O livro traça a história de uma das mulheres mais famosas dos salões cariocas da chamada Belle Époque. Bebê Lima e Castro foi eleita a mulher mais bela da capital do Rio de Janeiro em 1900. Tratava-se de uma competição que, tempos depois, seria conhecida como concurso de miss.
É a primeira vez que sua vida é contada em livro. Para isso, o autor faz uso de mais de 50 imagens, entre fotos, programas e anúncios de espetáculos e festivais. Reconstruindo a história de Bebê Lima e Castro, Fagerlande faz ainda um recorte musical e social do Rio de Janeiro daquela época, com o apoio de documentos oficias e notícias de jornais. Ouvir filhos de amigos e empregados próximos dela também foi fundamental para ter essa história escrita.
Conheça Bebê Lima e Castro
Bebê Lima e Castro nasceu em Paris. Seu nome é Violeta, apesar de ser chamada de Bebê desde sempre. Sua família era tradicional da alta sociedade, e ela foi educada para ter um casamento sólido. No entanto, isso não aconteceu, e seu casamento acabou em pouco tempo. A separação foi comentada e o fato interrompeu, temporariamente, sua vida social.
Mas sua ambição por uma carreira artística fez com que ela logo fosse aceita novamente nos eventos sociais, apresentando-se em recepções e em reuniões literárias, declamando e cantando em eventos amadores. Além disso, Bebê Lima e Castro criou e dançou coreografias inspiradas nas “danças estéticas”, de Isadora Duncan e de Loïe Fuller. Ela foi musa de poetas e escritores, tendo sido admirada por João do Rio em suas crônicas. Era marca registrada nas festas e nos eventos beneficentes, e já subiu a palcos de teatros como Phenix, Lyrico e Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Na primeira metade dos anos 1920, ela decidiu ir para a Itália se aperfeiçoar em canto lírico. Ao voltar ao Rio de Janeiro, em 1925, sua estreia profissional foi aclamada, mas seu sucesso no canto não durou tanto tempo. Em 1928, estreou com “O barbeiro de Sevilha”, e recebeu uma vaia estrondosa da plateia. Isso fez com que ela voltasse para a Itáli, e só retornou ao Brasil quase dez anos depois, com 56 anos, e uma carreira encerrada. Morreu aos 86, em 1965.
Encontro entre o autor e a biografada
A vida de Bebê Lima e Castro e a de Fagerlande se cruzam, de certa forma. Foi por meio de seus pais e, principalmente, de seus avós, que eram amigos dela, que ele ouviu as primeiras histórias da mulher, ainda na infância. Foi, inclusive, por causa de Bebê que o autor e músico comprou seu primeiro cravo de qualidade. “Bebê não tinha filhos nem parentes chegados, então deixou um longo testamento beneficiando muitos amigos, fiéis empregados e instituições. Meus avós herdaram imóveis, um Cadillac e um solitário de brilhante”, conta, em nota à imprensa. A joia foi vendida e Fagerlande comprou o instrumento na Alemanha.
Serviço
Lançamento do livro “Muito além dos salões”
Na sexta-feira (6), às 18h
No Museu de Arte Murilo Mendes (Rua Benjamin Constant 790 – Santa Helena)