“Homem-Formiga e a Vespa”, a nova produção da Marvel que estreia nesta quinta-feira (5) – com pré-estreia na quarta (4) -, chega aos cinemas com um desafio que pode ser considerado cruel covardia: ser o primeiro longa do Universo Cinematográfico (MCU) do estúdio após os eventos dramáticos, trágicos e devastadores de “Vingadores: Guerra Infinita”, que deixaram chocados milhões de fãs pelo mundo – e a Disney, dona da Marvel, com uma bilheteria mundial superior a US$ 2 bilhões. Sem contar que tivemos em fevereiro “Pantera Negra”, com uma temática diferente até então para o gênero e que ultrapassou a marca do bilhão de dólares.
No universo nerd e da cultura pop, todo mundo quer saber como a Marvel vai lidar com as consequências dos atos do vilão Thanos, e sobrou justamente para o diminuto herói – agora acompanhado pela Vespa – a responsabilidade de encarar um público ávido por respostas. O caso, porém, é que o Homem-Formiga nunca foi dos personagens mais populares e poderosos da Marvel, mesmo fazendo parte da primeira onda de personagens criados por Stan Lee, em 1962, e ser um dos Vingadores originais nos quadrinhos. E o seu primeiro filme, em 2015, foi um sucesso de desempenho satisfatório (US$ 519 milhões), mas era uma história de origem leve, engraçada, nada a ver com o tom sombrio que tomou o MCU desde que Thanos fez o que fez com o universo.
Mas a Marvel não chegou até este ponto sem saber o que faz. “Homem-Formiga e a Vespa” é o 20º filme desse universo interligado, e, assim como os outros, consegue ter sua história independente mas com as devidas conexões com tudo o que já se passou e ainda irá acontecer. E, neste ponto, a trama do longa deixa muitos pontos de ligação com “Guerra Infinita”, fundamentais para “Vingadores 4”, que estreia em maio de 2019. Pouco menos de três meses depois de “Capitã Marvel”, produção que deve dar uma noção ainda mais clara do que virá.
Sob os efeitos de ‘Capitão América: Guerra Civil’
Antes de esmiuçar a trama, vale lembrar que o filme tem os retornos do diretor Peyton Reed e dos astros principais: Paul Rudd (Scott Lang/Homem-Formiga), Evangeline Lilly (Hope Van Dyne, que assume o traje da Vespa), Michael Douglas (Hank Pym/Homem-Formiga original) e Michael Peña (Luis). Como novidades, as presenças de Michelle Pfeiffer (Jane Van Dyne/Vespa original), Laurence Fishburne (Bill Foster, identidade secreta nas HQs do herói Golias), Hannah John-Kamen (a vilã Fantasma) e Walter Goggins (o criminoso Sonny Burch).
“Homem-Formiga e a Vespa” tem sua história própria, mas que desde o início vai deixar os fãs ligados em cada cena ou frase para descobrirem alguma pista para as ações pós-“Guerra Infinita”. Ela se passa antes da ameaça de Thanos e é influenciada pelos eventos de “Capitão América: Guerra Civil” (2016): por ter desrespeitado a condicional ao aliar-se ao grupo do Capitão América, contrário aos Tratados de Sokovia, Scott Lang (Rudd) cumpre prisão domiciliar e está preocupado em com suas obrigações tanto como super-herói quanto como pai, em sua relação com a filha Cassie (Abby Rider Forston).
Apesar de não poder colocar os pés fora de casa, ele é procurado por Hank Pym (Douglas) e Hope Van Dyne (Lilly), que acreditam ter encontrado uma forma de resgatar sua esposa e mãe, Janet (Pfeiffer), do Reino Quântico, uma espécie de limbo da física onde as leis do espaço e tempo são diferentes e onde ela está presa há quase 30 anos – e lugar do qual Scott conseguiu escapar em “Homem-Formiga”. É por conta disso, entre outros fatores, que se diz que a Marvel não dá ponto sem nó: ao apresentar o Reino Quântico em 2015 e tê-lo como elemento fundamental do novo longa, o estúdio pode estar preparando o terreno para reverter o desfecho de “Vingadores: Guerra Infinita” – em algumas das teorias já apresentadas, o Reino Quântico permitiria aos heróis sobreviventes viajar no tempo e antecipar as ações de Thanos. Claro que Lang, Pym e Van Dyne ainda não sabem do genocídio provocado pelo Titã Louco, mas não seria surpresa que eles descubram isso ao final da aventura ou em uma das cenas pós-créditos.
Outras ameaças
Mas “Homem-Formiga e a Vespa” não se resume à busca por Janet Van Dyne. Contrabandistas liderados pelo criminoso Sonny Burch (Goggins) estão interessados em roubar a tecnologia de encolhimento/crescimento desenvolvida por Hank Pym e não medirão esforços para conseguir isso. Ao mesmo tempo, os heróis também terão que lidar com a ameaça da vilã Fantasma (John-Kamen), que tem a capacidade de atravessar pessoas e objetos e deseja obter as Partículas Pym por motivos não tão desonestos.
A nova produção da Marvel é promessa de termos alguns dos elementos que já se tornaram clássicos do MCU: história bem amarrada, efeitos especiais de primeira, personagens carismáticos, uma vilã quase genérica, humor, mas com personalidade própria em uma aventura leve e despretensiosa. Mas, principalmente, interligada ao universo criado pelo estúdio e que, ao mesmo tempo, sofre as consequências de eventos passados e tem influência no que vai acontecer. Aqueles ainda impactados por “Vingadores: Guerra Infinita” não terão as respostas que desejam, mas a chance de se decepcionar devem ser pequenas.
Homem-Formiga e a Vespa
UCI 3 (3D/dub): meia-noite (qua). UCI 4 (3D/leg): meia-noite (qua).
Classificação: 12 anos