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Cineclube Bordel Sem Paredes é retomado nesta quinta

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Brasileiro “Madame Satã”, de 2002, marca a retomada do cineclube nesta quinta, 11, às 18h, no Mamm. (Foto: Divulgação)
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Não apenas as mais importantes premiações do mundo apontam para a força dos serviços de streaming, mas, principalmente, a força dos hábitos, que se transformaram radicalmente com a chegada de outros suportes para produção e exibição de filmes. Das grandes salas à solidão de um quarto, cinema é outra arte. E resgatando a força da experiência coletiva, o Cineclube Bordel Sem Paredes retorna à cena em Juiz de Fora nesta quinta-feira, 11, às 18h, no Museu de Arte Murilo Mendes. Paralisado por pouco mais de um ano, o projeto passa a ser quinzenal, revezando-se entre o auditório do museu na Rua Benjamin Constant e o Espaço Diversão e Arte, no número 1.322 da Rua Halfeld.

“O objetivo maior de reativar o cineclube é sustentar uma possibilidade de espaço de interação e discussão coletiva na cidade, por meio do cinema. Quando o Daiverson (Machado, produtor) exibia os filmes no João Carriço, algumas vezes pouquíssimas pessoas iam às sessões, mas o espaço estava ali, disponível a quem quisesse, como uma espécie de ‘altar’. Com o fim do Cine Palace, o último cinema de rua que nos restava – e que também tinha tinha uma proposta de exibir filmes que não apenas os blockbusters -, a cidade ficou desfalcada de opções de encontros de caráter artístico com uma frequência regular. Então a missão do cineclube atualmente é assegurar essa frequência. E para isso é importante que haja, sim, a exibição de filmes que não tenham chegado em Juiz de Fora, filmes que as pessoas estejam querendo ver, mas, sobretudo, filmes que se conectem, de alguma forma, a um contexto que vivemos no Brasil e nos voltem à realidade”, defende o grupo formado por Ana Luiza Mendonça, Matheus de Simone, Rafael Costa e Rebeca Rose.

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Atento a seu tempo, o cineclube exibiu três longas e quatro curtas-metragens na II Mostra Cinema e Direitos Humanos em 2017. No ano anterior, exibiu “Boi neon”, do brasileiro Gabriel Mascaro, que estreava naquele período, e também o curta “Un chant d’amour”, de Jean Genet. No ano de sua estreia, 2014, o cineclube abriu suas portas para o polêmico e inédito na cinema “Praia do futuro”, do cearense Karim Aïnouz.
Para seu retorno, o grupo de coordenadores escolheu “Madame Satã”, do mesmo diretor. “O que nos impulsiona a querer fazer um evento público para assistir esses filmes com outras pessoas é o compartilhamento de opiniões e perguntas que eles suscitam. São filmes que pedem pelo diálogo, o compartilhamento com o outro, após o término da sessão”, pontua o coletivo.

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No campo de visão do projeto cinematográfico está a missão de pensar o presente e o futuro tanto pelas vias do individual quanto do coletivo, de mãos dadas, sempre. “Nesse caso, mais do que seguir cartilhas desgastadas pelo discurso, procuramos desenvolver nossa linha curatorial de forma um pouco mais intuitiva, aliando filmes que nos tocam mas que também chamam à contemplação dos temas sugeridos”, aponta o grupo, certo da urgência em tirar as paredes para debates complexos e profundos. “Diante do contexto político e social no qual estamos inseridos, a profusão de diferentes conteúdos de entretenimento e meios para acessá-los parece ter nos tornado cada vez mais ensimesmados. E para além do confinamento da arte e da cultura aos espaços privados, cresce cada vez mais a necessidade de uma curadoria crítica, que dê conta da produção extensiva, e eficiente no sentido de trazer temas relevantes para suscitar o encontro e o diálogo, cada vez mais escassos no espaço público.”

Filme sobre personagem boêmio da Lapa traz Lázaro Ramos como protagonista e ator Flávio Bauraqui como Tabu, amigo de Madame Satã. (Foto: Divulgação)

A lenda da Lapa

João Francisco dos Santos era artista, pai de sete filhos, negro, pobre, gay e boêmio. Com o apelido Madame Satã, ele fez história sob os arcos da Lapa, no Rio de Janeiro da primeira metade do século XX. Em “Madame Satã”, do cultuado diretor Karim Aïnouz, Lázaro Ramos dá vida ao polêmico e irreverente personagem, que se celebrizou como uma das maiores lendas da cultura marginal carioca. Exibido na Mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes, em 2002, o filme que consta na lista dos cem melhores filmes brasileiros de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) abocanhou diferentes prêmios mundo afora. No Festival de Biarritz, na França, venceu como melhor diretor; no Festival de Huevla, na Espanha, ganhou os prêmios de filme, roteiro, fotografia e ator. Segundo a Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Lázaro e Aïnouz foram, respectivamente, melhor ator e diretor do cinema brasileiro em 2002.

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MADAME SATÃ
Nesta quinta-feira, 11, às 18h, no auditório do Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (Rua Benjamin Constant 790 – Centro)

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