O Grupo Divulgação estreia nesta quarta-feira (4), às 20h, o espetáculo “O golpe”, no Fórum da Cultura da Universidade de Juiz de Fora (UFJF). Nele, Edy Marie é uma senhora de posses que, de repente, se vê apenas com dois sobrinhos como herdeiros – e com interesses em apressar o mais rápido possível o ganho de seus bens. Quem, afinal, são realmente as vítimas e os golpistas desta história é justamente o suspense que a peça traz, também prometendo risadas e reflexões sobre os tempos modernos. O texto da produção é escrito por José Luiz Ribeiro e também conta com a sua direção, justamente no momento em que ele completa 60 anos de carreira no teatro. A temporada segue com apresentações de quarta a sábado, no mesmo horário, até o dia 18 de novembro.
Para Ribeiro, o que motivou a peça foi justamente refletir sobre o momento atual, em que “o amor familiar desaparece diante do dinheiro”. Em sua visão, as pessoas, principalmente as de terceira idade, estão precisando lidar com um novo tempo de individualismo exacerbado, em que a juventude está sem princípios. “Isso inclusive piorou depois da pandemia de Covid-19 quando as pessoas ficaram muito plugadas nas redes sociais e ficaram muito desconectadas uma das outras. A gente vê histórias cada vez mais chocantes de pessoas se aproveitando dos mais velhos. Essa peça mostra, então, a luta por sobrevivência de uma senhora de posses, mas que de repente se vê só tendo como herdeiros dois sobrinhos”, conta.
Mesmo com a garantia de que receberiam a herança, esses dois indivíduos iniciam um embate para conseguir adiantar esse patrimônio. “A ganância faz com que eles queiram uma rapidez para meter a mão no dinheiro dela”, explica. Toda a peça funciona como um suspense, com uma grande revelação guardada para o final, que é conduzida através de uma cenografia que traz luzes que funcionam como cortes cinematográficos. A peça está sendo feita com cinco atores experientes e antigos no grupo, como ele explica, que trabalharam intensamente para conseguir um bom resultado. “Fizemos em um mês, trabalhando todos os dias durante umas três horas, e achamos que vamos conseguir um resultado muito bom. Mas isso depende, é claro, do público também”, conta. No final de novembro, ele já tem outra peça marcada, a “Shake Shake Shakespeare”, feita pelo grupo adolescente do Divulgação.
Diretor é convidado a integrar Academia Brasileira de Cultura
Completar 60 anos na área que amou durante toda a vida é uma conquista que José Luiz Ribeiro sempre se orgulha. “Cheguei lá. Foram 300 direções aqui no Divulgação, no Rio, em Belo Horizonte. E mais quase 140 textos escritos e encenados em diferentes locais do país”, relembra. Além de todos os trabalhos realizados, como marco dessa conquista, na mesma semana de estreia da peça, ele também foi convidado a integrar a Academia Brasileira de Cultura, na cadeira 53.
Para ele, receber tal honraria foi algo inexplicável: “Eu levei um susto imenso quando fiquei sabendo. Quando me contaram, eu respondi, ‘Pelo amor de Deus, nisso aí só tem cachorro grande'”, conta. A resposta que Ribeiro recebeu, então, é que fazer teatro durante tanto tempo em uma cidade que não é um polo natural de cultura, como por exemplo Rio de Janeiro e São Paulo, é uma verdadeira conquista. Com a cadeira, ele conta que pretende “principalmente aprender” com seus colegas, poder escutar e, então, contribuir com o que aprendeu ao longo dos anos.