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Monólogo ‘Calango deu!’ é retomado em curta temporada

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(Foto: Aline Mohamad/Divulgação)

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Financiada pela Lei Aldir Blanc, a encenação acontecerá na Casa das Romãs, uma “casa de verdade”, localizada na Estrada Velha da Tijuca, no Rio de Janeiro (Foto: Aline Mohamad/Divulgação)
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Dona Zaninha apareceu de supetão em transmissões ao vivo desde que a pandemia lhe afastara dos palcos. “Preparem o café, porque já vou passar o meu”, prometia, sutil e imperativa. Não há tempo ruim para passar um café, esteja a esperança ruindo entre os nossos dedos ou não. Pois Dona Zaninha, no bico do anu sem saber quando reencontrará o público, retoma, entre esta quinta (4) e o próximo domingo (7), às 20h, ao menos virtualmente e ao vivo, o monólogo “Calango deu!” em breve temporada. A montagem é dirigida por Isaac Bernat.

Há um ano, o monólogo idealizado, escrito e interpretado pela atriz juiz-forana Suzana Nascimento, 43 anos, está interrompido. O hiato, somado ao carinho de seguidores fiéis à personagem, lhe motivou a adaptar o texto para a transmissão virtual. “A Dona Zaninha existe para além do ‘Calango deu!’. Ela já existia antes, inclusive. A Dona Zaninha tem, por exemplo, um canal no YouTube e um perfil no Instagram. A personagem recebe muito carinho de seguidores espalhados por todo o Brasil. Pessoas de cidades por onde passei há cinco, seis anos ainda comentam que sentem saudades.”

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A curta temporada será viabilizada com recursos do edital “Retomada cultural”, lançado pelo Estado do Rio de Janeiro a partir de recursos da Lei Aldir Blanc, explica Suzana. “Eu já tinha a ideia de levar Dona Zaninha para uma casa de verdade, já que o cenário da peça simula uma casa. Quando surgiu o edital, pensei que seria a oportunidade de viabilizar a ideia.” A casa a que se refere Suzana é a Casa das Romãs, localizada na Estrada Velha da Tijuca, no Rio de Janeiro, imóvel tombado em 1967 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). “O casarão é a coisa mais linda. É uma casa cheia de história, não só pela própria casa, mas pelos objetos.”

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O monólogo será encenado de modo itinerante pelos cômodos do espaço, explica a atriz. Em busca de manter a “artesania do espetáculo”, apenas uma câmera acompanhará Suzana ao longo da peça. “Não vai haver uma mesa de edição, com uma pessoa cortando de uma câmera para outra, nada disso. Foi a forma que a gente achou que é mais próxima do espetáculo, que prima muito pelo artesanal. Há, por exemplo, pouquíssima gente envolvida, porque o monólogo, por natureza, já é muito simples em termos técnicos.” Não haverá público na Casa das Romãs.

A peça é, sim, interativa por natureza, admite Suzana, mas ela acredita que a essência do espetáculo, que é a criação de um imaginário construído justamente com a plateia, não se perderá. “A formação de imaginário que o espetáculo propõe ultrapassa os limites da fisicalidade. A Dona Zaninha continua provocando, instigando muito o público, mas, desta vez, ele não vai estar a poucos metros. Não vou poder chamar a plateia para tomar um café comigo, que era uma das cenas.” Entretanto, como o “Calango deu!” será transmitido pelo YouTube, Dona Zaninha deve receber respostas no chat da transmissão, acrescenta Suzana.

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Luto
Há oito anos na estrada, o monólogo será encenado por Suzana pela primeira vez sem o pai por perto. Ela perdeu Zé Mesquita há mais ou menos um ano. “Quando estávamos planejando a peça, tanto Isaac quanto eu pensamos em uma frase que, de alguma maneira, deveria entrar no espetáculo. Quando lhe disse aquela que estava pensando, ele se assustou, porque era a mesma que tinha pensado: ‘Quando um velho morre, uma biblioteca se incendeia.’ Então, a retomada de ‘O calango deu!’ é uma homenagem ao Seu Zé Mesquita. O meu sonho era botar o espetáculo de pé para ele ver, e eu consegui.”

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