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‘A música popular brasileira domina nosso mercado’, afirma Lulu Santos

Lulu Santos
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Lulu Santos chega a Juiz de Fora com a turnê “Barítono”, que foi lançada em comemoração aos seus 70 anos (Foto: Jorge Bispo/ Divulgação)
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No dia em que completou 70 anos, Lulu Santos se deu de presente o lançamento de um show novo que, depois do dia 4 de maio de 2023, ganhou o mundo. “Barítono” teve transmissão ao vivo no GloboPlay e, ainda hoje, está disponível para ser assistido por quem é assinante da plataforma. Mas, logo em seguida, sua nova turnê, a primeira criada no pós-pandemia, foi para os Estados Unidos, onde teve nove apresentações em 12 dias, e segue rodando no Brasil, de norte a sul. Juiz de Fora entra em sua rota neste sábado (9), a partir das 20h, no Terrazzo. Os ingressos podem ser adquiridos no link.

A carreira solo de Lulu Santos começou a partir do lançamento de seu primeiro álbum, “Tempos modernos”, de 1982. Antes disso, tinha feito outros trabalhos, principalmente sendo um dos integrantes da Vímana, banda de rock progressivo dos anos 1970, ao lado de nomes como Ritchie e Lobão. Passado pela onda progressiva, o músico já sentia atração pelo que chamaria de poprocksambalanço: o ritmo que resume o que é Lulu Santos e o que, de fato, são suas canções.

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Depois de “Tempos modernos”, rapidamente vieram seus outros álbuns: “O ritmo do momento” e “Tudo azul”. Já nessa primeira trinca autoral, Lulu Santos lançou o que, até hoje, são suas músicas mais ouvidas e mais revisitadas – inclusive por ele mesmo. “Tempos modernos”, “De repente, Califórnia”, “Adivinha o quê”, “Como uma onda”, “Um certo alguém”, “Tudo azul” – são canções que fazem parte dessa fase inicial e que foram responsáveis por cavar um espaço que se confirmou quando tocou, aos 31 anos, no Rock in Rio de 1985, no mesmo palco que os principais nomes do rock e do pop rock brasileiro e mundial.

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Nessa onda de músicas que emplacavam diariamente na mídia, Lulu disse, em entrevista ao jornal O Globo, em 1983, que a música tinha também um papel de unificar o país, principalmente naquela época, na liberdade que vinha com o fim da ditadura – liberdade essa em que o rock brasileiro soube nadar. Sobre o que acha disso, nos dias atuais, ele responde: “A música popular brasileira, em todas as suas diversas facetas, domina nosso mercado. Nos anos 80 ainda era algo como metade. Acho que este fato em si responde essa questão”.

Hitmaker assumido

Nos anos seguintes, esses sucessos, no entanto, não estagnaram Lulu Santos, que seguiu produzindo de forma recorrente e colocando cada vez mais o pé em uma música eletrônica e até experimental, sobretudo para a balada, a partir de sua parceria com o produtor Memê. Essa junção levou a “Assim caminha a humanidade”, outro sucesso. Além de esses hits ilustrarem sua discografia, esses e mais outros fizeram parte da discografia de outros artistas. E o próprio Lulu já bebeu de outras fontes e gravou versões. Tudo isso só comprova esse olhar amplo para o novo e sua capacidade indiscutível de fazer hits.

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E Lulu Santos não nega que faz hit. Ele tem consciência disso. Mais que tudo, percebe que seus hits são baseados, sobretudo, no que viu e viveu nesse tempo. “Provavelmente a sorte de muitas das minhas canções terem se tornado sucessos populares via execução pública nos meios de comunicação e a adesão do público às mesmas explica o motivo de elas terem se tornado hits. Eu acho que você traduz poeticamente o que todo mundo sente, em forma de música”, diz o artista. “Idealmente, por outro lado, questões mercadológicas também entram nesta equação”, completa.

Ainda para este ano, Lulu Santos promete um álbum novo, com remixagem de alguns de seus clássicos (Foto: Jorge Bispo/ Divulgação)

Lulu Santos mudou de tom

Nos anos 2000, Lulu Santos gravou o “Acústico MTV”. Foi um processo em que revisitou sua própria obra. Nesse momento, o músico mudou de tom. Resolveu baixar o tom de algumas de suas canções, sobretudo as de 1980. Aquilo deu a ele um conforto que o fez seguir nesse caminho. Como se fosse sempre isso e, só então, ele tivesse descoberto. Este trabalho ao vivo segue como um de seus mais ouvidos nas plataformas de streamings. “O que significa que a maioria dos meu ouvintes as ouve desta forma”, afirma.

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Neste ano, ele baixou o tom em mais duas canções, como conta. “É uma forma de autoconhecimento tornado público e explicativo. Sou assumidamente um cantor de voz mais grave, apenas fiz correr os proclamas”, segue, justificando, ainda, o motivo de essa turnê se chamar “Barítono”, que é exatamente o seu tom: entre o baixo e o tenor.

Na música contemporânea

Atualmente, ainda, Lulu tem apostado em parcerias com músicos que vêm se destacando na cena brasileira, como Luísa Sonza, Pedro Sampaio, Ludmilla, Melim, Vitor Kley, Xamã, entre outros. Isso mostra que, como sempre, ele segue atento ao que os músicos têm produzido, como faz desde o começo de sua carreira. E explica: “Sinto que há uma referência da minha obra em seus trabalhos. A colaboração é mutuamente enriquecedora”.

Agora, neste ano, exatamente pensando nesses encontros, Lulu lança um projeto, que se chama “Atemporal”, com remixagens de músicas lançadas em seus quatro primeiros álbuns e participação de artistas e produtores contemporâneos. Ele já lançou os singles “Tão bem”, com Ana Gabriela e Papatinho, e “Tudo azul”, com João Gomes e Rafinha RSQ. “Mas o resto é uma outra história que fica para uma outra vez”, segue.

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O show

Sobre o show, Lulu Santos revê toda essa sua história e, claro, apontando para os caminhos que se lançam no futuro: as novas roupagens das músicas já consagradas que não podem sair de seu repertório.

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