O Museu de Percurso Raphael Arcuri lança uma nova proposta museológica, que utiliza o espaço a céu aberto para demarcar pontos de interesse para a história, arquitetura e cultura do meio urbano. A iniciativa é da arquiteta Letícia Rabelo, que teve apoio financeiro da Lei Murilo Mendes da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa) para conseguir reunir informações e tecnologias que permitissem à população conhecer mais as 14 edificações escolhidas. Um mapa será disponibilizado com informações básicas das obras do arquiteto Raphael Arcuri, além de terem um QR code que direciona os interessados para uma extensão de Inteligência Artificial que fornece mais informações sobre cada ponto.
Um Museu de Percurso é uma alternativa que se difere dos museus tradicionais, que funcionam com o espaço físico fechado e com um acervo reunido para exposição. Como explica Letícia Rabelo, algo assim não seria viável nem interessante para falar de um patrimônio, que faz parte do dia a dia das pessoas em Juiz de Fora. “A ideia de criar esse museu de percurso era para valorizar o legado desse arquiteto, que contribuiu muito para a paisagem arquitetônica que temos hoje, mas também para tornar visível os pontos por onde muitas das vezes passamos todos os dias, mas que não enxergamos com cuidado.”
Por isso, a ideia foi se aprofundar nos trabalhos de Raphael Arcuri e entender como essa obra se relacionava com a construção da história de Juiz de Fora. “Quando passeamos pelo Centro da cidade, vemos uma série de edifícios que chamam a nossa atenção, como o Cine-Theatro Central e a Prefeitura, e que foram construídos pelo Raphael Arcuri, mas que a gente não sabe. Eu espero que as pessoas percebam que essa história se mistura com a nossa história como juiz-foranos”, explica, sobre o arquiteto ítalo-brasileiro responsável por muitas obras importantes da cidade no século 20.
Essa história inclusive se relaciona muito com a própria trajetória de Letícia, já que ela buscou a Arquitetura justamente pelo encanto com as obras desse profissional, e viu que era um caminho que gostaria de seguir. “A arte sempre foi algo muito importante e muito frequente na minha vida. Frequentar o Centro da cidade fez parte da minha infância primária, então esse cenário traz uma memória muito afetiva pra mim. Sem saber, eu já gostava dos prédios do Raphael Arcuri.” As memórias afetivas que a guiaram, agora, ela espera que também funcionem para outras pessoas criarem suas memórias.
Uma ajudinha da IA
Por isso, ela elaborou o projeto que começa com o mapa, que traz informações básicas de localização de cada uma das edificações, com data de construção, endereço e o nome de cada uma. Já no verso do mapa, existe um QR code que leva para uma inteligência artificial treinada para reconhecer imagens das fachadas do prédio do Raphael Arcuri. “Lá, é possível enviar imagens tiradas na hora ou da galeria, e a IA dá o máximo de informações possíveis sobre esses prédios. É uma forma de dar contexto para a gente entender a importância daqueles edifícios”, explica.
A extensão foi feita dentro do Chat GPT, uma das plataformas de IA mais utilizadas atualmente, e que por isso tem acesso facilitado entre a população. “Inicialmente, a ideia era instalar placas em cada edificação, mas a maioria desses prédios é tombado, e a intervenção visual seria muito complicada. A IA foi um substituto que trouxe mais interatividade para os usuários”, diz. Esses mapas estão disponibilizados na Funalfa, Residência Íris Vilella, Loja LeRô, Casa D’Italia, Cine-Theatro Central, Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), Fórum da Cultura, Atena Bookstore, Autoria, Memorial da República Presidente Itamar Franco e Traine Centro Profissional.
Confira o mapa do Museu de Percurso Raphael Arcuri
Palestra e passeio guiado
Para a inauguração do projeto, também será feita uma palestra de lançamento nesta sexta-feira (6), com a presença da idealizadora, que irá explicar mais sobre a criação do projeto e um passeio guiado pelas fachadas das edificações no sábado (7), guiado também por ela e pelo guia turístico Inácio Botto. Nesse evento, o objetivo será passar em 12 das 14 fachadas — as que são mais acessíveis e fáceis de ir a pé. Sem entrar nos espaços, Letícia explica que a intenção será justamente exercitar o olhar para as edificações históricas. A saída será às 9h, em frente ao Paço Municipal, no Parque Halfeld, e os ingressos para o passeio guiado serão vendidos antecipadamente pela plataforma Sympla com vagas limitadas.