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Adrenalina e fascínio: juiz-forana registra erupção de vulcão na Islândia

Vulcao Sabrina Chinellato
Vulcão Litli Hrútur, registrado pela fotógrafa documental Sabrina Chinellato (Fotos: Sabrina Chinellato)
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Sabrina Chinellato, de Juiz de Fora, já havia vivido muitas das experiências que rodar o mundo inteiro, dentro de um carro, proporciona. Ela e Henrique Fonseca, em 2016, decidiram ir em direção ao infinito. Foram 60 países visitados, durante 3 anos e meio. Parte do que viram deu origem a três livros de fotografia. Eles, para além de visitar esses lugares, tinham como objetivo documentar cada detalhe do que viam por onde passavam. Mas foi sozinha, no último mês, na Islândia, que Sabrina viveu uma das experiências mais inesquecíveis: fotografar o nascimento de um vulcão, o Litli Hrútur. Ela é considerada uma das primeiras pessoas do mundo a conhecer o vulcão – e registrou tudo.

Depois de viajar pelo mundo, conhecendo, especialmente, cada canto e cada cultura, Sabrina e Henrique decidiram criar a Terra Adentro Expedições: uma agência de viagens com foco na Islândia, o lugar pelo qual a dupla se apaixonou. “Tem uma frase do filme ‘Na natureza selvagem’ que explica essa necessidade que a gente sentiu de compartilhar a experiência que a gente teve com outras pessoas, que é ‘A felicidade só é real quando é compartilhada’.” Eles são especialistas em Aurora Boreal e guiam expedições com brasileiros pelo país famoso pelo fenômeno. Apesar de serem como nômades, sem uma casa fixa, eles ficam a maior parte do tempo na Islândia, e consideram lá a segunda casa.

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Como a Aurora Boreal é somente vista no inverno, nesta época do ano em que faz calor no hemisfério norte, Sabrina não estava lá. Ela estava, na verdade, na Itália quando soube que a Islândia hospedaria mais um fenômeno da natureza: o nascimento de um vulcão. “Como esse fenômeno é tão importante, na mesma hora eu comecei a acompanhar as notícias, a liberação da área para visitação e já comprei minha passagem, para visitar o vulcão, para documentar, porque estava acontecendo no quintal da minha casa, e eu precisava ir conferir e documentar e viver esse momento tão especial que é presenciar o fenômeno do vulcão nascendo, que é o mais novo.”

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O Litli Hrútur fica localizado na península de Reykjanes, a 30 km da capital da Islândia. Ela entrou em erupção em 10 de julho, depois de uma série de pequenos terremotos que foram registrados na região. O lugar, apesar de ser ativo tectonicamente, teve anos de dormência. A primeira erupção, depois desse tempo, foi registrada em 2021, depois em 2022, quando ficou cerca de quatro semanas em atividades, e, agora, em 2023. “O nascimento do Lili Hrútur marca como uma nova era. Os cientistas esperam que essa região o vai ser vulcanicamente mais ativa daqui para frente, por conta dessa sequência de erupções que aconteceram”, comenta Sabrina.

Toda a organização da viagem, para Sabrina, foi desafiadora. “Eu fui sozinha, foi tudo de última hora. A incerteza se continuaria a erupção, se estaria aberto, porque podia interromper.” Mas, agora, tempos depois, ela afirma: “Desafiador e especial ao mesmo tempo”. “Chegar lá, apesar da ansiedade e tudo, foi marcante demais para mim. Um dos momentos mais importantes para mim como profissional, de poder fotografar esse recorte do nascimento do vulcão. É uma adrenalina muito grande. É a primeira vez que eu me aproximei do vulcão.” Ela conta que, até para chegar perto do vulcão, tem um percurso de 10 km que precisa ser feito. “É surreal quando chega lá. Você não acredita que está perto vendo aquilo.”

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Ela fez o percurso duas vezes: “Um percurso que eu consegui chegar bem perto da lava, senti o calor da lava fresca, que escorreu do vulcão nos primeiros dias da erupção; e outro que consegui subir em uma montanha próxima e vê-lo de cima, quando eu me aproximei ainda mais, consegui ouvir o som das explosões dentro da cratera”. Para além da vista, ela precisava documentar tudo isso. Sabrina, além da câmera, levou o drone, para fazer imagens aéreas. “Tem essa adrenalina de fazer a melhor foto, de documentar aquilo. É uma experiência mágica, intensa, de dar frio na barriga.”

Sabrina Chinellato é fotógrafa documental e guia especializada em Aurora Boreal

Olhar pela fotografia

Fotografando aquele momento, Sabrina eternizou o agora, para o depois. “Uma das coisas que também me fascina na fotografia documental é registrar um período de tempo que muda. Tudo no mundo muda. Tudo passa, está em constante transformação, mesmo uma pedra, com centenas de anos, ela se transforma. Então, o meu papel como fotógrafa é fazer também um recorte desse período de tempo, desse nascimento desse vulcão, um tempo que nunca mais vai voltar. Então, acho isso muito fascinante e até por isso foi um dos motivos que me motivou a ir.”

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A própria ideia de viajar o mundo fotografando muda toda a perspectiva das experiências nos diferentes lugares. “Viajar dessa forma motiva a explorar além do turismo. Você mudar a perspectiva do seu olhar, ficar mais tempo, olhar o pôr do sol, ficar mais para fotografar, dar o seu melhor. Explorar mais. Isso que a fotografia muda: a minha forma de viajar. Muda a perspectiva não só do meu olhar, mas da minha perspectiva do mundo.” E é tendo isso como base que Sabrina guia as expedições pela Islândia, fazendo com que as visitas sejam mais imersivas. “Mesmo quem não fotografa, a gente convida a ter esse olhar, de explorar, ver o mundo de uma forma diferente do turista, tentar entrar mesmo em uma conexão com aquele lugar, com as pessoas que moram ali no lugar diferente, para você tentar viver o lugar de uma forma mais autêntica.”

Essa ideia de viajar a vida toda pelo mundo é tentadora: como se fosse a vida perfeita. Mas há, claro, os percalços da vida sem rotina, sem ponto fixo. Sabrina revela que ela e Henrique passaram por esses desafios. “Eu sempre disse que a fotografia documental foi o grande motivador para eu continuar.” E ela segue buscando, exatamente, documentar esses fenômenos fantásticos. Unindo suas paixões pelos lugares e suas culturas, pela fotografia que eterniza os momentos e pela natureza que não cansa de a surpreender.

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