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Cine Palace fecha as portas na próxima quarta

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Último filme da atriz Emmanuelle Riva (ao meio), “Perdido em Paris”, encerra atividades do Cine Palace, na próxima quarta (Foto: Divulgação)
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Martha tem 88 anos e o mais puro desejo por liberdade. Imponderável, o peso da idade lhe impele a enviar uma carta para a sobrinha Fiona, no Canadá, pedindo sua ajuda para que não a deixe morrer num asilo em Paris. De malas prontas, a sobrinha desajeitada viaja para a Cidade Luz, envolvendo-se numa sequência de trapalhadas e conhecendo o morador de rua Dom, que a persegue em nome de uma paixão avassaladora. Tratado dos desajustados, “Perdidos em Paris” versa sobre as possibilidades de riso que se impõem diante do inescapável. Última atuação de Emmanuelle Riva, a comédia francesa é, também, o último filme projetado na tela do Cine Palace, no próximo dia 14, quarta-feira, às 20h15.

Integrando a programação do Festival Varilux de Cinema Francês de 2017, que começa nesta quinta no cinema em extinção e segue, na próxima semana, no dia 15, para o CineMinas, no Santa Cruz Shopping, “Perdidos em Paris” encerra com cores fortes a história do último cinema de rua da cidade. Dirigido e protagonizado pelo casal Fiona Gordon e Dominique Abel, o filme carrega a marca dos anteriores “A fada” (de 2011), “Rumba” (2008) e “Iceberg” (2005), que conjugam a arte do palhaço, linguagem teatral, sequências dançadas e roteiro entre o lírico e o fantástico. Artistas por excelência, Fiona e Dominique transpõem para a telona toda a crença artística que alinhavaram na trupe fundada nos anos 1980, gesto reforçado no convite à veterana Emmanuelle Riva (morta em janeiro deste ano), protagonista do clássico “Hiroshima, meu amor”, de 1959.

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Do riso às lágrimas, “Perdidos em Paris” representa diferentes dimensões da sétima arte, cujas bases também estão na França defendida pelo festival, que neste ano exibe 19 produções em mais de 50 cidades brasileiras, em 21 estados e no Distrito Federal. Os longas franceses se repetem na grade em diferentes horários. Múltiplos em linguagens e estilos, os filmes trazem à cena grandes nomes franceses, como o dos atores Catherine Deneuve, Gérard Depardieu, Omar Sy, Juliette Binoche, Marion Cotillard, Guillaume Canet e Cécile de France. Fenômeno cinematográfico no país europeu, somando mais de um milhão de espectadores franceses, o documentário “Amanhã” se destaca na programação ao despertar para debates ecológicos, econômicos e sociais contemporâneos.

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Passando pela história real do escultor Rodin; pelo ficcional drama familiar que une as atrizes Catherine Frot e Catherine Deneuve como filha e mãe, respectivamente; e chegando à comédia falsamente biográfica de Guillaume Canet como um “falso superstar”, o festival contempla uma filmografia tão inventiva quanto complexa. “Essas misturas mostram a que ponto todas as culturas são importantes e ricas. O problema é que na realidade não é assim. O peso esmagador do marketing, a digitalização e a crise das salas de cinema de rua ameaçam muito a diversidade dos filmes nas telas. É um fenômeno mundial particularmente acentuado no Brasil”, comenta o curador do Varilux Christian Boudier, referindo-se à mesma crise que coloca em risco a presença da produção francesa no Brasil e fecha as portas do Cine Palace.

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