Nesta terça-feira (8), a partir das 18h30, o coletivo Sararau Crioulos faz espetáculo poético-musical no Cine-Theatro Central, compondo a programação do Prêmio Palco Central. Todo o repertório do coletivo é autoral, tendo apresentações que foram planejadas especialmente para a data, e uma mistura de ritmos como rap, funk, samba, soul, blues e MPB. Com os poetas e MC’s Igor Braz, Sophia Bispo, Dalagoa, Cigana, PretoVivo e Tay, a apresentação do coletivo tem a produção da Damata Cultural e conta com ingressos gratuitos (mas limitados). Os interessados devem retirar os convites na recepção do teatro, das 9h às 12h e das 14h às 17h.
O show “Sararau Crioulos Acústico” marca, para Igor Braz, um momento de percepção do potencial que o coletivo tem e onde pode chegar. “Vamos trazer músicas inéditas, que nunca foram apresentadas, e algumas que foram compostas especificamente para esse show”, conta. Desde que souberam que haviam sido contemplados pelo Edital, no início de 2023, foram cerca de quatro ensaios por mês para construir o espetáculo de um forma que se diferenciasse do que estava sendo feito na cena cultural da cidade. “Aqui em Juiz de Fora, eu nunca presenciei um show poético-musical. Nós somos um coletivo bastante atuante nessa cena, e sempre trazemos coisas que as pessoas não estão acostumadas ou até preparadas para ver. Quero que a gente supere as expectativas dessa vez. Estou muito feliz, está todo mundo se empenhando para fazer dar certo”, diz.
Como Sophia Bispo define, a preparação para fazer algo desse porte foi uma “loucura”. “A gente nunca tinha feito um show assim, nessas proporções, e com os seis integrantes atuais. São experiências transformadoras.” Para montar o espetáculo, portanto, ela explica que foi estipulado que cada um dos integrantes teria mais ou menos cinco obras para apresentar, entre música e poesia. “Mas aí aconteceu uma coisa que sempre acontece com a gente: temos muitas vivências parecidas, temáticas que batem, mesmo que com perspectivas diferentes. Quando estávamos mostrando o que cada um queria apresentar no show, vimos que muita coisa se encaixava, e levamos isso em conta para montar a setlist”, conta. O espetáculo também tem o apoio da loja Oba Moda Afro, que cedeu o figurino para a apresentação.
Palco tradicional
O Cine-Theatro Central tem 94 anos de história em Juiz de Fora, já tendo sido palco para a apresentação de grandes nomes artísticos do país. Para o coletivo, portanto, o show desta semana representa algo a mais: uma conquista de lugares que deveriam ser de todos. “É marcante na história de cada um. Todos nós somos de zonas periféricas da cidade, temos temáticas que falam sobre nosso olhar em relação às questões sociais, políticas e tudo mais, que acontece tanto na nossa vida em individual, quanto em conjunto”, explica Sophia. Para ela, a oportunidade de levar o hip hop, rap e funk para um palco tão tradicional, é algo “significativo e importante”.
Como ela conta, é a primeira vez que o grupo faz um show desse porte, e também foi o primeiro contato de alguns membros com o espaço. Para Igor, essa presença deixa claro que o coletivo “tem muito o que oferecer e entregar”, mesmo percebendo, muitas vezes, a escassez de oportunidades, e que vai aproveitar chances como essa para mostrar o próprio potencial.
Próximos passos
A experiência de planejar esse show fez com que o coletivo percebesse o potencial de profissionalizar, cada vez mais, a arte que faz. Já são cinco anos de iniciativas em Juiz de Fora. Para Sophia, agora, o importante é colocar o espetáculo em ação e, a partir dele, repetir a dose – mas entendendo que cada show tem as suas próprias características. “Estamos com a ideia de fazer um álbum audiovisual e de trazer conteúdos novos para as redes sociais e as plataformas musicais”, revela Igor.