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‘Pela janela’ encerra o terceiro dia de exibições do Festival Primeiro Plano

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Rosália (Magali Biff) precisa lidar com uma nova e tardia realidade no drama “Pela janela” (Foto: Divulgação)
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“Pela janela”, longa selecionado para fechar o terceiro dia de exibições do Festival Primeiro Plano, nesta quarta-feira (7), às 21h15, no Teatro Paschoal Carlos Magno, é um belo exemplo de como o silêncio pode dizer muito sobre o ser humano. É, também, um retrato tocante de nossa realidade, em especial aquela vivida pelas pessoas que já entraram na terceira idade e, mesmo com tanto a oferecer à sociedade, podem ser descartadas e substituídas pelo que é considerado “moderno” na visão capitalista para uma melhor “produtividade”.

O filme de estreia de Caroline Leone, uma coprodução entre Brasil e Argentina, é o que é graças a sua protagonista, Rosália, interpretada com sensibilidade única pela atriz Magali Biff, que sustenta o longa com seus silêncios e gestuais contidos e cotidianos. Aos 65 anos, a personagem está acostumada à rotina de comandar a produção em uma fábrica de reatores, em São Paulo, e cuidar de seus afazeres domésticos. Um dia, porém, a empresa realiza uma fusão com outra, e os novos administradores decidem demitir a funcionária, colocando em seu lugar alguém menos “ligado” aos subordinados. Todos os anos de dedicação, trabalho e experiência são ignorados.

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Resta a Rosália, então, um imenso vazio, que os afazeres domésticos são incapazes de preencher. Seu mundo, dividido entre a rotina da fábrica e do lar, perdeu metade do sentido. Desiludida, ela aceita a contragosto a sugestão do irmão, José (Cacá Amaral), com quem divide a casa: acompanhá-lo até Buenos Aires, capital da Argentina, para entregar um carro, e assim sair da rotina.

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É neste ponto que “Pela janela” mostra a razão de ser de seu título e a transformação da personagem. Nas incontáveis horas de silêncio da viagem, entre uma parada e outra, Rosália vai redescobrindo uma nova razão de ser e, principalmente, que o mundo é muito maior do que imaginava. Nem por isso, todavia, Caroline Leone aposta no sentimentalismo barato ou momentos de epifania grandiloquente para mostrar a transformação de sua personagem. São nos pequenos prazeres, nos simples encontros, no contato com uma nova realidade, que Rosália se liberta da tristeza e (re) descobre os pequenos grandes prazeres da vida.

Mais que um fim de caminho, “Pela janela” abre os olhos de sua personagem e do espectador para novos começos e a esperança de dias melhores.

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