A jornalista juiz-forana Leda Nagle foi informada nesta quarta-feira (7) que a exibição do programa “Sem censura” será interrompida pela TV Brasil e ela não terá seu contrato renovado. Leda comandava o programa de entrevista há 20 anos pela emissora estatal. Em uma rede social, a jornalista publicou um desabafo nesta quinta (8): “Confesso que preferia ficar calada neste momento. Recolhida, lambendo minhas feridas, me reorganizando, repensando a vida com o coração e a razão. Mas, ao mesmo tempo, me sinto na obrigação de esclarecer esta situação que me surpreendeu ontem e que ainda não posso dizer, sinceramente, que assimilei ou degluti”, afirmou. Sobre o assunto, a TV Brasil emitira uma nota ainda na quarta pela manhã. “A EBC está empenhada em manter o ‘Sem censura’ na grade de exibição da TV Brasil com a apresentadora à frente do programa, mas está sendo obrigada a rever este e outros contratos devido à severa restrição orçamentária que passa a empresa e o país de forma geral.”
Após o acontecimento, várias celebridades iniciaram uma campanha nas redes sociais pedindo a permanência da jornalista. Nomes como Zezé Mota, Alexandre Nero, Taís Araújo, Eriberto Leão, Débora Falabella, Zezé Motta, Marcius Melhem, Camila Pitanga e Ingrid Guimarães compartilharam a hashtag #FicaLedaNagle.
Confira o comunicado de Leda Nagle na íntegra, como publicado em sua página oficial no Facebook.
“Foi assim
Confesso que preferia ficar calada neste momento. Recolhida, lambendo minhas feridas, me reorganizando, repensando a vida com o coração e a razão. Mas, ao mesmo tempo, me sinto na obrigação de esclarecer esta situação que me surpreendeu ontem e que ainda não posso dizer, sinceramente, que assimilei ou degluti. Mas vamos lá. Há dois meses procurei a direção da EBC para saber se iriam renovar meu contrato que terminou no dia 5 de novembro, como mandava nosso contrato. A resposta foi: sim. Fizemos três reuniões falando do assunto, cumpri as regras burocráticas e continuei no ar, mesmo sem contrato, cumprindo minhas obrigações de acordo com as normas que acreditava vigentes. Tanto o Presidente da EBC como seus subordinados também agiam como se tudo estivesse certo. Segundo me diziam eles, “o contrato está acabando de ser feito pelo jurídico”. Sempre foi assim, demorado, sempre teve validade de um ano, de 5 de novembro de um ano até 5 de novembro do outro ano. Ontem, me convocaram para uma reunião e me apresentaram um aditivo (tipo um remendo de contrato) que vale por dois meses e termina dia 5 de janeiro, coincidentemente dia do meu aniversário.
“Estamos sem dinheiro para continuar. Você fica até 5 de janeiro. Em março você propõe alguma coisa e a gente pode até conversar”.
Portanto fui demitida ontem pelo Laerte Rimoli, á uma hora da tarde. Claro que fiquei triste. Tenho 40 anos de televisão. Estou fazendo o Sem Censura há quase 21 anos. Gosto muito do programa e da minha equipe. E, mais do que triste, fiquei perplexa com a falta de caráter em dar a palavra de que estava tudo certo, que o contrato seria renovado, deixar a pessoa trabalhar normalmente , sem contrato, acreditando na palavra empenhada e aparecer com advogado, um aditivo e esta desculpa esfarrapada da falta de dinheiro. Não houve nenhuma proposta de redução do valor do contrato, nenhuma tentativa de composição, nem nas reuniões anteriores nem á uma hora da tarde de ontem, quando Laerte Rimoli me demitiu. Foi assim. Foi muito feio. Fiquei e estou muito triste. Mas vida que segue. Sou uma mineira guerreira. Bola pra frente, com certeza. Se Deus quiser.”