguns dos que aparecem na mostra.
Mostra de arte-sacra
Já a mostra “O sagrado na arte” recupera a própria relação afetiva tanto de Yure quanto de Wesley com as religiões e, com isso, a própria arte-sacra. Ambas as relações começaram na infância, frequentando, principalmente, as igrejas, e vendo os familiares se movimentando nesse sentido.
“O contexto religioso faz parte da minha vida desde criança. Eu era vizinho de uma igreja e era super envolvido com tudo o que a igreja fazia. Já gostava de arte naquela época. E tudo aquilo me fascinava”, conta Wesley, lembrando que fazia os tradicionais tapetes de Semana Santa.
“Minha relação com a arte-sacra é afetiva. Minha avó era muito religiosa e amava montar presépios, e de certa forma isso me cativou. Amo criar e fazer santos, gosto de dar movimento e expressões afetivas e acredito que arte-sacra é plural e miscigenada assim como o povo brasileiro. Arte-sacra é expressão de fé, independente de qual seja a crença ou os ritos”, acredita Yure.
Os artistas, com o tempo, passaram a questionar o papel da religião, mas seguiram interessados na arte. E é nesse contexto que surge “O sagrado na arte”. “O tema arte sacra é abrangente. É utilizado por diversas religiões e crenças, como a arte cristã, a arte budista, a arte islâmica, a arte religiosa barroca, dentre outras. Nossa mostra tem o intuito de ressaltar que a arte sacra, da mesma forma que outras manifestações artísticas, é um reflexo da história e cultura”, explica Wesley. É por isso que a mostra se abre às várias manifestações religiosas, repensando, inclusive, a própria ideia de arte-sacra que se tem.
“O sagrado na arte” conta com esculturas em ferro de Yure que retratam Cristo crucificado, Santo Estevão, Nossa Senhora Aparecida, Santa Cecília, São Cristóvão, Pietá, Vênus de Willendorf, Presépio, São Sebastião, Iemanjá, Oxalá e Buda. Já as telas e os desenhos de Wesley retratam o Sagrado Coração de Jesus, Virgem Maria, Joana D’Arc, São Francisco, Santo Expedito, Eva, Buda, Anjo, Santa Efigênia, Santo Carlo Acutis, Santo Antônio, Iemanjá, Oxalá, Ogum, Ossain, Oxóssi, Oxum, Oxumaré, Xangô, Exu, Omulu, Nanã e Iansã.