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Kênia Bárbara: conheça a história da atriz juiz-forana que está na novela ‘Amor perfeito’

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Kênia Bárbara participou pela primeira vez de um espetáculo na Casa D’Itália e, depois, integrou o Grupo Divulgação, onde realmente pôde se aprofundar mais (Foto: Paulo Belote/ Divulgação)
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Kênia Bárbara disse que queria ser atriz, pela primeira vez, por volta dos oito anos. Naquela época, nem sabia muito bem o que era ser atriz ou que aquilo pudesse ser uma profissão definitiva. Mas o desejo ficou e foi fazendo com que ela fosse atrás de cursos, formações e vários caminhos dentro do teatro, enfrentando inclusive a falta de espaço para que pudesse crescer nesse meio morando em Juiz de Fora. Durante a sua trajetória, participou das séries “3%”, da Netflix, e “Stella models”, do Canal Brasil, do filme “O juízo” e ainda de diversas outras peças. No momento, está na novela “Amor perfeito”, da TV Globo, que se passa em Minas Gerais durante as décadas de 30 e 40, e interpreta uma das vilãs da trama.

Quando percebeu que tinha essa veia artística, foi incentivada pelos pais a fazer aulas de balé, aprender a tocar instrumentos, ir para aulas de pintura, desenho e teatro. Esse incentivo fez toda a diferença para que, aos poucos, ela fosse encontrando aquilo de que mais gostava. “O teatro foi onde comecei, é a minha casa, é para onde sempre volto. O teatro é o ao vivo, o agora. E ele tem um tempo maior, porque precisava de uma preparação maior, com mais contato físico”, explica. Mesmo hoje, já tendo trabalhado em cinema, séries e novelas, sempre reconhece a importância que o teatro teve para que pudesse transitar entre todos esses meios. Em Juiz de Fora, participou pela primeira vez de um espetáculo na Casa D’Itália, e conforme cresceu integrou o Grupo Divulgação, onde realmente pôde se aprofundar mais.

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Kênia sempre valoriza a experiência que teve no grupo, que considera mesmo um grande laboratório de atuação. “Lá a gente participava de todo o processo artístico, desde a confecção dos figurinos até os ensaios. Então, foi importante ter essa noção maior de pertencimento, entendendo todo o processo. Esse contato com o Zé Luiz, em que ele falava com tanta paixão sobre o ofício, me dava uma emoção enorme”, lembra. Foi seguindo esse percurso e com a ajuda da mãe que ela também entrou para uma agência chamada Tops em Ação, e fez vários outros workshops na área de atuação. Mais tarde, se formou em Psicologia e continuou frequentando escolas de teatro fora da cidade.

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Kênia buscou ainda outras formações e, para mergulhar de vez na área, se mudou para o Rio de Janeiro. “Eu tinha necessidade de sair da cidade, e o custo é alto, as escolas de teatro são caras”, conta. Também enfrentou as dificuldades trazidas pela falta de espaço para grupos socialmente minoritários. Mas não se deixou abalar – quase sempre se lembra que, na infância, comparavam sua aparência com a da atriz Isabel Fillardis, que foi um grande exemplo de capacidade para se destacar, mesmo com todo preconceito. Com a novela em curso, onde inclusive contracena com ela, pôde se sentir tranquila sobre o caminho percorrido e comemorar com os próximos. “Minha família está super emocionada, bem orgulhosa. A gente tem expectativa de dar esse retorno, estou feliz e animada”, diz.

Interpretando uma vilã

Em “Amor perfeito”, novela das 18h, ela interpreta Lucília, que é prima de Orlando (Diogo Almeida), protagonista da novela. Quando questionada sobre o que se pode esperar da personagem e o que as duas têm em comum, ela ri: “Ela é meio mau caráter. Lucília tem uma paixão obsessiva pelo primo, e eu definitivamente nunca me apaixonei dessa maneira por alguém”, conta. Mas revela que, mesmo assim, enxerga que a personagem é objetiva e ambiciosa, características que também percebe em si, mas de uma forma diferente. Para ela, algo importante nessa novela é justamente trazer personagens negros ocupando diferentes facetas, assim como Lucília. “Gosto desses papéis complexos, que têm oscilações de sentimentos e emoções. É importante para humanizar esses corpos”, diz.

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Além disso, também diz que a personagem é uma mulher muito inteligente, apaixonada e que tem mesmo essa obsessão que a move de forma muito visceral. Essa experiência de interpretar uma vilã, até o momento, tem sido muito gostosa para ela: “A gente se distancia da nossa realidade, de como nos organizamos na vida, nos relacionamos com as pessoas. É um exercício maravilhoso”, conta. O verdadeiro desafio que percebe, para a construção da personagem é mesmo “fugir dos clichês de vilã”. Quer conseguir criar uma personagem que, mesmo com todos os defeitos, permaneça humana.

Espaço para mulheres como ela

Sua experiência mostra que, nos últimos anos, houve uma abertura maior para atrizes e atores pretos ocuparem protagonismo – inclusive em novelas na Globo. Ela chama a atenção para o fato de que, por exemplo, nos três horários de novelas atuais existam protagonistas pretos sendo interpretados por diferentes pessoas. Deixa claro, no entanto, que ainda é preciso haver “mais equidade e representatividade em protagonistas”. Outra dificuldade que enxerga nesse mercado no momento, no entanto, é a cobrança de atores e atrizes terem seguidores, como se isso pudesse ser um reflexo do talento e do estudo deles. “É uma dificuldade a mais, é uma realidade. Isso aconteceu comigo em uma produção que estava fazendo teste e disseram que gostaram de mim, mas que eu tinha poucos seguidores”, conta.

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Para ela, a questão não se resume a apenas ter ou não influenciadores ocupando esses espaços, mas a valorizar os estudos que são realizados para participar de produções. “A questão é que a gente estuda e trabalha, então esse espaço tem que ser ocupado por quem está ali a vida inteira. É bem decepcionante que alguém por um critério de visibilidade ocupe esse espaço que custa tanto para conquistar”, diz. Nesse sentido, também destaca que uma oportunidade, para essas pessoas, faz toda a diferença: “Tem muitas atrizes e atores extraordinários apenas esperando a oportunidade de mostrar seu magnífico trabalho. Tem que ter espaço para todo mundo”, diz.

 

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