Reza Forte levou o prêmio do Comida di Buteco de 2021. O petisco leva o nome de Mineiroca: um bolinho de batata baroa recheado com costela e requeijão, empanado com farofinha de torresmo e com acompanhamento de molho de manga com pimenta dedo-de-moça. Tradicionalmente, o concurso reveza entre um ano com tema definido, outro com tema livre. Neste ano, o tema foi raízes – no sentido daquilo que é raiz mesmo, como batata, mandioca, cenoura, entre outros.
A ideia do prato vencedor foi de Hugo Fernandes, mas a execução ficou por conta do Pedro Fellet – apesar de Hugo, agora, ajudar também na cozinha. Eles contam que a proposta era, realmente, fazer um casamento entre suas origens, um mineiro e outro fluminense, e, ao mesmo tempo, remeter a um prato que representasse o que é o Centro da cidade, o que é tradição nesse ambiente e, então, acessível aos paladares dos degustadores. De maneira geral: simples e acessível, com um pouco de cada influência que eles carregam na bagagem. O nome em si é uma referência a isso: uma junção entre as palavras “mineiro” e “carioca”. Mas, eles lembram: “a cultura não se restringe a limites geográficos”.
O prato já estava nos planos do Reza Forte desde 2019, mas foi amadurecendo com o adiamento do Comida di Buteco e com a prática que os proprietários foram ganhando na imersão que se propuseram a fazer durante a pandemia, até porque um é historiador, e outro, advogado. Apesar disso, eles trazem uma proximidade sanguínea com a cozinha, porque o pai de Hugo já foi padeiro, e o pai de Pedro é chef de cozinha. Por ironia do destino, os dois não queriam viver como os pais. Mas, há dois anos e pouco, nasceu o Reza Forte, “mais da vontade de ter do que pela bagagem, porque ela, na verdade, está sendo construída agora”, conta Hugo.
Novo na cidade
O Reza Forte, que fica na Avenida Olegário Maciel 1773, no Paineiras, pode ser considerado novo na cidade, por causa da idade que carrega. Isso, como contam os sócios, muitas vezes foi um empecilho. “A gente já teve problema com fornecedor. Parecia que precisava de tempo de negócio para ser confiável.” Receber o prêmio do Comida di Buteco, na primeira tentativa, é significante porque, para eles, traz respaldo. “A dinâmica do concurso é muito boa. A gente é livre para criar, porque sabe que o cliente quer degustar. Ele vai atrás de comida mesmo. É a hora de inventar”, dizem. Mesmo tendo essa liberdade, que foi alcançada, então, com sucesso, o Mineiroca traduz o cardápio do boteco: é um petisco simples, democrático e saboroso.
Agora, o prato segue para a competição nacional, botando o Reza Forte na corrida para ser eleito o melhor boteco do Brasil. Eles falam que queriam mesmo ir a São Paulo buscar mais referências de composição, porque, além de cozinheiros, eles são, sobretudo, pesquisadores. Uma coisa acabou contribuindo para a outra. Por causa dessa etapa, inclusive, o Mineiroca continua disponível para degustação, do dia 16 ao dia 30 de setembro.
Os ganhadores
Além do Reza Forte, que levou o primeiro lugar, o segundo lugar do festival gastronômico ficou com a Língua portuguesa, do Caminho da Roça, e o terceiro, com o Bira meu boi, do Birosca. O Prêmio Boca Boa, com votos na página do evento na internet, foi dado ao Bar do Abílio, com 20% do total de votos. A premiação dos melhores pratos foi baseada em quatro requisitos: petisco, atendimento, higiene e temperatura da bebida.