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Discursos íntimos em paredes coletivas

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Ilustração De Manzanna (Ana Mancini)
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Verdade não se carrega no bolso. Vai nas mãos, em tudo o que se toca. A visibilidade e a potência da ilustração na Juiz de Fora dos últimos anos se devem, na visão de Davidson Lopes, às verdades que defende. “A ilustração de hoje continua sendo a alma do artista, a criatividade, a mistura de estilos. Todos têm espaço, basta pesquisar na internet e ver a explosão criativa que o mundo vive. O que há de novo é a fuga dos segmentos mercadológicos, é a resistência às ‘tendências’, pois elas segregam dizendo o que é arte e o que não é”, pontua ele, autor do projeto Bula Temporária, que colore muros da cidade, publicações e as redes sociais. Ao lado de jovens artistas como Cadu Gloobmund, Dorin Graffiti, Anna Mancini (a Manzanna), Sophie Wilson (a Sophletta), Diego Navarro, Cassiel Weitzel, Fernanda Toledo (a Pekena), Faeo Amorim, Claudim Melo, Charleston Hokama, Alex Badaró, dentre outros, Davidson representa uma geração coesa e, ao mesmo tempo, interessada num vocabulário muito íntimo.

O dinheiro, de fato, evidencia injustiças de um mercado ainda precário. “Mas também não sofro de estresse”, brinca Davidson, autor de monstros e seres estranhamente simpáticos. O hoje não funciona tal qual o concretismo e suas múltiplas investigações da forma. O que está em xeque é o olhar para a própria casa, que ora causa identificação, ora gera o desconforto da diferença. Matheus de Simone – com seu retorno ao próprio passado e às questões que o perturbam internamente (como as fotos de infância nas quais rabisca todos a sua volta) – é expoente desses novos ares que ganham as paredes alheias após romperem as próprias paredes.

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“Penso que tudo que apresento enquanto proposição em arte parte de questões minhas, que tomam forma, fogem de mim quando se tornam trabalho e se tornam íntimas (ou possibilitam ser) a outras pessoas. A autorreferência é bem clara para mim, sobretudo quando trago a minha infância como questão. E por que levar isso para a arte? Por que tornar minha intimidade uma questão do outro? Não sei bem se tenho uma resposta que dê conta, tão bem, dessa pergunta. É algo que ainda procuro saber”, reflete Matheus. “Talvez voltar isso aos olhos do coletivo seja parte do processo de se autoconhecer”, completa ele, dizendo de uma arte que, ainda nascente, se apresenta cheia de fôlego futuro.

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