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Com foto, sem festa

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Trabalho em light painting de Renan Cepeda

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Reconhecido internacionalmente, Renan Cepeda ministra oficina de “light painting” no JF Foto 16. Inscrições terminam nesta sexta, 5.

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Para nove exposições individuais e sete coletivas, mais de 150 fotógrafos precisaram trabalhar. Observaram a cena, estudaram a luz, projetaram um discurso e clicaram. Não exatamente nesta ordem. Para nove exposições individuais e sete coletivas, um vernissage em comum seria uma boa oportunidade para que todos, ou parte deles, se encontrassem e trocassem figurinhas. Assim foi feito nas últimas edições do festival fotográfico JF Foto, realizado pela Funalfa. Mas assim não será feito este ano. Por indicação do Corpo de Bombeiros, o Centro Cultural Bernardo Mascarenhas não pode receber mais que cem espectadores simultaneamente para suas exposições. O teatro, por sua vez, não pode superar a lotação de 80 pessoas. O segundo andar, num golpe mais radical, não deve ser utilizado.

Dessa forma, o evento fotográfico, já tradicional no mês de agosto – quando é celebrado o Dia Mundial da Fotografia, no dia 19 -, acaba por ser penalizado. Contudo, segundo a organização, não se deixará fragilizar quando, no próximo dia 12, entrar em cartaz. “Não deixamos de fazer nada. O prêmio e o edital nacional aconteceram. Houve o prejuízo de termos que buscar orçamentos menores, com uma verba inferior em relação aos outros anos, mas estamos entregando um evento com a mesma qualidade dos anos anteriores”, garante Eridan Leão, coordenadora do projeto ao lado de Fernanda Lauro.

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De acordo com o superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, a situação do prédio cultural na Avenida Getúlio Vargas – que cancelou, parcialmente, desde o início de julho sua programação -, enfrentará limitações por mais algum tempo. Há 11 anos, a edificação aguarda a conclusão de um plano de incêndio e pânico, que deve contemplar todo o complexo, incluindo biblioteca, mercado, centro cultural e salas. De 2012 até este ano, foram realizadas nove licitações, e há menos de um mês uma empresa deu início aos trabalhos.

“E não depende só da entrega do plano, mas da execução de obras que precisam ser feitas no prédio”, pontua Toninho, que há meses negocia o uso do espaço. Conforme informações da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, a Funalfa tem até o dia 31 de dezembro para providenciar o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), previsto por lei desde 2001. Confirmando que o processo caminha para a regularização, a corporação diz aguardar que, ainda esta semana, o responsável técnico pelo prédio se encaminhe até o batalhão para verificar as últimas pendências.

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Afirmando não ter identificado riscos iminentes, que configurariam uma interdição, o Corpo de Bombeiros diz compreender a demora na conclusão do documento que permite o amplo funcionamento, por se tratar de prédio antigo e público, mas confirma a sugestão de limitação do acesso. A maior galeria do local, portanto, permanecerá vazia. Diferente de todas as 13 mostras do festival que ocuparão o térreo da antiga fábrica de tecidos transformada em centro cultural, as três individuais vencedoras do Edital Nacional de Fotografia do JF Foto 16 serão alocadas em outro endereço, ainda estudado pela Funalfa, há menos de dez dias da abertura do evento.

 

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Reconhecido internacionalmente, Renan Cepeda ministra oficina de “light painting” no JF Foto 16. Inscrições terminam nesta sexta, 5.

 

A arte de escrever no papel negro

Como se não bastasse a restrição de acesso do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, a verba para o JF Foto 16 também sofreu redução. Com isso, o catálogo do festival, até então impresso, será apenas em formato virtual, e as cinco oficinas promovidas apresentam, pela primeira vez, uma taxa de inscrição, que varia de R$ 144 a R$ 400. “Os recursos não foram tão grandes, então, para não deixar de fazer as oficinas, convidamos os fotógrafos para ministrar nessas condições. A ideia é não deixar de trazer o conhecimento para os fotógrafos amadores e profissionais”, justifica Eridan Leão, destacando a prorrogação das inscrições, que terminam nesta sexta, 5.

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Ainda que exija o mais alto investimento, a oficina com o fotógrafo e artista Renan Cepeda demonstra uma perseguição à qualidade. Reconhecido internacionalmente, o carioca formado em mecânica e acolhido pelo fotojornalismo, com passagens pelo “Jornal do Brasil” e por outros grandes veículos do país e do exterior, ministra a oficina de “Light painting”, a técnica pela qual é consagrado, tendo sido indicado ao Prêmio Pipa, um dos maiores das artes visuais nacionais, em 2012.

Fundador do Ateliê Oriente, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, Cepeda é um pesquisador que domina a luz e faz dela seu pincel. “No caso do light painting são grandes exposições que faço à noite, fotografando árvores, casas, paisagens. Uso a luz como tinta. Posso fazer as fotos de várias formas. É a minha mão, então há uma intervenção pessoal. Parto do escuro. Do papel em negro, digamos assim”, explica o fotógrafo, em vídeo para o Pipa, dizendo de suas imagens esteticamente impecáveis. “Me limito à alquimia da fotografia. Trabalho com filmes, e os efeitos são todos com luz, no ato, sem nenhuma manipulação posterior”, adianta.

Além da oficina de Cepeda, outras quatro propostas estão à disposição do JF Foto 16: “Miksang – A arte da fotografia contemplativa”, de Flávio Motta; “Uma luz, um sentimento II”, de Sérgio Neumann; “A composição fotográfica básica”, de Aelson Amaral; e “HDR com impressão fine art”, ministrada por José Roberto Pedroza e Danilo Moscon. Todas as oficinas acontecerão no Anfiteatro João Carriço, na mesma Rua Halfeld que sediará, já no dia 12, três intervenções do festival, uma delas num formato de jogo de latas, que ofertará ao espectador que acertar uma bola numa lata, a foto que estiver dentro da lata.

Thiago Oliveira lança o livro de fotografias “Metoro Kudràdjà – a estética ritual Mebêngôkre-Kayapó”, com registros de aldeia no Sul do Pará

Coletiva mesmo

Outro espaço a receber atividades do JF Foto 16 é a Praça CEU da Zona Norte, que servirá de sede da mostra “Impressões urbanas”, que discute a condição da população em situação de rua. Com elencos diversificados em estilos e formações, as exposições coletivas, mais uma vez, dão pistas das escolhas feitas pela fotografia contemporânea. “Ritos e rituais”, por exemplo, resulta num pretenso mapeamento que partiu de 1,8 mil fotografias inscritas por 424 de 24 estados brasileiros, para chegar a 61 obras selecionadas. Além das mostras individuais contempladas pelo V Prêmio Funalfa de Fotografia, de Rafael Aguiar, da professora do Instituto de Artes e Design da UFJF Letícia Bertagna e dos já contemplados no último ano Paula Duarte e Sérgio Neumann, o evento também apresenta trabalhos inéditos de Nina Mello e Valéria Faria. Durante o mês em que as centenas de fotografias estiverem expostas em Juiz de Fora, três livros serão lançados – assinados pelo professor e diretor do Instituto de Artes e Design Ricardo Cristofaro, e pelos pesquisadores Nina Zamagno e Thiago Oliveira -, ainda sem data definida.

Nina Mello apresenta a série inédita “Pano de fundo” em individual sobre lojas de tecidos de Juiz de Fora (Fotos Reprodução)
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