O Museu de Cultura Popular, no Forum da Cultura, recebe, a partir desta semana, a mostra “Sertanejos”, que coloca em foco a cultura desta população. A mostra apresenta diferentes representações dos sertanejos, figuras que carregam costumes, histórias e simbolismos muito fortes. Durante a exposição, o público terá contato com esculturas, peças em cerâmica, trajes típicos, literatura em cordel e outros, sendo a maioria dos itens vindos de diferentes estados do Brasil. As visitações acontecem até o dia 28 de julho, de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 19h, e a entrada é gratuita.
A mostra traz peças vindas de Alagoas, Pernambuco e Minas Gerais, buscando também desmistificar do imaginário da população que o sertão é um só e geograficamente demarcado. Diante dessa complexidade em categorizar o que é ser sertanejo, a organização da mostra afirma que busca um recorte de representação da figura, influenciado principalmente pelo que é conhecido e construído na literatura, artes plásticas e cinema a partir do século XVIII. Com diferentes peças e propostas, essa é uma forma de refletir sobre a cultura popular e colocar em protagonismo o sertanejo.
As peças escolhidas são emblemáticas para essa representação, já que, de acordo com a organização, são variadas e contam com materiais que também exercem um papel importante para caracterizar o sertão. Muitos dos itens são feitos em cerâmica, um material característico do artesanato nordestino, e que é feito com a modelagem de argila e a exposição a altas temperaturas. Os personagens também mostram os trajes típicos, as expressões faciais e traços marcantes. Outra característica que se repete são as cores das paisagens semiáridas e os instrumentos musicais que são ligados a identidade e regionalidade do sertanejo.
O cordel, por sua vez, está presente através de diversos exemplos, incluindo “A Chegada de Lampião ao inferno”, escrito por José Pacheco da Rocha, um dos principais cordelistas do Brasil. Na obra, ele coloca em foco a interação de Lampião, o rei do cangaço, com outras almas dentro do purgatório. Esse tipo de literatura mistura oralidade, escrita, xilogravuras e outros componentes populares para se expressar, e remete a uma tradição que colocava os livretos pendurados em feiras do nordeste. Em cada página, é possível conferir uma linguagem que traz marcas regionais, assim como narrativas que apresentam temas caros para o Sertão, como assuntos folclóricos, políticos, sociais e religiosos. O cordel também é responsável por eternizar figuras importantes dessa cultura, como padre Cícero, Lampião, Maria Bonita, o Pavão Misterioso, entre outros.