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Os Garotin fazem apresentação em Juiz de Fora com ‘música pop extremamente brasileira’

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Os Garotin fazem show e marcam um ano de álbum que ganhou Grammy Latino (Foto: Fernando Schlaepfer/ Divulgação)
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O grupo Os Garotin chega a Juiz de Fora neste sábado (10), para tocar no Festival Pop Up. A vinda dos artistas coincide com a comemoração de um ano do primeiro álbum que lançaram juntos, “Os garotin de São Gonçalo”, e que foi responsável por grande mudanças em suas vidas — desde o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa até viagens pelo Brasil para se apresentarem nos grandes festivais. Mas toda essa história se iniciou antes, enquanto a carreira de cada um começou em caminhos paralelos e convergiu só em 2019, com um empurrãozinho de Caetano Veloso e Paula Lavigne, que incentivaram os artistas a assumirem de vez a parceria. Já trabalhando juntos em outros projetos, eles falaram com a Tribuna sobre o que consiste o som que fazem e como a mistura entre soul music, MPB e R&B formou um pop que, como definem, é “extremamente brasileiro”. 

Quando se conhecerem, entre 2018 e 2019, Anchietx, Cupertino e Leo Guima já tinham trajetórias com elementos em comum: todos eles eram de São Gonçalo, queriam ser artistas e tinham começado a cantar em igreja. Mas Anchietx e Cupertino já tinham carreiras solo, ao contrário de Leo, que estava começando. Até que, em um sarau, foi sugerido que se juntassem. Foi durante essa trajetória na música que também foram se tornando grandes amigos e percebendo desde referências em comum até um senso de humor também parecido, como contam. Mas foi depois que começaram a pensar mais seriamente sobre o assunto, entendendo essas proximidades e o que poderiam acrescentar um ao outro. “A gente falava em dez anos, quem sabe, se juntar e fazer uma banda. E pensamos qual seria o nome, Os Garotin de São Gonçalo”, conta Leo, sobre o nome que depois acabou sendo encurtado, mas que batizou o primeiro álbum deles juntos. 

A produtora Paula Lavigne e o músico Caetano Veloso também influenciaram na decisão, falando sobre como os três, na verdade, já estavam virando um trio naturalmente. Além disso, toda vez que voltavam a se apresentar na frente dos dois, também queriam impressioná-los, o que fez com que fossem compondo juntos cada vez mais. “Musicalmente, temos muito em comum, mas de um jeito difícil de explicar. Cada um tem um estilo, mas fica tudo muito coerente. É um mistério. Acho que a nossa amizade faz essa liga musical acontecer”, define Cupertino. E, juntos, também foram fazendo uma música que percebiam que tinha um diferencial: era a mistura que traziam, tanto na composição quanto na letra, que conseguia juntar referências para criar algo novo. 

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Algo que, como refletem, traz um pouco do próprio tempo, mas também da onde vieram. “A música pop contemporânea, na minha cabeça, não é um estilo musical. Não tem como explicar para uma pessoa como que é música pop. Não se explica: é uma cultura de misturas, de tendência mundiais, com o que é mais regional”, afirma Cupertino. Para ele, não é à toa que nomes como Liniker e Marina Sena têm chamado a atenção no pop local e que façam também músicas bem diferentes entre si. “Acho que o que define é estar alinhado com um conceito universal de música e conseguir aplicar a sua lógica local. Misturamos a nossa brasilidade, o que temos de mais íntimo, com o que tem de mais universal e tendência no mundo”, destaca.

O mundo em São Gonçalo 

Amizade, senso de humor e origem unem trajetórias de Anchietx, Cupertino e Leo Guima (Foto: Fernando Schlaepfer/ Divulgação)

São Gonçalo não é só onde esse primeiro álbum foi escrito e um nome usado para batizá-lo, mas também, como define Anchietx, onde “viveram tudo” para que pudessem chegar onde estão. “Aprendemos muito, tanto as dores quanto os amores, vivi um movimento de aceitação e o hip hop que foi muito importante. Aprendemos tudo, sofremos o que tinha para sofrer, mas também sorrimos muito”, diz. A vontade de voltar para lá veio, para eles, logo que ganharam o Grammy, tanto para poderem rever pessoas que marcaram as trajetórias quanto para digerirem tudo que aconteceu – e, mais tarde, também para o casamento da mãe de Anchietx.

Durante a cerimônia, eles também fizeram a primeira viagem internacional. Vindos de São Gonçalo, o mundo também pôde conhecer um pouco de lá a partir deles. E, em meio a tantas incertezas e fórmulas de música prontas, também puderam entender a importância disso. “Faz o que você sonha, faz o que você gosta, porque tem muita gente querendo ouvir essa verdade. Acho que esse Grammy é um sinal disso”, afirma Leo.

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O imprevisível pela frente

Se a trajetória até aqui foi difícil de prever, a única coisa provável é que, daqui para frente, os próximos passos também sejam. Para Cupertino, isso combina com a trajetória deles: de quem gosta de ir na contramão de tendências musicais com fórmulas, e que explora diferentes perspectivas. “A gente vai continuar indo em direções em outro trabalho, o que a gente fez nesse também não é regra. Assim como quando a gente fez, não pensou que era o caminho certo, fez o que queria fazer. (…) A gente estuda muito, escuta muita coisa, ninguém inventa nada sozinho. A gente vai se alimentando de referências”, diz.

Para eles, o segredo é tentar entender o que aconteceu na história da música, o que está acontecendo e juntar. “Cada vez a música pop está ficando mais imprevisível, e quem gosta de previsibilidade não está gostando da música pop. (…) Esse é o momento em que o pop assume o padrão que é não ter padrão”, continua Cupertino. Para os fãs acalmarem o coração, também revelam que, em meio a essas turbulências, já estão com um álbum solo pronto cada um e esperam, esse ano, “Os garotin session 2″, com cinco faixas inéditas.

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