A Tribuna abre espaço a partir desta quinta-feira (10) para um novo chargista: Acacio Junior, o Cacinho, foi o escolhido para substituir o colega Mário Tarcitano, que se recupera de problemas de saúde, e passa a ocupar o espaço destinado para os traços ora críticos, ora humorísticos (geralmente os dois ao mesmo tempo) na página 2 do jornal.
Cacinho foi convidado pela Tribuna por conta de seu trabalho com charges e caricaturas, e se diz honrado pela oportunidade ao mesmo tempo em que não poupa elogios ao parceiro de ofício. “Acho o trabalho do Mário superbacana, substituir o cara é difícil, uma responsabilidade danada, mas espero que ele volte o mais rápido possível. Atualmente desenhava mais por hobby, então a ansiedade é grande”, diz.
Os dois artistas nasceram no estado do Rio, mais precisamente no Sul Fluminense, porém Cacinho é natural de Barra do Piraí enquanto Mário Tarcitano é de Volta Redonda, separados na origem por cerca de 40 quilômetros. Ao final, os dois resolveram adotar Juiz de Fora como lar, mas com trajetórias diferentes. O barrense era policial militar quando começou a fazer charges para o jornal do grupo de oposição no Sindicato dos Metalúrgicos de Barra do Piraí e passou a ser o chargista do jornal sindical quando os oposicionistas venceram a eleição, no final da década de 80.
“Sempre gostei muito de ler jornal, também acompanhava as charges, tirinhas. Eu fazia meus desenhos desde o primário, algumas caricaturas dos professores, depois piadinhas com algo que eles falavam durante as aulas. Fui me profissionalizar apenas no sindicato”, conta. “Mas antes disso eu já fazia alguns desenhos para o Sindicato dos Ferroviários, graças a conhecidos que tinha por lá, e já estava para dar baixa na PM quando passei a ser o chargista do jornal do Sindicato dos Metalúrgicos, posto que ocupei por cerca de quatro anos.”
Depois da experiência sindical, Cacinho passou a se dedicar às participações em salões de humor, além do período – entre 2000 e 2003 – em que publicou uma tirinha estrelada por duas bruxinhas (Tata e Tência) para o jornal “Madhava”, de Visconde de Mauá (RJ). Em 2005 aconteceu a mudança para Juiz de Fora a fim de fazer o curso universitário de artes, o que não aconteceu porque foi reprovado na prova de… Química. O artista então ingressou no curso de cinema da Universo (Universidade Salgado de Oliveira) e começou a fazer animações de massinha, ganhando alguns prêmios.
“Criei uma produtora para realizar as animações e também passei a fazer oficinas de animação. Há dois anos, venho escrevendo roteiros para novas produções, mais as charges diárias para colocar no Facebook – e continuo com as oficinas”, conta Cacinho, que tem Ziraldo como principal inspiração (“gosto muito do seu trabalho, apesar de termos traços diferentes”) e costuma dedicar suas charges a temas políticos, com “um futebolzinho de vez em quando”.
“Mas a política, do jeito que está hoje, é até concorrente, é difícil fazer algo quando a piada já vem pronta”, “reclama” o artista. Outra dificuldade que aponta é a polarização de posições que tomou conta da sociedade, em que uma opinião pode ser vista quase como uma ofensa ou declaração de guerra. “É preciso um certo cuidado, esse ‘ame ou odeie’ é muito intenso. Buscamos fazer uma coisa que fique divertida mas não ofenda ou seja mentirosa. Geralmente pego uma manchete, uma notícia importante, e tento destrinchar para ver se sai uma piada. Mas, como disse, às vezes é difícil porque a piada já vem pronta na própria notícia.”