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JF Foto 17 começa com palestra do renomado fotógrafo Walter Firmo

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Foto: Walter Firmo

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Walter Firmo exalta a tradição negra em imagens capturadas pelo país
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Seu mundo é poesia, se não registrasse em fotos, certamente a poesia se esvairia em outra plataforma. Além de tudo: de toda alma, pensamento, música, texto e cor, Walter Firmo é fotógrafo. Sua luta é da cor da sua pele, exalta a tradição negra em contrastes com o colorido saturado dos panos, natureza e toda luz do Brasil. “Quanto à estética e poesia de Walter Firmo” é a preleção que será conduzida pelo próprio, certamente sobre sua vida, agora com seus 80 anos, e mais ainda sobre sua história pessoal com a fotografia. Às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes, acompanhado por Sérgio Neumann, fotógrafo juiz-forano, Walter Firmo abre o JF Foto 17, evento produzido por Eridan Leão e Fernanda Lauro junto à Funalfa.

Como será que este pedaço de Minas será visto pelas lentes de Walter Firmo? Mesmo que seja somente por seus olhos querendo fotografar? Certamente, como professor, se deparando com um novo público, em um evento dedicado a quem tem apreço pela imagem poeticamente cantada, Walter Firmo trará inspiração.

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A programação do JF Foto 17 vai de 9 de novembro e 10 de dezembro, com exposições coletivas e individuais, mesas de debate com temas envolvendo fotografia social, participação de coletivos, além de oito oficinas com técnicas que vão do daguerreótipo ao drone. As vagas das oficinas são limitadas, com valor específico para cada curso, e as inscrições estão sendo feitas pelo site da prefeitura.

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Foto: Walter Firmo

“O que as pessoas deixam para trás, diz muito”, terminou dizendo Ana Rodrigues sobre seu vídeo de arte “Entre”, lançado este ano no Rio de Janeiro – sua cidade de origem. Em Juiz de Fora, ele será exibido também durante a abertura do JF Foto 17. Ana, instigada por imagens de inventário, acompanhou as histórias violentas da desocupação do complexo de prédios no Bairro Engenho Novo, no Rio. O imenso prédio “imenso tudo”, onde estavam instaladas empresas de telecomunicações, conhecido como Favela da Oi, posteriormente foi ocupado por seis mil pessoas que usavam como moradia, e em 2014 foi incendiado.

As fumaças pretas das imagens do dia do incêndio são o instrumento de corrosão de tudo que um dia tinha vida e movimento por lá. “A minha primeira curiosidade foi a de entender como aquele espaço tinha sido ocupado. Era uma história que me instigava. Mesmo muito vazio, ele carrega as pessoas que ali estavam morando ou trabalhando”, explica a fotógrafa. O vídeo de três minutos, com imagens estáticas e “fotografias que respiram”, produzidas por Ana Rodrigues e editado por Roberta Dittz, contém cenas intactas de como ela encontrou o lugar e fotografias de objetos que ela recolheu no prédio e fotografou em estúdio, inventários de um lugar falecido.

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Um dos espaços que mais a impressionou é o poço do elevador, todo incendiado. “Uma caverna toda queimada. Era como se fosse desenhos criados pelo fogo, como se fosse arranhões, mas que nitidamente não foram feitos por ninguém”, conta Ana, que também tem em sua memória a imagem da Estátua de São Jorge e de peças do jogo Banco Imobiliário encontradas e fotografadas por ela. São essas coisas (e aqui cabe bem a simples palavra) que contam a história, por imagens. Em cada pessoa provoca um estímulo diferente, de acordo com as formações discursivas, culturais e pessoais de quem assiste.

Foto: Walter Firmo

Um recurso que usou para trazer as pessoas mais próximas ao chão que ela pisou é a ambiência atmosférica do som gravado enquanto percorria aquele ambiente. “A trilha sonora eu gravei do ruído do local, é um zumbido incômodo. Lá dentro eu me sentia muito mal, tinha um tempo de conseguir ficar lá dentro e depois eu tinha que sair correndo.” São retalhos de memórias de diversos tempos, que, fotografados em outro local, ressignificam as histórias de vidas de Carla, Matheus, Ingrid, Maykon e outros sem moradia que ali encontraram teto por alguns dias.

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JF Foto 17
Abertura com palestra de Walter Firmo nesta quinta-feira (9), às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Rua Benjamin Constant 790). Exposições e mesas de debate de 9 de novembro e 10 de dezembro.

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