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Cultura e tecnologia: produções artísticas se tornam ativos digitais

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Os avanços tecnológicos têm alterado as lógicas sociais e o setor cultural não ficou de fora. Foi pensando em incorporar essas novidades em seu trabalho, que artistas como a cantora sertaneja Dhama e o grupo de pagode Bombocado começaram a tokenizar suas produções. A prática consiste em transformar a comercialização dos royalties da canção que seria um bem físico, em um ativo digital, por meio do “non-fungible token” (NFT).

O NFT é um token que, quando o investidor compra, na verdade, ele está obtendo um contrato desses royalties. Para garantir a segurança, esse contrato é protegido pela blockchain, uma tecnologia de registro inviolável de transações. Cabe ao artista criar quantas cópias ele quer vender da música e estipular os valores. A iniciativa vem atraindo os investidores do mundo virtual, já que faz com que os royalties sejam comercializados, através da tokenização.

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Nesse sentido, ao capitalizar sua produção artística antecipando o recebimento de royalties, os artistas passam a ganhar um investimento para poder contribuir com sua própria carreira. Os lucros oriundos desse processo, que seria o sucesso da canção, passa a ser dividido entre os “acionistas”, que contribuem ativamente para a divulgação, porque também impacta em seu bolso.

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A junção entre música e tecnologia ficou a cargo do produtor musical Bruno Perdigão. Ele é o responsável por fazer a administração dos royalties, por meio de sua empresa, Ichello, uma startup brasileira sediada em Belo Horizonte. Foi ainda neste ano que a empresa migrou para a tokenização dos royalties e possibilitou que qualquer artista – seu cliente – possa participar desse novo mercado. Ele explica que a música pode dar lucros vitalícios, uma vez que sempre que ela tocar, ela vai gerar lucros. A Ichello é parte desse cenário à medida que oferece a plataforma onde o artista vende e o investidor compra.

A escolha por esse ramo nasceu da potencialidade que enxergava ali. Bruno destaca que qualquer tipo de negócio pode virar um ativo digital. Segundo ele, a procura pela tecnologia vai se manter por longa data, além de se expandir para outros mercados. “Veio para ficar não só na música, mas em outras áreas como serviços de cartórios o NFT e token resolvem de forma mais barata e positiva as demandas”, conclui.

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A mistura mineira com a tecnologia

Para Dhama, a tokenização surgiu como uma oportunidade de adiantar recursos que talvez demorasse anos até conseguir retorno (Foto: Divulgação)

Precursoras na transformação de suas músicas em ativos digitais, a cantora sertaneja Dhama e o grupo de samba Bombocado vêm assumindo o lugar de precursores no uso dessa tecnologia. A primeira a adentrar nesse novo universo foi Dhama, quando lançou a música “Coração Mole”, ainda em março deste ano. Mas ela não parou por aí. Outra canção tokenizada será lançada, em breve.

Natural de Além Paraíba, a cantora iniciou a profissão soltando a voz na igreja que seus pais frequentavam e não demorou muito para embarcar na jornada de diferentes estilos até se encontrar no sertanejo, quando se destacou. A tokenização apareceu no momento em que foi gravar uma música, em Belo Horizonte. Segundo ela, ali estava uma grande oportunidade de adiantar recursos que talvez ela demorasse anos até conseguir retorno. Uma via de mão dupla em que cantor e investidor se beneficiam, ela avalia.

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“É uma grande oportunidade para o artista conseguir constância no seu trabalho através dos investimentos dos investidores, e também para o investidor que consegue ter uma garantia de retorno.” conta Dhama sobre a música ser perpétua.

O pagode do BomBocado

Para o Bombocado, a proposta viabilizou o projeto que estava em curso, pois ofereceu uma solução que ofertava uma cobertura de despesas, exposição e engajamento (Foto: Divulgação)

Os juiz-foranos da Bombocado vem mostrando ao que vieram. O grupo, formado por Aurélio Ciuffo (vocalista), Leonardo Majela (tecladista) e Nelson Monteiro (cavaquinista), procurou aproveitar a modernidade da tokenização e a essência tradicional de um bom pagode para formar a banda.

A energia garantida das músicas agitadas às românticas fez com que a banda desse um passo rumo a gravação do DVD. Diante dessa nova etapa surgiu outra oportunidade, o convite da Ichello para fazer a tokenização. A proposta viabilizou o projeto que estava em curso, pois ofereceu uma solução que ofertava uma cobertura de despesas, exposição e engajamento. “Levantamos capital para produção do DVD através da venda do NFT aos nossos sócios”, conta Nelson.

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A iniciativa atraiu cada vez mais sócios, o que fez render a divulgação. Já que quanto mais o DVD se concretizasse como sucesso, mais os investidores lucrariam com a divisão dos royalties. A possibilidade de retorno econômico, entretanto, não foi o único motivo, revela o cavaquinista. “A sensação de participar de algo realmente novo e promissor desperta grandes interesses e te coloca numa posição de vanguarda”, diz.

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