O carnaval antecipado de Juiz de Fora chega a seus dias finais, e nesta sexta-feira (9) a principal atração é o tradicional Bloco do Beco. Criado há 45 anos, seus integrantes já marcaram a concentração para as 18h no Parque Halfeld, em frente à Câmara Municipal, de onde partem às 20h em direção ao calçadão da Rua Halfeld, com o desfile chegando ao final na Rua Batista de Oliveira. Neste ano, o bloco conta com cerca de 40 ritmistas comandados pelo Mestre Jansen, da escola de samba Real Grandeza, além de cavaquinho, trompete e trombone para marcarem a harmonia. Mas a festa não vai terminar cedo: depois do desfile, os integrantes vão emendar com uma grande festa no Bar da Fábrica.
Segundo um dos fundadores do bloco, o cantor e compositor Mamão, o Bloco do Beco vai manter a tradição de homenagear, sempre que possível, uma figura marcante do carnaval que ainda está viva. E o escolhido foi outro integrante de primeira hora: Luiz Francisco de Paula, mais conhecido como Dudu Maravilha. A pedido dele, o bloco leva para a rua um dos antigos sambas compostos por Mamão para o bloco. “O Dudu foi nosso primeiro mestre-sala e sempre desfilou com Dona Nancy de Carvalho, a primeira porta-bandeira de Minas Gerais. Este ano ele estará mais uma vez na função, agora acompanhado pela Beth Siqueira”, adianta Mamão.
Homenagear um de seus fundadores não deixa de ser uma forma de celebrar a longevidade de um bloco criado em 1973, ainda sem nome, que tinha o desejo de manter viva a tradição do carnaval de rua na cidade, que depois dos anos 50 e 60 havia perdido espaço para o desfile das escolas de samba, então o grande referencial da folia em Juiz de Fora. Ainda que possa ser uma história mais que conhecida, Mamão sente orgulho em relembrar as origens de uma ideia que ganhou vida, força e virou marca da folia local. “Éramos uma meia dúzia de amigos que se reunia em um botequim na galeria Phintias Guimarães (entre a Halfeld e a São João), mas que resolveu criar um bloco que ia da galeria até a Halfeld e depois voltava. Não imaginava que ia crescer tanto.”
O nome do bloco veio de uma música que Mamão e parceiros compuseram e que participou de um festival de música em Volta Redonda. “O Beco do Baltazar” marcou tanto na época que batizou o bloco e, de maneira informal, a galeria onde eles se reuniam, o botequim e o próprio grupo de amigos. “Atravessamos o período da ditadura fazendo muitas críticas, brincadeiras nas composições, pois o bloco, com exceção do ano em que tivemos uma letra censurada, sempre desfilou com músicas próprias.”
Ainda que os tempos tenham mudado, Mamão garante que o Bloco do Beco continua fiel a seu propósito: reunir amigos e levar alegria para quem é da folia. “Nosso compromisso é com a alegria do povo. Nunca tivemos a intenção de sermos superorganizados, exatamente para não tolher as pessoas. Continuamos com esse espírito até hoje”, afirma o compositor, salientando que o bloco vai além de um compromisso de carnaval. “Nós somos uma família, nos encontramos o ano todo em festas, aniversários. Tudo isso reforça a amizade, e a cada ano sempre ganhamos novos amigos. Essa renovação é importante, porque é uma luta quase eterna para manter essa chama acesa.”
Du Maravilha
Autor: Mamão
Neste carnaval
Eu quero mostrar
Que ainda sou feliz
Vou cantar para esquecer
Quem não me quis
Foi na primavera que passou
A minha vida florida
Se modificou
E no verão a saudade
Provocou a tempestade
Que inundou meu coração
Mas no outono da vida
Existe uma verdade
Ainda que seja tarde
Quem semeia vento
Só pode colher tempestades
Bloco do Beco
Nesta sexta-feira (9), concentração às 18h, no Parque Halfeld. Desfile às 20h até a Rua Batista de Oliveira