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Concertos em conserto

cravista se apresenta neste domingo na capela do colegio academia

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Quando o ano começou, Juiz de Fora contava com diferentes formações orquestrais. Quando dia 31 de dezembro chegar, possivelmente nenhuma delas estará em atividade. O silêncio desses conjuntos se fez sentir, inclusive, na 26ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, que chega ao fim neste domingo, após sofrer diversas alterações, entre elas a alteração da data e a redução de dias. Pela primeira vez na história do evento, nenhuma formação do Centro Cultural Pró-Música integrou a programação. Segundo a pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria, a paralisação das orquestras (de câmara, jazz, sinfônica, escola, pré-escola), da camerata, do quarteto e do coral, que ocorreu no início do segundo semestre, se deve ao antigo impasse acerca da gestão financeira da instituição cultural.

O término do contrato com a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), em agosto, de acordo com Valéria, exige que todos os regentes sejam pagos pela própria universidade, o que só pode acontecer através de pró-labores, que só são válidos por três meses, ou, então, por contratos de terceirização, o que não interessa a esses profissionais, já que prescinde de uma carga horária mínima de 30 horas. “Estamos trabalhando dentro da legalidade e não temos como contornar essa situação”, garante a pró-reitora, apontando para uma das saídas discutidas recentemente: “Temos a expectativa de que uma fundação de apoio assuma essa gestão financeira na cultura. Outra alternativa, imediata, é trazer as atividades do Pró-Música para dentro do curso de música. Assim, os professores absorveriam o trabalho dentro de suas cargas horárias.”

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Enquanto o impasse não é resolvido, os ensaios continuam paralisados comprometendo, segundo os maestros, a qualidade dos conjuntos. “É uma pena, porque é uma orquestra que estava muito entrosada. São pessoas que já trabalhavam juntas em diferentes situações, e isso contava muito no resultado final da música produzida”, comenta a maestrina Angela Pinto Coelho, até julho à frente da Orquestra de Câmara Pró-Música/UFJF. Questionada sobre a possibilidade de seu retorno, Angela é direta. “É preciso que haja a possibilidade de me contratarem, que estou pronta para fazer esse trabalho. Poderia me dedicar muito, desde que tivesse um contrato justo e interessante”, diz a profissional, aposentada do Palácio das Artes, onde entrou em 1986, e da Universidade Federal de Minas Gerais, onde fundou o coro da Escola de Música.

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Regente da Orquestra Sinfônica do Pró-Música/UFJF por cinco anos e da Camerata Pró-Música/UFJF por oito meses, Nerisa Aldrighi, diretora do Conservatório de Música de Niterói, pontua que “as orquestras representavam a própria cidade”. Citando a experiência da Universidade Federal Fluminense, na qual as orquestras são compostas por músicos concursados e regentes e solistas terceirizados via fundação de apoio, Nerisa sugere a flexibilidade necessária ao contexto da prática musical. “A lei determina esses horários, mas na realidade não se cumpre isso, porque o trabalho continua de outras formas, em casa e em apresentações nos finais de semana. O contrato de 30 horas é um modelo para professor. Em outros lugares, o comum é um pagamento de cachê por temporada”, pontua.

Coordenando muitas vozes

Quarenta anos de estrada é o bastante para superar um momento adverso, garante o presidente do Coral Pró-Música/UFJF, Paulo Bracher, o mais antigo coralista do grupo. Contrariado com uma sugestão de regência, feita pela universidade, o coral convidou o maestro Victor Cassemiro para seguir guiando os ensaios de sexta e sábado sem a certeza de receber pelo trabalho. “O coral não parou em tempo nenhum em razão dos membros, que continuam se reunindo, e pela disposição do Victor Cassemiro e da Letícia Villela, que nos acompanha ao piano. Precisamos de um regente que tenha sintonia com nosso trabalho”, comenta Laura Mendonça de Rezende Rodrigues, membro e representante do coral, que tem realizado os ensaios no próprio Centro Cultural, na Catedral e no Castelinho dos Bracher.

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Indignado com a situação de incerteza que cerca a formação, o grupo encaminhou uma carta à universidade, em meados de julho, solicitando um posicionamento. Segundo Laura, foi feita uma reunião para explicar a situação, mas nenhuma ação foi tomada. “Não sabemos como se dará a continuidade. Nosso destino está fadado ao término”, lamenta. Impossibilitados de fazer as apresentações costumeiras em casamentos e outros eventos que os contratavam, o conjunto formaliza um desmembramento com nome de Coral Tons de Bracher. “Queremos um coral que seja sustentável”, pontua Paulo.

Programando a edição de 2016 do festival, a pró-reitora de Cultura da UFJF, Valéria Faria, afirma que a reorganização de toda a estrutura do centro cultural está sendo feita, bem como a manutenção do espaço e as melhorias pontuais. “Nosso compromisso é manter o que recebemos, principalmente os projetos, mas não as pessoas”, aponta, garantindo, ainda, que o acervo doado pelo maestro Nelson Nilo Hack, em 2013, dois meses antes de sua morte, composto por mais de 280 pastas com partituras originais, está preservado pela instituição. “Tudo está muito bem acondicionado e já deve entrar em pesquisa pelo departamento de música do IAD”, comenta.

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Bruno Procópio encerra Festival de Música Antiga

Cravista se apresenta neste domingo na capela do Colégio Academia

Filho de Juiz de Fora apadrinhado pelo mundo, o cravista Bruno Procópio encerra o 26º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, executando repertório que inclui peças de François Couperin, Johann Sebastian Bach e seu filho Carl Philipp Emanuel Bach. A apresentação, que acontece neste domingo, às 20h, na Capela do Colégio Academia, mostra a virtuose do músico que teve em sua formação aulas com os aclamados franceses Pierre Hantai e Christophe Rousset. Fundador do selo discográfico Paraty, laureado com cinco Diapasons – uma das classificações mais importantes no meio – em diferentes obras, Bruno já regeu orquestras importantes, como a Sinfônica Brasileira, e atualmente é professor do Conservatório Central de Pequim, na China.

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