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Tenetehara realiza última edição do Garimpasso do ano

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Emmanuel Divulgacao
Emmanuel deu uma guinada na vida e, pouco tempo depois, criou a marca Artes Uai: o caminho que encontrou para que mais pessoas tivessem acesso à sua produção (Foto: Divulgação)
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Emmanuel Motta Rodrigues hesita quando o chamam de artista. Porque, apesar de a palavra “artes” vir escrita na marca que criou para comercializar suas peças, o que faz é muito natural para ele. “Tem umas coisas que eu faço que, quando olho, penso: ‘Como eu fiz isso?’. E não sei dizer”, brinca. A inspiração nem ele sabe de onde vem. “Vem lá de cima. É uma coisa meio mediúnica, eu acho”, ri. As peças de Emmanuel são, em sua maioria, fruto do reúso: é pé de máquina de costura antiga que vira abajur, é madeira que vira tábua ou casinhas coloridas que têm mil e uma utilidades, mesinhas… E por aí vai. Parte dos trabalhos que ele faz pode ser visto, neste sábado (9), no Garimpasso, feira que acontece no Tenetehara (Avenida Presidente Costa e Silva 2776 – São Pedro), a partir das 16h. Além dele, participam do evento vários brechós da cidade, bem como outros expositores de artesanato e cosméticos. A música fica por conta de Analiz e Pedro Dias.

O artesanato é natural para Emmanuel porque ele cresceu vendo seu avô, que era marceneiro, e seu pai, que, como conta, fazia algumas coisas mais simples para a casa, criando um tanto de peças – sempre utilitárias. Quando viu, estava ele também usando a máquina e fazendo algumas pecinhas. Virou um costume que ele mantinha por prazer. Em 2008, no entanto, um acidente de trabalho fez com que ele perdesse a mão direita, e, assim, precisou se aposentar. “Eu tinha 40 e poucos anos e não estava preparado para aposentar. Eu fiquei preocupado porque fiquei também sem emprego e com medo de adoecer. Decidi me dedicar ainda mais à produção dessas peças para me ajudar mesmo. E me ajudou muito.”

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Pouco tempo depois, ele criou a marca Artes Uai: o caminho que encontrou para que mais pessoas tivessem acesso para a sua produção. Mas ainda assim ele afirma que a ideia nunca foi exatamente vender muito, apesar de, hoje em dia, ser um meio de ajudar na sua renda. Ele, claro, aceita encomendas e produz outras peças porque tem necessidade disso. “Tem vez que acordo à noite com uma ideia na cabeça. E eu preciso colocá-la no papel, desenho os ângulos, que embelezam a peça, e depois vou ver se funciona mesmo. Preciso colocar isso para fora. Me faz bem. Tanto que eu fico doido para começar a fazer logo. Vou procurar o material, às vezes, eu já até tenho e logo faço. Não sou desses de começar e não terminar. Começo e termino logo”, confessa.

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Sobre os materiais que usa, Emmanuel conta que faz mesmo o reúso. Ele mesmo encontra algumas madeiras na rua e as leva para casa, ou outras pessoas encontram e dão a ele. “Eu encontro algumas coisas e vou tendo algumas ideias. Vou transformando. Por exemplo, às vezes, eu vejo um pedaço bonito de jacarandá e quero eternizá-lo de alguma forma. Dar uma repaginada nas coisas”. O resultado disso, além de dar vida nova a coisas que poderiam ir para o lixo, é que os custos de suas peças são baixos, já que são reaproveitadas.

(Foto: Divulgação)

As mudanças que ele produz, inclusive, fez com que algumas pessoas o procurassem para que ele realizasse restauração de móveis antigos. E ele fez. E gostou do resultado também. Ainda assim, confessa que o que gosta de fazer são os utilitários: “Eu os transformo em coisas que são bonitas e úteis. Vão enfeitar a casa e dão para usar também”, é um costume que veio como herança. “Porque meu pai e meu avô não estão mais aqui. Então, ficou tudo para mim, né?”, ri. Transformar é verbo que perpassa sua vida toda. Inclusive, foi uma ação necessária até para que ele conseguisse trabalhar melhor. “Até as máquinas que eu uso precisei transformar, para que ficassem mais fáceis de mexer”. Emmanuel transformou sua própria vida, através do artesanato. “Foi um caminho melhor que ficar doente ou revoltado, eu acho. Porque tudo se transforma mesmo.”

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Na feira

Na feira de sábado, em um lugar em que ele diz que se sentiu bem – já que, quando expôs em um shopping, sentiu-se como um “passarinho na gaiola” -, Emmanuel conta que vai levar um baú cheio de coisas: suas casinhas que são mini-jardineiras que são as mais vendidas, alguns abajures, bandejas e luminárias. Tem mais, que pode ser visto em seu Instagram (@artesuai).

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