O Forum da Cultura está recebendo uma mostra chamada “O desenho: inteligência nada artificial!”, com artes de Dayse Lamas. São mais de 20 obras feitas em nanquim e lápis de cor, que provocam reflexões sobre diferentes desafios do presente e caminhos para o futuro. Entre as temáticas abordadas, estão a miséria, meio ambiente, lixo, proteção aos animais, papel da mulher, afetos, espiritualidade e outros. Essa é a primeira exposição selecionada através do Edital de Ocupação da Galeria de Arte em 2024. A mostra segue em cartaz até o dia 17 de maio, com visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.
De acordo com a artista, a exposição nasceu a partir de considerações feitas sobre a arte de desenhar. Foram reunidos trabalhos que ela criou durante os anos de 2020 até 2024, para criar um projeto que conseguisse mostrar o poder transformador que tem o desenho. Durante esse tempo, ela participou de um desafio, nas redes sociais, em que se devia publicar um desenho por dia. Isso, para a artista, ajudou a refletir sobre os temas e mostrar como interpreta o mundo. “Nesta sequência gráfica, executada à mão em técnica mista, volto o olhar para questões que carecem de foco, de debates. De maneira geral é pensando e refletindo que são criadas as políticas públicas, os códigos de postura, as normas sociais. Cada traçado é um convite à fruição, quiçá à ação. Reside aí o poder da transformação”, explica Dayse.
A artista usa os traços para compartilhar obras com mensagens, como, por exemplo, “Um triste vagar”, em que são traduzidas percepções sobre a miséria e degradação humana. Esse desenho tem como inspiração um episódio em que a artista, ao esperar um ônibus na Praça da Estação de Juiz de Fora, presenciou um homem, em estado de confusão mental, bebendo a água de uma poça insalubre. Outra obra, “Brotar, apesar de tudo” diz respeito às queimadas, e busca sensibilizar o público sobre a destruição da vegetação. Também busca refletir sobre o sofrimento dos animais e reconhecer o trabalho dos bombeiros nessas situações graves. Entre a seleção, também há obras que trazem leveza, como “Lulu”, que ilustra o cachorro de estimação da artista.
A exposição “O desenho: inteligência nada artificial!” também coloca em foco a capacidade do ser humano de criação, refletindo sobre isso diante de um momento em que o que é considerado arte pode estar sendo colocado em cheque, devido a tecnologia que passa a produzi-las. Dayse, então, questiona: “Como ficará o pensamento em tempos de inteligência artificial? Não sabemos. Esta, do cérebro comandando as mãos, das mãos traçando formas, das formas nos provocando e das provocações criando movimentos e ações, é fantástica! E ancestral. Desde o tempo das cavernas”.
Saiba mais sobre a artista
A artista Dayse Lamas já havia realizado outras exposições, tanto no Forum da Cultura quanto em outras galerias da Universidade, além de espaços da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). Ela leciona Artes em escolas particulares e se formou em Educação Artística pela UFJF.
Nascida em Belo Horizonte, Dayse morou com seus avós na cidade de Descoberto (MG) por cerca de quatro anos e logo depois mudou-se para Juiz de Fora, cidade em que vive desde então. Desde criança já demonstrava o gosto pelas artes, e com o passar dos anos, foi desenvolvendo essa paixão até construir sua carreira na área.