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Glue Trip faz show em Juiz de Fora

Glue Trip credito Bel Gandolfo III
Lucas, João, Pedro e Thiago formam a Glue Trip e se apresentam pela primeira vez na cidade (Foto: Bel Gandolfo/Divulgação)
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Tudo não passava de uma vontade muito grande de conhecer a música. Sobretudo, de fazer música. Até porque, Caetano Veloso já dizia: “O certo é fazendo música”. De tanto brincar nas possibilidades de timbres, harmonias e combinações, esse lugar de experimentação foi ganhando outra dimensão: virou coisa séria. Em 2012, Lucas Moura ainda achava que seu quarto era o limite. Mas fato é que a internet, já naquela época, tinha a façanha de romper barreiras, e sua música se tornou trabalho.

O paraibano foi chamado para fazer um show em São Paulo, junto com Felipe Augusto, que formava o duo. Depois dessa noite em 2013, as coisas mudaram: o projeto cresceu, recebeu o nome de Glue Trip. Desde sempre apostando na música psicodélica e nas influências brasileiras, agora o quarteto, formado, além de Lucas, por João Boaventura, Pedro Lacerda e Thiago Leal, parte para uma nova era, com o lançamento do disco “Nada tropical”. Nessa viagem pela música, eles desembarcam em Juiz de Fora, no Muzik, neste sábado (10), junto com a também psicodélica Basement Tracks.

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“Glue Trip sempre foi o meu projeto de vida, eu levei isso para minha vida toda”, confessa Lucas, aquele que pode ser considerado a alma desse projeto. Como, no entanto, não se faz música sozinho, ele sempre contou com parceiros que foram moldando o que é a Glue Trip. O primeiro álbum homônimo foi lançado em 2015. Como deve ser: é um cartão de visitas que já anuncia do que se trata essa viagem. O segundo, de 2018, “Sea at night”, já não tinha Felipe, seu braço direito. Nele, Lucas também assume tudo: das canções às produções. Mas foi preciso partir para São Paulo para que mais portas fossem abertas, e a Glue Trio começar a decolar.

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Assim foi: shows pelas principais casas de São Paulo e turnês internacionais. As próximas paradas já estavam definidas: Europa e Estados Unidos. Viagens essas barradas pela pandemia. Junto com ela a realidade de cada integrante da época ir para um lugar, distanciando-se. Depois de um respiro, ao ver as primeiras pessoas sendo vacinas, Lucas decidiu: “Vou montar uma banda e quero que seja uma banda de música brasileira”. Aconteceu: “E é a banda que fez o ‘Nada tropical’ (disco lançado neste ano, já com João, Pedro e Thiago)”.

‘O único Brasil possível é o musical’

Até então, os dois primeiros discos da Glue Trip tinham suas letras em inglês. Apesar disso, Lucas afirma que sempre teve como norte a música brasileira. Nessa nova formação, queria deixar isso mais claro. “Quando eu juntei esses músicos, eu pensei muito no Azymuth, nas bandas bases que existiram nos anos 1970. E eu acho muito legal essa diversidade, esse molho que é criado quando os músicos se misturam nas bandas da época. Foi juntando (na banda) várias cabeças que eu botava fé que ia funcionar, porque tinha afinidade musical. Apesar de cada um ser diferente, de estilos e lugares diferentes, eu acho que dentro da música, em cima do palco, no estúdio, a gente tem uma afinidade grande, e isso cria um molho legal da banda.” Esse, inclusive, foi o primeiro álbum do Glue Trip em que Lucas convidou um produtor musical para ajudar a pensar no conceito do álbum. “Como manda a cartilha”, ele brinca. Como queria um disco bem brasileiro, pensou no Zé Nigro, produtor que já esteve ao lado de diversos músicos brasileiro, sobretudo da cena paulistana.

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“Nada tropical” traz, então, as músicas escritas por Lucas em portguês. Uma delas, inclusive, a que dá nome ao álbum, afirma: “O único Brasil possível é o musical”. Apesar do nome, todo o disco mescla a psicodelia presente desde o “Glue trip” com ares tropicais brasileiros. Lucas diz que sempre escreveu em portguês, mas achou interessante trazê-las à tona nesse disco. “Quando eu escrevia em inglês, eu tinha mais preocupação estética. Eu acho que quando você escreve em português você vai mais além, dá um mergulho mais profundo”, diz o líder.

Aos mestres

Além desses itens brasileiros, das letras aos instrumentos, os artistas da música do país também são ovacionados em “Nada tropical”. Ao ler os títulos das faixas, você se depara com a “Marcos Valle”, a segunda música. Ao ouvi-la, percebe-se também o nome de Gal Costa. Falar sobre esses ídolos é, de acordo com Lucas, a oportunidade de mostrar, claramente, as influências da banda. Uma forma de falar que é, e sempre foi, puramente brasileiro. “É uma maneira de falar para o nosso público brasileiro: a gente quer estar mais perto de vocês, ligado a esse universo. E o Brasil não faz muito esse exercício de homenagear os caras que construíram a música brasileira. A gente quis construir esse lugar. Eu só quis deixar isso mais claro. Eu quis ter clareza em tudo nesse disco.”

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Essa homenagem se tornou ainda mais pessoal com a participação de Arthur Verocai, pianista, violonista, compositor, arranjador e maestro brasileiro que se destacou nos anos de 1970. Lucas conta que o encontro foi espontâneo. Eles pensaram nele quando foram decidir as participações e tudo fez sentido. “Foi uma ideia que parecia que o universo tinha jogado na minha orelha e ficou lá, como uma pulguinha. Ele agregou muito ao projeto, além de realizar um sonho, que é ter uma música com o Arthur Verocai, que é uma coisa muito bonita. Foi a parte mais emocionante da produção: estar no Rio de Janeiro acompanhando a gravação das cordas.” O resultado pode ser visto na música “Lazy dayz” (em inglês).

Glue Trip pela primeira vez

Todo esse caminhar vai ser apresentado no Muzik, quando chegam pela primeira vez em Juiz de Fora. Eles, finalmente, conseguiram fazer a turnê na Europa, em setembro deste ano. Lucas diz que a sensação que tiveram lá está sendo semelhante a que estão sentindo aqui. Toda vez que a gente vai tocar na cidade pela primeira vez é uma expectativa muito grande, porque é um público que a gente não conhece. Eles escutam em casa, mas nunca viram ao vivo. É emocionante esse primeiro contato. Vai ser massa”, finaliza.

 

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