Rock e solidariedade voltam a se encontrar nos palcos da cidade. Comemorando 11 anos de atividade e com mais de 250 bandas participantes, o festival JF Rock City chega a sua 14ª edição nesta quarta-feira (5), no Bar da Fábrica, e prossegue até o próximo dia 13 com um total de 32 shows (recorde do evento) em quatro espaços diferentes, além de debates e cursos. Seguindo a tradição do festival, que desde 2018 passou a adotar o lema “Rock pela vida”, a entrada para as apresentações é um quilo de alimento não perecível ou ração para qualquer tipo de animal. O total arrecadado será distribuído para instituições de caridade e de lutas sociais e ONGs ligadas à proteção e cuidado dos animais.
Ao contrário de edições mais recentes, concentradas em apenas um local, o JF Rock City volta aos moldes de seus primórdios, com apresentações pulverizadas no Bar da Fábrica, Cultural, Danke Club e estacionamento do Shopping Jardim Norte. Também nada de medalhões como Sepultura, Dead Fish, Matanza ou Raimundos: apenas grupos locais foram escalados este ano. Os primeiros shows acontecem no Bar da Fábrica, nesta quarta-feira, às 19h, com Jack Smith, Contratempo, RAW e Conclave; na quinta-feira (6), às 20h, no Danke Club, é a vez de Coletivo WAV, Makaia, Soul Rueiro e Conde Alpino, banda escolhida por votação popular.
As primeiras atrações do final de semana se apresentam sexta-feira (7) no Cultural, a partir das 23h: Balli, Visco, Cravo, Legrand e Blizterin’ Sun, outro nome escolhido pelo público via internet. Os shows de sábado (8) e domingo (9) acontecem a partir das 13h no estacionamento do Shopping Jardim Norte. No primeiro dia, DeaL, Henrique Filho, Calango do Engenho (tributo a Led Zeppelin), Coroña (tributo ao Nirvana), Acoustic N’ Roll e Bad Apples (Guns N’ Roses cover). No segundo dia, Páprica (Pitty cover), 8Bits, Rhee Charles e Os Santos (Raul Seixas cover), Vivenci e Dê Monteiro (tributo ao Pearl Jam), Tuka’s Band e Black Bullets, da quase vizinha Valença (RJ), terceiro dos nomes escolhidos pelo público.
O encerramento do JF Rock City será no dia 13, novamente no Bar da Fábrica, a partir das 14h. Na ocasião, apresentam-se as bandas Sensorium, Obey!, Double Shot, Insannica, Hagbard, Outubro ou Nada (tributo ao Linkin Park) e Kyndra.
Sem imediatismos
Sobre a decisão de voltar ao formato original, um dos organizadores do JF Rock City, Luqui Di Falco, explica que tem a ver com o impacto que o formato de apenas um dia, com artistas grandes de fora, provocava no cenário, diminuindo o número de shows locais. “O artistas foram perdendo espaço e, consequentemente, poder de venda para esse tipo de público. E não falando só no sentido comercial, mas também de sucesso de público”, afirma.
“Ano passado tivemos 2.800 pessoas no show do Sepultura, mas acreditamos que se estivéssemos no ápice do movimento teríamos cinco mil pessoas. Esse formato oferece um retorno financeiro imediato, mas a longo prazo outros eventos foram perdendo força. Decidimos então voltar às raízes, e ano que vem podemos criar um novo festival, em apenas um dia, com bandas grandes, além do JF Rock City.”
Música para aprender e debater
Além dos shows, o festival volta a ter outras atividades, como workshops e debates, concentrados no GIG lab e sempre a partir das 18h. “No passado, promovíamos cursos para o grande público, como guitarra, mixagem e masterização, mas nesta edição decidimos mudar e nos concentrar em quem deseja se profissionalizar no meio musical, mas o público em geral pode participar. Criamos debates e cursos para fomentar discussões – principalmente com músicos – a fim de colocar nosso cenário no eixo, são basicamente cursos de gestão da parte artística”, explica Luqui.
Na segunda-feira (10) acontece o debate “Atualização e novas tendências da música e music business, além do workshop “Era do streaming”, com Luqui Di Falco. Na terça-feira (11) é a vez do debate com tema “Me transformando num produto e compreendendo meu lugar no cenário” e o workshop “Produção de evento”, com Dedé (Onze:20). O mesmo Dedé realiza na quarta-feira (12) o workshop “Direção de palco”, e haverá ainda o debate “Performance ao vivo e montagem de shows”.
Um recorde ‘do bem’
Desde quando o lema do evento ainda era “Rock contra o câncer”, o JF Rock City tem na filantropia um dos seus pilares, não se restringindo à música em si. Isso permitiu à Ascomcer, segundo a organização do evento, garantir o equivalente a nove meses de funcionamento com os alimentos arrecadados entre 2011 e 2017. A partir do ano passado, o festival passou a ajudar outras organizações.
No total, o JF Rock City já arrecadou mais de 18 toneladas, sendo que 2015 detém o recorde de doações, com 5,6 toneladas. Um dos objetivos deste ano é superar essa marca, alcançando um “recorde do bem”. “Em 2018 arrecadamos três toneladas de alimentos, que foram doados para a Ascomcer e a ONG SOS, que atua em creches com crianças e bairros em situação de risco em Juiz de Fora. Esse ano nossa meta é alta: queremos arrecadar sete toneladas e bater nosso recorde, principalmente pela possibilidade de ter o evento no Shopping (Jardim Norte), pois teremos espaço suficiente para arrecadar bastante.”