O carioca da Tijuca Erasmo Esteves, mais conhecido como Erasmo Carlos, completa 80 anos neste sábado (5). Dos reis do rock brasileiro, Erasmo já traça uma trajetória de mais de 50 na música, desde as gravações com o conjunto The Snakes. Cultivado no imaginário popular como “o parceiro de Roberto Carlos”, Erasmo é muito mais. Intérprete, compositor, multi-instrumentista, ator e até escritor. Ambos até começaram juntos na Jovem Guarda e assinam em parceria alguns dos maiores clássicos do repertório de Roberto, mas depois o Tremendão se estabeleceu como um dos nomes mais relevantes da música brasileira. A Tribuna enumera aqui seis músicas populares na voz de Erasmo Carlos, para uma homenagem em mais uma primavera completada.
“O Tremendão” (1967)
A música abre o terceiro álbum da carreira de Erasmo, disco homônimo à canção, aliás. Lançado em 1967 pela gravadora RGE, o álbum “O Tremendão” carrega a alcunha pela qual o intérprete é conhecido até hoje. O trabalho ainda filia Erasmo à Jovem Guarda. Em recente entrevista à Rádio Kiss FM, o cantor afirmou que “o Tremendão teve a sua época e se justificava. Funcionava naquela coisa de ‘machismo inocente’ da Jovem Guarda, se é que existe ‘machismo inocente'”. “O Tremendão” entrega de cara o espírito playboy à época: “Ponho o meu chapéu/E saio por aí/Entro no meu carro/Que é para me exibir/Acerto o meu colete/Penteio o cabelão/E compro uma briga só por causa de esbarrão”. Ainda que exímio compositor, Erasmo não assina a canção. A música é uma composição de Marcos Roberto e Dori Edson.
“Sentado à beira do caminho” (1970)
Há quem diga que “Sentado à beira do caminho” seja a deflagração da “fase adulta” da carreira de Erasmo Carlos. A Jovem Guarda ficaria então para trás a partir do álbum “Erasmo Carlos e os Tremendões”, também gravado pela RGE. Como o próprio nome denuncia, “Sentado à beira do caminho” é por si só melancólica, um tanto quanto resignada, ainda que dê indícios de uma mudança. “Preciso acabar logo com isso/Preciso lembrar que eu existo/Que eu existo/Que eu existo.” Qualquer um poderia pegar uma estrada por cinco horas na direção de um Chevrolet Chevette com essa no rádio. A letra e a melodia são de Erasmo em parceria com Roberto Carlos, claro.
“De noite na cama” (1971)
“De noite na cama” vem justamente na esteira da fase adulta de Erasmo Carlos. A música foi lançada no álbum “Carlos, Erasmo” em 1971, já pela gravadora Phillips, atual Universal Music. Ao que parece, há um consenso de que o trabalho é a “magnum opus” de Erasmo, pois ainda reúne sucessos como “Gente aberta”, “É preciso dar um jeito, meu amigo”, “Maria Joana” etc. “De noite na cama” é um samba-rock-soul assinado por Caetano Veloso e composta durante os anos do baiano no exílio em Londres. O próprio Caetano já gravou o som, assim como Wilson Simonal.
“26 anos de vida normal” (1971)
“Carlos, Erasmo” ainda traz “26 anos de vida normal”, a 12ª faixa do LP. A composição é dos irmãos Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Uma canção essencialmente anticapitalista interpretada por Erasmo. “Civilização ocidente, atenção/Vou voltar a vida à margem da cruz/Quero o meu nome ler no edital/26 anos foi marginal/26 anos foi marginal.”
“Grilos” (1972)
A música “Grilos” está no álbum “Sonhos e memórias”, lançado em 1972 pelo selo Polydor na gravadora Phonogram. Todas as 12 músicas do álbum são assinadas em parceria entre Erasmo e Roberto Carlos. “Grilos”, assim como “Sorriso dela”, “Sábado morto” e “Meu mar” são referências à vida familiar de Erasmo com a companheira Sandra Sayonara Esteves, a Narinha. Uma vida que mesclava a paz hippie e os altos e baixos de uma relação a dois. “Aí, então, você vai se convencer/ Que se o mundo pesa, não vai ser de reza/Que você vai viver/Descanse um pouco e amanheça aqui comigo.”
“Mais um na multidão” (2001)
“Mais um na multidão” é um dos sucessos mais recentes de Erasmo. A canção foi lançada em 2001, no álbum “Pra falar de amor”, pela Abril Music. A música é assinada por Erasmo em parceria com Marisa Monte, que faz com ele o dueto, e Carlinhos Brown – faltou apenas Arnaldo Antunes, convenhamos. Justiça seja feita, a letra faz jus à obra de Erasmo.