Museu é contemplação. Parar para ver com atenção. Só assim a exposição penetra. Aquele todo que só faz sentido junto. É preciso tempo. Mas como fazer quando não basta a vontade? Já que, para ir, é necessário, primeiramente, que o espaço esteja aberto. Mas, no entanto, exatamente no momento em que a maioria está livre para isso, para o desfrute da contemplação, ou seja, depois do horário comercial e aos finais de semana, grande parte dos museus de Juiz de Fora está com suas portas fechadas para esse tipo de visita. Eles abrem, geralmente, de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h. O museu, afinal, é para quem?
São vários os museus de Juiz de Fora e, por isso, são várias as narrativas que estão disponíveis para criação desse imaginário que as exposições oferecem. Mas desde o retorno – que foi gradual – das visitas aos espaços na pandemia, ainda hoje eles estão se adaptando à realidade, principalmente a econômica, com perda de funcionários que impacta diretamente no horário de funcionamento. Desde então, de todos os museus da cidade, apenas o Museu de Arte Murilo Mendes abre aos finais de semana. E este, inclusive, será o primeiro em que ele passa a receber visitas também aos domingos.
Esse anúncio de que seria possível abrir o Mamm aos domingos foi feito na mesma semana em que um novo diretor assumiu o equipamento cultural da Universidade Federal de Juiz de Fora. Isso, de acordo com Aloisio Arnaldo Nunes de Castro, o novo diretor, e Valéria Faria, pró-reitora de Cultura da universidade, só foi possível graças ao remanejamento de funcionários e bolsistas do espaço que, atualmente, está com a mostra “Coleção Murilo Mendes: 25 anos”, com peças de coleção do poeta homenageado já no nome.
Impacto do corte das verbas
A pró-reitoria da UFJF é responsável por outros museus da cidade, além do Mamm, sendo eles o Memorial da República Itamar Franco e o Museu de Cultura Popular, que fica no Forum da Cultura. Eles, no entanto, funcionam em horário comercial. Valéria afirma que o desejo é o de que, realmente, todos eles abram também aos finais de semana, entendendo que é o momento em que o trabalhador pode ir aos espaços. “Se hoje não estamos abertos é por falta de funcionários e de bolsistas ocasionados pela pandemia e crise orçamentária.” Ela ainda sinaliza que existe um pedido tanto por parte da Administração Central da UFJF quanto da Prefeitura de Juiz de Fora para a mudança de horário e que conversas estão sendo realizadas para viabilizar isso, apesar dos cortes.
Os diretores do Forum da Cultura, Flávio Lins, e do Memorial, Daniella Lisieux, afirmaram que também compartilham desse desejo de ampliação do horário, mas que dependem de recursos. Assim como o Mamm, o Memorial e o Museu de Cultura Popular estão com mostras novas. “Tantas trajetórias” está em cartaz no Memorial, enquanto o ” E por isso eu canto” fica este mês no Museu de Cultura Popular.
A UFJF ainda possui outros museus vinculados às faculdades, sendo eles: Museu de Arqueologia e Etnologia Americana, Museu de Malacologia Maury Pinto de Oliveira, Centro de Conservação da Memória, Museu da Farmácia Professor Lucas Marques de Amaral, Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia e Museu da Moda Social. A maioria de suas exposições são de acervo próprio e suas visitas são por demanda, baseadas em requisições e programações especiais.
Sem previsão de ampliação
Pertencente à UniAcademia, o Museu de História Natural voltou a ser aberto recentemente. Durante o Mês Nacional do Museu, comemorado em maio, ele se manteve aberto aos sábados. Mas, no entanto, isso se restringiu à época. Agora, com a faculdade entrando de férias, o museu fica paralisado. Mesmo entendendo que o horário de funcionamento é restrito, a assessoria do UniAcademia sinalizou que não existe previsão de abertura aos finais de semana.
O Museu Ferroviário, gerenciado pela Prefeitura a partir da Funalfa, também não tem pretensão de, pelo menos por agora, abrir aos finais de semana. De acordo com a assessoria da Funalfa, o espaço só abre além do horário de funcionamento, que é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, para demandas específicas, como apresentações e cursos. “O controle do acesso ao condomínio é feito pela MRS e existem regras quanto ao horário de funcionamento, em especial quanto ao término das atividades noturnas que não podem passar das 21h. Essa condição acaba limitando também o uso do estacionamento, tanto nos dias úteis quanto aos fins de semana.”
Já o Museu do Crédito Real funciona em horário ainda mais restrito: segunda, quarta e sexta-feira. Seu funcionamento é mantido pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult). Até o fechamento desta edição, a assessoria responsável não respondeu sobre a possibilidade de ampliar o funcionamento e os motivos dessa restrição.
Temporariamente fechados
Outros museus, ainda, estão com suas portas completamente fechadas. Um deles é o Museu Marmelos, sob responsabilidade da Cemig. A assessoria informou que, por causa da pandemia, a empresa aproveitou a suspensão das atividades para realizar restauro do acervo, o que impossibilita a visitação. A reabertura, no entanto, não tem data prevista.
O Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, gerenciado também pela Funalfa, que, entre outras coisas, possui salas para exposições, também está com parte de sua estrutura fechada. O motivo, de acordo com a Funalfa, são as obras que afetam todo o equipamento. Elas têm previsão de serem encerradas em setembro, mas acredita-se que em agosto seja possível retomar algumas atividades. Com um dos acervos mais importantes, a Fundação Museu Mariano Procópio (Mapro) também está fechada desde 2008, apenas com acessos pontuais em projetos eventuais, e segue sem previsão de abertura plena.
Horários de visitação
Saiba quando conhecer alguns museus de Juiz de Fora
Museu de Arte Murilo Mendes
Ter. a sex. das 9h às 18h e sab. e dom. das 13h às 18h
Memorial Itamar Franco
Seg. a sex. das 10h às 17h
Forum da Cultura
Seg. a sex. das 10h às 19h
Museu Ferroviário
Seg a sex das 9h às 17h
Museu do Crédito Real
Seg., qua. e sex. das 12h às 18h