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Onde ninguém jamais esteve

interestelar 1
Grupo de astronautas corre contra o tempo para encontrar uma nova Terra
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“Espaço, a fronteira final.” Esta era a frase que abria quase todos os episódios das séries de “Jornada nas estrelas” na televisão, mostrando um futuro em que a humanidade, livre das ambições mesquinhas, guerras e doenças, passou a se aventurar pelo espaço profundo a fim de conhecer novas culturas e civilizações, audaciosamente indo aonde ninguém jamais esteve a bordo da nave estelar Enterprise. Em “Interestelar”, o novo filme do diretor Christopher Nolan, porém, a humanidade precisa ir aonde jamais pisou os pés para não ser condenada à extinção, numa corrida desesperada para encontrar um novo lar.

A ideia para o filme rondava os corredores e escritórios de Hollywood há quase dez anos, quando o físico Kip Thorne (que também foi um dos consultores do clássico “Contato”, de Robert Zemeckis) sugeriu uma produção baseada em suas teorias científicas. Depois de Steven Spielberg abandonar a empreitada, coube ao diretor inglês levar a cabo o roteiro de seu irmão, Jonathan: com seis bilhões de pessoas consumindo seus recursos, a Terra está à beira do esgotamento, e a situação só piora com pragas e tempestades de poeira que arrasam plantações ao redor do globo, provocando o caos. Sem ter como remediar a situação, a solução encontrada é procurar um novo mundo além de nosso sistema solar para evitar a extinção, vencendo as distâncias de milhares de anos-luz por meio dos famosos “buracos de minhoca”, uma teoria da física em que se poderia encurtar o espaço através de “atalhos” ligando pontos distantes entre as estrelas.

Muito cerebral? A dupla de irmãos não deixa de lado, porém, o fator humano que aproxima o público das histórias na tela grande. Um dos escolhidos para a missão interestelar é o ex-piloto da Nasa Cooper, interpretado pelo vencedor do Oscar (por “Clube de Compras Dallas”) Matthew McConaughey. Ele, que desistiu do sonho de ser astronauta para comandar uma fazenda e sustentar a família, aceita o desafio para que sua filha, Murph, tenha chance de sobreviver, mesmo que ela vá crescer imaginando que ele a abandonou para morrer no espaço. O motivo disso é que as viagens por meio dos “buracos de minhoca” alteram a relação de tempo entre os viajantes e quem ficou na Terra, e Murph vai envelhecer anos no curto espaço de tempo que o pai estiver entre as estrelas.

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Em meio a efeitos visuais de tirar o fôlego, Nolan imprime a “Interestelar” todo o arcabouço científico de Thorne sem se esquecer das suas próprias pontuações filosóficas, presentes desde o filme que o tornou conhecido, “Amnésia”, e que permearam produções como “Insônia”, a trilogia de “Batman” e, principalmente, o existencialismo do “sonho dentro do sonho dentro do sonho dentro do sonho” de “A origem”. Se alguns críticos elogiam o filme com algumas ressalvas (duração excessivamente longa, sentimentalismo eventualmente exacerbado) ao mesmo tempo em que o coloca como um dos prováveis candidatos ao Oscar, há também o entusiasmo sincero de gente como Quentin Tarantino, colocando “Interestelar” no mesmo nível de produções de Terence Malick e Andrei Tarkosky. Comparações com “2001 – uma odisseia no espaço” também são ventiladas pela crítica, e o diretor não nega ser impossível filmar “como se ‘2001’ não existisse”.
Com o cinema ousando tão pouco e a ficção científica sendo um de seus gêneros mais “escanteados”, é torcer para para que Christopher Nolan continue acertando a mão.

INTERESTELAR

UCI 3 (dub): 13h40. UCI 3: 16h50, 20h (todos os dias) e 23h10 (sexta-feira e sábado). Alameda 1 (dub): 15h. alameda 1: 18h10 e 21h20. Santa Cruz 1: (dub): 17h e 20h15

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Classificação: 10 anos

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