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Juiz-forano quer levar as feiras livres do Brasil para exposição em Chicago

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Aos 22 anos, fotógrafo é novamente reconhecido pela crítica internacional e tenta finalmente estar na exposição norte-americana (Foto: Wagner Emerich)
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Quando vamos à feira, distraídos com sacolas, moedas e verduras, não percebemos as singularidades do espaço urbano tão presentes no cotidiano das pessoas. E, principalmente, não percebemos as personalidades por trás dos comerciantes que madrugam trazendo seus caixotes de alimentos e esperam não ter que levá-los cheios de volta para casa. Essas cenas tão comuns se tornaram singulares através das lentes do fotógrafo juiz-forano João Victor Medeiros. Aos 22 anos, o estudante de Jornalismo da UFJF foi convidado para expor na grande Chicago os registros de seu projeto autoral “Feira é livre”. Até o dia 17 de abril, o artista busca o apoio de quem puder contribuir financeiramente para que ele possa levar essa visão para fora das fronteiras brasileiras, na feira de arte “The other art fair”, que acontece no Mana Contemporary, entre os dias 16 e 19 de maio.

A oportunidade de participar da exposição veio através do incentivo da professora Renata Caetano, do Colégio João XXIII, considerada pelo artista sua mentora nas artes visuais. O projeto fotográfico foi tão bem recebido no meio internacional que os organizadores do evento o convidaram para participar da edição de 2018. Mas sem conseguir verba suficiente, João Vitor não pôde ir, e recebeu novamente o convite esse ano.

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O projeto “Feira é livre” nasceu por acaso, depois que o artista esteve em Salvador, em 2017. Sem pretensão, o fotógrafo registrou as cenas que observou na Feira de São Joaquim e, tempos depois, reviu o trabalho com outros olhos. “Quando comecei a fotografar os trabalhadores, eu não tinha conceito por trás do projeto, foi apenas por conhecer um ambiente muito rico. Mas quando peguei as fotos depois de um tempo, vi que elas tinham uma unidade que era a questão do trabalho, que foi o que mais me interessou. Puxando na memória, lembrei que meu pai já vendeu muito em feira e eu o acompanhava em Juiz de Fora. Ele trazia produtos paraguaios, e a renda que fazia foi essencial na minha educação e da minha irmã, junto com o trabalho da minha mãe”, conta.

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Viagem a Salvador inspirou estudante da UFJF a registrar seus primeiros cliques nas feiras brasileiras (Foto: João Victor Medeiros)

A questão do trabalho, somada à memória afetiva, levou João Victor a enxergar naquele espaço um significado diferente.

“É um espaço de resistência social e cultural de diversos trabalhadores do Brasil, e tento registrar isso como uma homenagem a quem vive toda essa correria para sustentar os filhos e a família. Se observar os personagens, eles estão em uma posição de nobreza. A foto do Moisés para mim transmite muito essa imagem, de realeza e ancestralidade”.

O artista parte de uma visão filosófica trabalhada por um fotógrafo do Rio de Janeiro, João Roberto Ripper, chamada “Bem querer”. A ideia é que seja criado um elo entre os observadores e os retratados, quebrando estereótipos e contado essas histórias de uma maneira diferente, mais digna. “Queremos contar outras histórias de quem é favelado, do morador de rua, do trabalhador do MST. Muitos costumam explorar essa imagem marginalizada, que reforça as mesmas visões que já se contam, como marginais, vagabundos e que estão aqui porque querem. Nós tentamos mostrar que, apesar da miséria que eles passam, eles sonham, se apaixonam, riem e amam.”

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Fotógrafo visa homenagear feirantes, como Moisés (na imagem), através de seus cliques (Foto: João Victor Medeiros)

Um salto na carreira

João Victor foi atraído para as artes visuais na adolescência, quando começou a se interessar pelo cinema, para além dos filmes mais conhecidos e de mercado. O cinema artístico levou o jovem a também querer criar a partir de imagens e começou a praticar, depois que teve contato com um coletivo de Hip-Hop de Juiz de Fora, o Encontro de MCs. Envolvido em estudar e trabalhar com a fotografia, ele conta que seu grande sonho é de se consolidar no cenário cinematográfico. Para ele, a participação em “The other art fair”, em Chicago, pode representar uma grande virada na sua carreira.

O evento, que acontece desde 2011 em diversas cidades pelo mundo, é focado em artistas emergentes, que ainda não estão no circuito de galerias e museus, e recebe a visita de curadores que buscam descobrir novos artistas. Até a última quarta-feira (3), o fotógrafo já havia arrecadado cerca de R$ 7 mil, pouco mais da metade do valor necessário para a participação na exposição. Quem tiver interesse em apoiar o projeto, pode fazer sua contribuição através do link.

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