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Grupo NUN estreia espetáculo de dança ‘Redemoinhos para suspender o chão’

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No palco, os bailarinos do Grupo NUN dão vida aos próprios sentimentos através do corpo, dos movimentos e da dança (Foto: Natalia Elmor/ Divulgação)
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Como traduzir o que se manifesta com o corpo? Aqueles movimentos guiados ora por intuição ora por exatidão. A dança contemporânea habita aí: nesse controle descontrolado desse corpo que é a própria arte. O Grupo NUN, desde 2018, abre os caminhos para esses espaços onde esse tipo de dança respira. Agora, se joga rumo a uma nova possibilidade, com o lançamento do espetáculo “Redemoinhos para suspender o chão”, de sexta (10) a domingo (12), sempre às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. No domingo, às 16h, acontece uma sessão com audiodescrição.

No palco, os bailarinos que fazem parte do Grupo NUN, Agda Alvim, Bruno Psi, Cecília Cherem, Letícia Mello, Thais Lelis e Vívian Hauck, dão vida aos próprios sentimentos através do corpo, dos movimentos, da dança, do aqui e agora. É esse o mote. “Existe uma frase da Célia Xakriabá que permeia nossa criação: ‘Somos as que insistem na festa, sem se esquecer que permanecemos em guerra’”, menciona Cecília, que também é a diretora geral do espetáculo.

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Para dar vida a uma confluência de pensamentos e tantos entendimentos do que é ter um corpo nesse momento histórico, Cecília conta que decidiu chamar Bárbara Maia para coreografar o espetáculo. Ela já havia trabalhado com o grupo no espetáculo “Ferinas couraças”, de 2019. A chama desse interesse pela coreógrafa aumentou ao perceber o desenvolvimento de uma pesquisa de movimentação que Cecília considerou única e rica e conversava com o que o grupo queria naquele momento, que era de pandemia.

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O processo foi iniciado ainda à distância, como uma residência coreográfica. “Prontamente aceitei o convite da Cecília (para realizar essa residência), por admirar a inteireza do Grupo NUN e a disponibilidade com que mergulham em tudo o que se propõem a realizar”, admite Bárbara. “Nesses encontros compartilhei de uma pesquisa de movimento, que tenho intitulada ‘Espiralar’, através da qual mantivemos viva a pulsão de dança, mesmo com cada um em suas casas, em seus espaços. Aos poucos, com a chegada da vacina e com novas medidas sanitárias vigentes, foi possível nos encontrar presencialmente e, então, delinear esse espetáculo.”

(Foto: Natalia Elmor/ Divulgação)

Várias narrativas nos corpos

Coreografar “Redemoinhos para suspender o chão” não foi pensar em uma história, de acordo com Bárbara. “Aqui não há um enredo, uma narrativa única. Há sensações das quais parti para coreografar, intenções que me moveram a criar os gestos que ali aparecem. Quando entregamos o trabalho para o mundo, ele ganha vida também nos corpos de quem assiste, de quem vive a experiência como público. E a magia, para mim, também está nisso: em não ter controle do que pode reverberar em cada pessoa.”

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Em um grupo de dança, apesar de haver, ali no palco, uma unidade, existem também as individualidades por trás de cada dançarino. Bárbara conta que usou disso para pensar no espetáculo, e isso se reflete no que se vê sobre os holofotes. “Utilizei de provocações artísticas que consideravam a experiência e a autonomia de cada integrante. Há momentos em que todos realizam um mesmo gesto, simultaneamente; ainda assim há espaço para as nuances individuais, para a impressão digital de cada corpo que traduz o movimento que criei.”

Há, ainda, um movimento que impulsionou essa criação: “O desejo de dizer da força de um coletivo, da potência de agir coletivamente”, explica Bárbara. Isso é um reflexo do que foi viver na pandemia e do desejo de manter acesa a dança em cada um daqueles corpos que se conectavam com Bárbara a partir das telas. “Onde você ancora suas forças?”, ela perguntava a todos eles e a ela mesma. “Foi uma pergunta-mote.” A partir daí, explica-se o motivo de “Redemoinhos para suspender o chão” ser também sobre o coletivo.

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Nessa dança entre os corpos e as cenas há também a presença do público. Tudo é uma conversa que impacta nesse entendimento do que, afinal, é o espetáculo. “A multiplicidade de sentidos que o público pode dar ao trabalho com suas interpretações é, para mim, uma potência. Penso na obra coreográfica construída em uma troca, um diálogo: a conversa começa do meu corpo, é traduzida nos corpos e pelos corpos de cada dançarino, é interpretada pelos corpos de cada pessoa do público que experiencia o espetáculo. De cá, estou curiosa para saber como esses redemoinhos vão operar em cena, a cada dia dessa temporada.”

Acessibilidade

O espetáculo, em audiodescrição, amplia ainda mais o entendimento do público, que só cresce com os recursos de acessibilidade. No caso de “Redemoinhos para suspender o chão”, Bárbara afirma que ele foi pensado para conversar com pessoas cegas ou com baixa visão. Cada cena apresentada vai ser acompanhada de sua descrição verbal.

 

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