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Terceiro episódio do ‘Cabaret dos seres da ribalta’ estreia nesta terça

RIBALTA DIVULGACAO
O 3º episódio da série  explora a arquitetura e os espaços da Escola Normal, transformando o colégio em uma antiga sede de rádio, para contar sobre a importância desse veículo de comunicação para a cultura brasileira (Foto: Divulgação)
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O prédio da Escola Normal ganha ares dos tempos áureos do rádio no Brasil no novo episódio da série “Cabaret dos seres da ribalta”, que será exibido nesta terça-feira (6), no Teatro Paschoal Carlos Magno, a partir das 20h. A atividade integra a programação do Circuito Fora da Folia (FoFo), da Funalfa, e a entrada é gratuita. No dia, o episódio conta com legenda descritiva.

Depois de já ocupar outros prédios históricos de Juiz de Fora nos dois primeiros episódios, a série, desta vez, explora a arquitetura e os espaços da Escola Normal e a transforma em uma antiga sede de rádio. Com direção de Rodrigo Mangal e direção de fotografia de Rodrigo Soares, este terceiro episódio, nas cenas, traz referências à programação dessa mídia, que foi, inclusive, tão importante na cidade, sobretudo para o circuito cultural. 

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Mangal conta que, por ser uma série produzida por um coletivo artístico, o Seres da Ribalta, as ideias dos episódios surgem, também, em conjunto. Ainda em 2021, foi lembrado, em uma dessas reuniões de idealização, que, em 2022, o rádio faria 100 anos no Brasil. “O tema, então, já estava no nosso radar. E uma outra pessoa sugeriu abordar esse tema na Escola Normal, que tem construção de 1930. Eu não conhecia o prédio. Fui visitar e me encantei. Percebi que essa ideia dos 100 anos do rádio seria bem feita e bem realizada no interior do prédio da Escola Normal, pensando lá como antiga sede de rádio”. A proposta, no entanto, desse terceiro episódio, não é falar exatamente sobre os 100 anos do rádio. “Ele é inspirado nessa data. Não tem teor documental. E algumas cenas têm ligação direta com a era de ouro do rádio”, conta. 

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Como de costume, o episódio é composto por diversas cenas e, cada uma delas, explora uma arte. E é a partir das ideias dessas cenas que Mangal pensa nos artistas. A primeira cena explora a rádio novela e é inspirada em uma esquete do grupo Teatro de Quintal (TQ), a “Consultório de ilusões”, que, como Mangal conta, fez muito sucesso quando foi apresentada. É um drama romântico que destila momentos propícios para as gargalhadas. 

“Eu procurei adaptar para a linguagem do vídeo. O ‘Cabaret’ tem esse teor experimental das cenas. Eu tinha um referencial forte do teatro e fui adaptar para o audiovisual. E percebi que é mesmo totalmente diferente. E, por isso, foi um desafio adaptar essa cena”, conta o diretor. Na tela, os atores mesclam as técnicas para recriar os sons, suas próprias vozes, e ainda interpretam para a câmera – estando aí, exatamente, o desafio dessa recriação. 

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Seres da Ribalta (Foto: Divulgação)

Várias artes em cena

Outra arte explorada é a dança. A partir da música “O dia que me queiras”, de Nelson Gonçalves, o episódio representa a relação conturbada de Dalva de Oliveira e Herivelto Martins, também nomes famosos na época do rádio. A partir da coreografia, toda essa história é contada, com o drama e o amor que merecem. 

E é praticamente impossível falar de rádio sem abordar as narrações épicas, que marcaram uma geração inteira. Uma das mais famosas é a final da Copa do Mundo de 1958, que o Brasil, que jogava contra a Suécia, foi campeão. Foi um jogo que o país inteiro ouviu pelo rádio. Com marionetes, o episódio recria essa locução de uma maneira inusitada. Além de o locutor ser um boneco, os jogadores são playmobil e o campo é de botão. 

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Outra cena que Mangal inclui nesse episódio foi inspirada em uma entrevista que Nelson Rodrigues deu para Clarice Lispector, em 1968, e publicada na Revista Manchete. “E eu gosto muito do conteúdo dessa entrevista. E eu achei que pelo fato de ele ser uma figura que teve muito destaque na década de 1950, quando o rádio ainda era muito forte, cabia, de alguma forma, trazer a entrevista para o episódio. A única mudança é que a mulher que faz o papel da Clarice Lispector eu mudei um pouco para colocar um conflito e não ser um papo ‘chapa branca’ de amigo. Ela está sempre ali questionando, provocando o personagem masculino para tirar dele visões da vida. É uma cena bastante filosófica”, conclui o diretor. Fazem parte da cena os atores Marcos Bavuso e Edmárcia Andrade. 

Em cena, os atores Marcos Bavuso e Edmárcia Andrade (Foto: Divulgação)

Duas interpretações de músicas também compõem o episódio. Uma delas é “O ébrio”, de Vicente Celestino. Mangal conta que lembra de sua avó cantando a canção, e com direito a todo o drama que a letra pede. Eles a incluem e convidam o cantor Fernando Littieri, com arranjo e violão de Gilbértto Costta e violino de Vivian Vignoli. A música fala sobre um homem que se encontra sem saída em um relacionamento. Para representar essa ideia de estar sem saída, eles colocaram Fernando, que é cadeirante, para cantar em frente a uma escada. “Ou seja, é uma condição e ele se encontra, também, sem saída.” 

Por fim, então, o terceiro episódio de “Cabaret dos seres da ribalta” se encerra com a música “Princesinha de Minas”, do cantor juiz-forano Mamão, nas vozes de Sil Andrade e Anézia Silva, com percussão de Mayra Palmeira. Anézia, inclusive, foi uma das cantoras da cidade que viveu a era de ouro do rádio em Juiz de Fora. E, além de encerrar exaltando a cidade, eles decidem incluir, mais uma vez, essa referência à mídia que inspirou todo o trabalho. 

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Além das formas de explorar as artes por meio do audiovisual, outra coisa que se mantém nesse terceiro episódio é o trabalho do artista visual Ramón Brandão, que insere seus desenhos que se mesclam com as imagens produzidas. Apesar disso, Rodrigo conta que, dessa vez, ao contrário dos outros nos quais os imprevistos somaram nos processos, esse foi um dos mais difíceis de serem produzidos. “Precisou de mais dedicação até chegar ao resultado final. É mais denso e mais filosófico. É diferente. E é bom variar. E o episódio 4, que vem já, já, vai ter uma proposta totalmente diferente”, finaliza.

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