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Escolha o seu bloco e caia na folia neste fim de semana

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Quanto mais se aproxima a folia de momo, mais atrações em menção a ela recheiam a agenda cultural da cidade. Entre blocos tradicionais e festejos temáticos, o calendário oficial do carnaval em Juiz de Fora reúne 52 atrações, que vão de 7 a 25 de fevereiro. Este fim de semana tem opções entre blocos tradicionais, novatos e iniciativas com mensagens de resistência.

Estreante na folia, o UCA é um típico bloco “concentra, mas não sai”, que “desfila” neste sábado (8), reunindo manifestações artísticas locais na Avenida Pedro Henrique Krambeck. “O UCA veio do desejo de suprir um buraco artístico que a gente observa aqui, apesar de termos um grande intercâmbio com a UFJF, que é um centro de fomento cultural. Temos aqui na Cidade Alta uma grande variedade de artistas plásticos, músicos, artistas circenses. E o UCA é uma grande mistura destes elementos, juntando músicos, comerciantes, estudantes, moradores, que tentam suprir esse buraco cultural que sempre existirá, mas que a gente sempre vai ocupar”, diz Guilherme Imbroisi, um dos nomes à frente do bloco debutante. Guilherme explica que o bloco reúne várias atrações e, ao contrário de outras manifestações de carnaval, prioriza a arte local. “Vai ter Tatá Chama e as Inflamáveis, a batucada do Muvuka, as bandas Fogo no Baile e Margaridas Peludas, além do DJ Tuta, do Vinil é Arte.”

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Bloco UCA é novidade no circuito da folia juiz-forana, com apresentação neste sábado no Bairro São Pedro (Foto: Fernando Priamo)

O sábado terá, ainda, a eleição da Rainha Gay do Carnaval, promovido pelo Movimento Gay de Minas (MGM), em frente à sede da instituição. ” É um desdobramento de algo que realizávamos no Bloco das Barbies e retomamos este ano. Primeiro, para fortalecer a cultura gay, demarcar que os gays fazem parte do carnaval. E em segundo lugar, por conta do momento político complicado em que vivemos, de desmanche da nossa cultura, retrocessos em conquistas de direitos humanos e várias outras perdas. O carnaval vem ocupar a rua de forma pacífica e divertida, mas também como um ato de resistência de afirmação da nossa cultura”, diz Marco Trajano, sócio-fundador do MGM e organizador da disputa, que tem cinco candidatas inscritas, uma a ser confirmada e dentre as quais será eleita a monarca gay do carnaval, completando a corte ao lado do Rei Momo Gay Bruno Narciso. “A rainha será eleita por voto popular, não tem nada de júri. Não precisa estar necessariamente montada de drag, mas esperamos samba no pé, charme, consciência política e muito brilho (risos)”, descreve Trajano, acrescentando que o evento terá várias performances drag com tema de carnaval.

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Samba no shopping

Espaço Folia tem diversas atrações no Independência Shopping (Foto: Divulgação)

Durante todo o fim de semana o Espaço Folia, no Independência Shopping, também traz diversas atrações. Já na sexta (7), das 17h às 22h, o espaço recebe o Bloco Batucada de Rua, com participação do Grupo Glicose no Samba. No sábado, das 13h às 22h, rola uma folia saudosista, com o Carnaval Anos 90, trazendo a banda Akikalô revivendo clássicos do axé, a Roda de Pagode 90, com clássicos do Raça Negra, Só Pra Contrariar, entre outros; e, por, fim, a irreverência dos Mamonas Assassinas Tributo. Nos intervalos, DJ André Paulista fica por conta de tocar os sucessos da década. O domingo, também das 13h às 22h, será especial, recebendo o Bloco Nega Maria, liderado pela musa do samba Sandra Portella. A mestre de cerimônia, que criou o tradicional bloco, receberá diversos convidados, como Rogerinho Ratatuia do Rio de Janeiro, e a bateria do Sambratuk. O enredo desse ano faz homenagem ao saudoso radialista Wildemar Aquino, o Cebola.

A entrada no evento é solidária, basta levar 1 litro de leite longa vida, mas há opção de camarote com open bar. O local também possui praça de alimentação e espaço kids. A classificação do evento é de 18 anos, crianças e adolescentes devem estar acompanhados por pai, mãe ou responsável legal.

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Do funk a Clara Nunes, sempre com gingado

Bem no coração da cidade, no Parque Halfeld, as Guerreiras de Clara, que ocupam um espaço de extrema relevância não só no carnaval mas na própria vida cultural da cidade, desfilam no domingo o Fuzuê, bloco nomeado a partir de um dos sucessos da homenageada, Clara Nunes. “É uma música que traz bem esse nosso traço afro-brasileiro, tem samba, coco, maculelê, baião, é uma mistura que diz muito sobre o trabalho multifacetado da Clara e que buscamos trazer para o bloco”, diz Alessandra Crispin, uma das 14 guerreiras. “A Clara fez muito pelas mulheres, foi voz da cultura afro-brasileira, então homenagear essa artista nos faz lembrar de temas de que não podemos nos esquecer, sobretudo agora”, completa Alessandra.

Guerreiras de Clara desfilam no Parque Halfeld neste domingo à tarde (Foto: Divulgação)

Também carregado de engajamento, “pero sin perder el suingue jamás”, o Makoombloco, do coletivo Makoomba, promete todo mundo (e seus traseiros) tremer na Praça Antonio Carlos. “Num momento em que a cultura é tão atacada, em que a gente ainda vê resquícios claros da escravidão, ter um bloco que enalteça essa negritude, o funk, a juventude, as questões de gênero, e vê-lo incluído na programação oficial da cidade traduz o trabalho que a gente busca fazer de fortalecer a negritude, o funk, que é tão criminalizado, a população LGBTQI+”, diz Cláudio Ponciano, um dos Makoombas.

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Inclusive, a ideia de botar o funk, que vai das festinhas de criança aos casamentos, passando por baladas sofisticadas na rua, é um projeto ainda mais amplo. Junto com outro ícone do funk, do carnaval e da cena artística da cidade, MC Xuxú, os Makoombas lançaram uma vaquinha virtual para celebrar o gênero como integrante da cultura nacional, buscando dar um passo rumo a igualdade, respeito e diversidade. As doações podem ser feitas pelo link e visam a contribuir para a realização do Makoombloco e o Bloco da Benemérita, de MC Xuxú, que sai na semana que vem, dia 14. “A gente canta nossa vivência e cobra nossos direitos no carnaval e permite que as pessoas trans, LGBTQI+ tenham espaço, inclusive para se divertir. O meu bloco é pelo bem-estar do meu povo, pessoas negras LGBTQI+, da periferia, como o Makoomba, mas o Bloco da Benemérita traz ainda mais fortes as identidades trans, que são descartadas em tudo na sociedade, inclusive no carnaval.” O Makoombloco, o Bloco da Benemérita e as Guerreiras de Clara integram a Frente de Blocos JF, um coletivo que busca unir as agremiações juiz-foranas para fortalecer a cena carnavalesca local.

‘O carnaval é um espaço de questionamento da ordem’

Para o professor de antropologia da UFJF Raphael Bispo, o carnaval é, de certa forma, um reflexo da sociedade em suas mais variadas manifestações. “Por isso vemos manifestações homofóbicas, racistas, misóginas, entre muitos outros preconceitos, mas também vemos o contrário – e cada vez mais, eu diria. Por isso vemos tantos blocos e eventos ligados à temática LGBTQI+, de gênero, de questões raciais, vindo à tona de uma maneira muito mais clara na atualidade. Sempre houve, por exemplo, nas escolas de samba, a menção a temas afro e indígenas, mas de uns tempos para cá elas vêm se tornando mais frequentes e pungentes, têm uma importância maior. Isso é uma forma de resistência a uma onda evangélica que é contra o carnaval, uma cidade extremamente carnavalesca , mas que tem uma das maiores populações evangélicas. O carnaval é um espaço de questionamento da ordem, sempre foi.”

Cláudio Ponciano, do Makoombloco, e MC Xuxú, do Bloco Benemérita, defendem negritude e questões de gênero na folia (Foto: Fernando Priamo)

Para o antropólogo, como ocorre na vida social, o carnaval também é um espaço de disputa de discursos. “Dá para ver isso muito claramente no carnaval de Juiz de Fora. O carnaval é o riso, mas isso pode ser um deboche, ou uma crítica social.” Raphael destaca ainda que o carnaval é um traço essencial do que reconhecemos como a identidade brasileira, e que as tradições ligadas a esta festa popular vão se transformando de acordo com os tempos. “A gente se faz brasileiro por conta da existência do carnaval, é algo que está muito mergulhado na nossa compreensão de sujeito. Mesmo quem não gosta se define por isso, por fugir disso. E o carnaval de hoje, como em todas as épocas, está mergulhado nas pautas que estão em voga na sociedade. Então não faz sentido questionar que o carnaval ‘ficou chato’, ‘não pode isso’, ‘não pode aquilo’, ele está muito ativo e muito em diálogo com o que a sociedade discute em sua época.”

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PROGRAMAÇÃO CARNAVAL 2020

07/02 – SEXTA-FEIRA
21h | Rosário Folia
Rosário de Minas

08/02 – SÁBADO
11h | Batuquefolia
Praça João Pessoa – Centro
14h| U.C.A. – Unidos da Cidade Alta
Av. Pedro Henrique Krambeck, s/n – São Pedro
15h | Bailinho do Museu Ferroviário, com participação do grupo Maracatu
Estrela da Mata
* Oficina de máscaras
* Desfile de Fantasias
Museu Ferroviário – Av. Brasil 2001 – Centro

16h | Eleição da Rainha Gay do Carnaval de JF (GAG/MGM)
Rua São Sebastião, 345 – Centro
16h | Rosário Folia
Rosário de Minas

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09/02 – DOMINGO
13h | Bloco da Imprensa
Rua Espírito Santo, 738 – Centro
14h | Fuzuê – Guerreiras de Clara
Parque Halfeld – Centro
16h | Rosário Folia
Rosário de Minas
17h | Makoombloco
Praça Antônio Carlos – Centro

Programação completa no site carnavaljf.com.br, com mapa que traz a rota dos bailes e blocos

Espaço Folia
(Independência Shopping)
Sexta (7), das 17h às 22h, Bloco Batucada de Rua, com participação do Grupo Glicose no Samba
Sábado (8), das 13h às 22h, Carnaval Anos 90, com banda Akikalô, Roda de Pagode 90 e Mamonas Assassinas TributoD
Domingo (9), das 13h às 22h, Bloco Nega Maria, com Sandra Portella e convidados

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